Onde Está Você - Entrelinhas #02 - Tammara Webber

Em seu último trabalho, Emma Pierce gravou um longa-metragem com o astro jovem mais desejado do momento, Reid Alexander. Eles fizeram uma adaptação moderna da tão famosa e querida história de Jane Austen, “Orgulho e Preconceito”, como o casal principal. As faíscas foram imediatas, só que Reid era tudo aquilo que a fama dizia, e acabou decepcionando nossa mocinha, que estava começando a sentir fortes emoções por outro colega de elenco, Graham Douglas. Mas este possui um grande segredo que poderia mudar tudo.
Quando ela, enfim, decide com quem ficar, as coisas não poderiam ficar mais complicadas. Brooke Cameron, outra atriz que estava no elenco do filme e que sempre teve uma fama ruim, percebe que gosta de verdade de um dos rapazes, que é um grande amigo seu, e decide que deveriam ficar juntos, já que ela é a mulher certa para ele. Só que agora ele parece só ter olhos para Emma, e ela resolve que isto não pode ficar assim e decide separar o casal.
Para isso, com a ajuda do outro rapaz, ela bola estratégias e planos elaborados para parecer a amiga boazinha, enquanto faz com que ciúmes venham à tona e desentendimentos desnecessários também. E tudo parece estar seguindo como o planejado. Mas Brooke não tinha  percebido antes que talvez o amor seja um sentimento forte demais que não pode ser barrado, e ela esteja colocando muitas expectativas – e todas as suas fichas – nisso. Será que a aposta vai dar certo ou ela arriscou demais e vai perder tudo?
Na sinopse acima, não coloquei nenhum tipo de spoiler, mas quem leu o primeiro volume já sabe com quem Emma decide ficar. E, mais abaixo nesta resenha, eu comento sobre o assunto. Não que eu realmente considere isto um spoiler, porque este tipo de informação acaba sendo meio óbvia, mas prefiro comentar aqui para não estragar possíveis surpresas de alguém. Só também peço para que não leiam a sinopse oficial, porque ela é bem reveladora.
Preciso confessar que, depois de ter lido os dois livros desta série, não posso afirmar que sou a maior entusiasta da mesma, afinal achei ambos medianos. Não amei, mas também não odiei algo neles, mas pretendo, sim, continuar acompanhando estes personagens nos últimos dois volumes.
Este livro começa logo no ponto em que o anterior termina, e isso é ótimo porque, quando terminei aquela leitura, fiquei desejando que tivesse mais páginas para saber exatamente o que aconteceria a seguir. E, com este exemplar, eu soube. E adorei.
Além do mais, a gente pode acompanhar os bastidores de divulgação do filme, “Orgulho Estudantil”, que eles gravaram no livro anterior, então os personagens enfrentam entrevistas, premières, e muito mais. E eu ficava desejando que este filme existisse de verdade porque eu realmente gostaria de assisti-lo.
Neste exemplar podemos acompanhar a trama sob quatro pontos de vista, afinal os capítulos são intercalados por partes narradas por Emma, Graham, Reid e Brooke, e eu gosto muito desta dinâmica, porque podemos entender todas as mentes ao mesmo tempo, assim como temos uma visão muito mais ampla dos acontecimentos, e ainda temos o prazer de conhecer cada personagem mais a fundo, inclusive por conta de trechos dos passados deles.  
A maior parte do tempo eu gostei do Graham, mas me incomoda profundamente esta sua “cegueira” para o que Brooke pretendia o livro todo. Esse tipo de personagem me incomoda porque sabe que tem mais do que boas intenções por trás de alguma pessoa, mas prefere não enxergar isso até quase ser tarde demais, mesmo que muitas outras estejam tentando abrir seus olhos o tempo inteiro. Porém, a única personagem que gostei de verdade foi a Emma. Seu crescimento de “Entrelinhas” para cá é evidente e ela deixa de ser uma garota boba e passa a controlar as rédeas de sua própria vida, tomando todas as decisões que só cabem a ela tomar.
Reid continua o mesmo ridículo e babaca de antes, apesar de ter se redimido só um pouquinho e muito brevemente no final. Mas, em momento nenhum, me convenceu de sua vontade de atrapalhar o romance entre Emma e Graham. Até agora me pergunto o porquê disso se, claramente, ele não sentia tudo aquilo por ela e nem mesmo parece o tipo de pessoa que se esforçaria muito por algo que não quer tanto assim. Acho que ele é simplesmente alguém ruim e, por isso, deseja fazer o mal para os outros, principalmente quem não lhe dá o que ele quer. Já Brooke é alguém completamente insana e sem escrúpulos e não gostei dela mesmo.
A escrita da autora tem como característica ser bem real, um tipo de romance que poderia ser facilmente encontrado fora das páginas, e ainda possui algo que nos prende, querendo ler mais e mais para saber o que vai acontecer, enquanto ficamos torcendo pelo melhor. Sua narrativa é gostosa, ágil, fácil e direta, fazendo com que a leitura seja fluida e dinâmica, e a gente termine o livro rapidamente.
Acho que a trama deste foi meio “parada” demais para o meu gosto, porque não tinha muita coisa acontecendo em momento nenhum e tudo girou basicamente em torno do relacionamento amoroso do casal principal, ora porque acompanhamos os dois ficando juntos e começando a descobrir os fortes sentimentos que nutriam pelo outro, ora porque acompanhamos os outros dois personagens, que bolavam planos e estratégias, uns atrás dos outros, para poder separar os pombinhos. E, admito, isso foi bastante cansativo.
Eu gosto de romances, mas tenho que alertar que o casal principal desta obra é completamente meloso, tanto que parece escorrer mel pelas páginas. Mas de maneira geral eu gostei deles juntos e ficava torcendo para que ar armações não dessem certo e eles pudessem aproveitar este sentimento tão bonito da maneira correta.
“Ela me apavora e acalma a minha alma ao mesmo tempo. Talvez o amor seja exatamente isto: uma total contradição que, de alguma forma, se equilibra.”
E esse enredo me deu a impressão de que eu estava lendo uma novela da Globo, já que em todas as produções (ou pelo menos até quando eu assistia – e algumas atuais que eu sei que isso acontece) o casal principal não consegue viver seu romance em paz até o final, porque um ou mais (neste caso dois) antagonistas estão ali para atrapalhá-los o tempo todo através de armações, que sempre são cheias de clichês e às vezes chegam a ser ridículas, mas sempre dão certo, pelo menos até quando o fim se aproxima e tudo é revelado. Não vou dizer se o desfecho foi igual novela e eles finalmente ficaram juntos sem outros impedindo, ou se os planos deram certo e o casal se separou. Vou deixar este mistério para os que não gostam de spoilers poderem se surpreender – ou não.
Comentei na minha resenha do livro anterior que senti falta de atitudes dos personagens e isso aconteceu novamente aqui, mas com maior destaque para Graham. Ele vivia pensando diversas coisas sobre Emma e seu relacionamento com a garota, mas na hora de transmitir isso para ela, amarelava. Ele dizia muito menos do que queria ou então mudava seu discurso para não contar realmente a verdade, mas eu ficava desejando saber o que ela diria se ele fosse completamente honesto. Seus sentimentos eram fortes e bastante reais e acho uma pena que ele tenha confessado isso a ela poucas vezes. A gente só sabia dos detalhes porque estávamos em sua mente.
Amo esta capa, de verdade! Ela é tão bonita e tem tudo a ver com Emma e Graham, e é muito melhor do que a original, então gostaria de parabenizar a Verus Editora por ter produzido a sua própria. Também adoro o jogo de cores utilizado, como aconteceu com o primeiro volume, mas desta vez o foco é no verde, que está presente nas roupas dos modelos na foto, no título do livro, na lombada, na quarta capa e nas orelhas. A diagramação é simples, porém bem confortável para a leitura, e as páginas são amarelas.
Este é o volume dois de uma série com um total de quatro exemplares, sendo que apenas este e o anterior foram publicados no Brasil até o momento. Este segundo é uma continuação direta do primeiro, já o terceiro, "Good For You", e o quarto, "Here Without You", pelo que entendi focam mais no personagem Reid com participação da Brooke, mas não tenho certeza se a Emma ou o Graham também estão presentes neles ou só fazem pequenas aparições.
Para os leitores que buscam romances do gênero jovem adulto com um pé na realidade, um casal fofo e transbordando amor, personagens manipuladores e planos elaborados, a série “Entrelinhas” pode ser uma boa indicação.
Avaliação




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