Os Feiticeiros da Tempestade - Ordem da Escuridão #02 - Philippa Gregory

Estamos em 1943, e depois de enfrentar alguns desafios, descobrir verdades e desvendar mistérios, Luca, seu fiel criado, Freize, e o Irmão Peter, partem numa nova jornada para completar a próxima missão dada pela Ordem da Escuridão. Desta vez, os três saem acompanhados das jovens Isolde e Ishraq, que estão determinadas a encontrar o padrinho da primeira e, assim, reaver o que era seu de direito até seu irmão lhe tomar tudo.
Em seu caminho, eles param para se hospedar em uma aldeia pesqueira, onde se deparam com uma cruzada formada apenas por crianças. O jovem que os lidera tem o dom das palavras, sabe de muitas coisas e diz que é iluminado por Deus, que lhe diz como viajar e para onde. Determinados a chegar à Terra Santa para ver o fim do mundo e encontrarem-se com seus entes queridos que já se foram, ele tem certeza de que o mar se abrirá para eles, facilitando o caminho.
Luca e seus companheiros vão ficar intrigados com esta situação, e ele vai conduzir uma investigação para descobrir o que é realmente verdade e se eles testemunharão milagres, ou se o garoto é apenas um charlatão. Mas, antes que possam descobrir algo mais a fundo, eis que o mar começa a recuar. Será que estão testemunhando um milagre ou algo muito mais tenebroso se esconde nas profundezas do oceano?
Li o primeiro volume desta série no início deste ano e fiquei apaixonada, então quando a Galera Record anunciou a publicação desta sequência, eu tinha certeza de que leria o quanto antes. Foi o que fiz e gostei bastante, apesar de ter achado o anterior muito melhor, e ter me arrastado em alguns trechos, como vou comentar mais abaixo.
Freize é, pura e simplesmente, O.MELHOR.PERSONAGEM! Ele é amigo, leal, divertido, corajoso, sagaz, fofo, ama os animais, adorável, e muitas outras coisas igualmente positivas. Acho que não deve existir um leitor que acompanhe esta série que não goste dele.
Luca também é um personagem adorável, do qual eu gosto muito. Mas temos que admitir que ele é meio ingênuo em determinadas ocasiões, já que ao mesmo tempo em que é inteligente, se deixa levar facilmente pelas palavras ditas por outras pessoas, muitas vezes até sem questionar e em algumas inclusive muda suas próprias opiniões. Além disso, podemos ver uma alternância de ideias nele: ao mesmo tempo em que quer se manter fiel ao que aprendeu e ao que precisa ser feito devido ao seu cargo, ele percebe que o mundo, o conhecimento, suas convicções e sentimentos são mais do que isso.
Ishraq é uma personagem forte, pela qual eu sinto admiração, principalmente porque ela tem orgulho de suas origens e não quer se deixar levar pela definição de como a mulher deveria agir, muito enraizado no comportamento da época, mas que ainda hoje é motivo de discussão e luta. Porém, ainda não consigo saber todas as intenções da moça, e fico me perguntando quais outras cartas ela tem na manga.
Gosto muito da interação entre ela e Isolde, o modo como faz a menina se questionar e mostra que nem tudo deve ser como as outras pessoas esperam. Vou torcer para que ela consiga mudar um pouco da personalidade de sua amiga, visto que Isolde poderia crescer muito com a ajuda de Ishraq e, juntas, mais ainda.
Torço muito por dois romances nesta série, Luca e Isolde e Freize e Ishraq, acredito que eles combinam tanto como casais, e cada um pode acrescentar mais na vida do outro. Porém, acho que a autora desenvolveu algumas cenas entre Luca e Ishraq, as quais não curti muito, mas espero que tenha ficado mais como coincidências ou uma maneira de fazer alguns assuntos serem tratados e não como se fosse realmente algo acontecer entre os dois, apesar de eu acreditar que não vai mesmo passar disso.
Não podemos negar que a autora é muito boa no que faz e sua pesquisa histórica é sensacional. Ela consegue transmitir o contexto da época de uma forma tão real que parece que realmente voltamos no tempo e estávamos vivenciando aquilo junto com os personagens.
Eu já não confiava muito na Ordem da Escuridão, e agora a autora ainda nos apresentou algumas questões que dão margens a questionamentos muito bons, fazendo com que, mais do que nunca, eu fique criando teorias a respeito do que é verdade e o que não é, do que eles pretendem, etc. Não vejo a hora de poder desvendar todos os mistérios e as verdades por trás desta ordem e seus membros. Alguns questionamentos ficaram sem resposta e espero que Philippa traga-os à tona novamente para podermos entender melhor certas coisas.
Só que eu preciso confessar que não estava exatamente no meu momento certo para ler esta obra, então acabei achando o meio do livro chato. Não porque tenha sido mal escrito, ou o desenvolvimento tenha sido fraco, pelo contrário, tudo estava perfeitamente bem feito e encaixado de forma ideal, mas não me cativou porque o assunto não é do meu agrado inteiramente, então acabei lendo alguns trechos arrastados. Acho que, se tivesse cortado algumas páginas, a leitura teria sido mais fluida.
Isso aconteceu principalmente quando a cruzada de crianças estava passando pela aldeia de pescadores onde nossos protagonistas estavam hospedados, que depois acabou tendo uma conclusão terrível e avassaladora, que me deixou bem triste. E ficamos por um período sem uma presença importante na trama, o que deixou tudo ainda mais melancólico.
Já deu para notarmos qual será o próximo destino de nossos personagens principais tão queridos, e agora ainda temos novas pistas misteriosas a respeito desta Ordem a qual Luca faz parte.
Ao término da leitura, encontramos algumas páginas com notas da autora sobre acontecimentos do livro e sobre a série em geral, onde ela explica coisas que realmente aconteceram ou alguns pontos históricos que ela tenha se baseado para criar sua própria ficção, e confirma qual será o tema principal da sequência.
O título, “Os Feiticeiros da Tempestade”, possui uma explicação dentro da história, que faz total sentido com algo muito importante que acontece neste exemplar. Achei-o muito intrigante antes de ler a obra, então gostei de poder saber o que quer dizer.
Philippa Gregory é autora de diversas obras de romances históricos publicados pela Editora Record, entre eles a série mais famosa da autora é sobre a corte dos Tudor, que possui oito volumes. “Ordem da Escuridão” é a sua primeira série do gênero jovem adulto, e acho que ela está sendo incrível para este público também.
Até o momento, esta é uma série de três volumes, sendo que apenas o primeiro, “O Substituto” (clique no título para conferir a resenha) e o segundo, “Os Feiticeiros da Tempestade”, este da resenha, foram publicados aqui no Brasil, em 2015 e 2016, respectivamente. Se continuar neste ritmo, o próximo, “Fools' Gold”, deve ser publicado pela Galera Record por aqui no ano que vem. No Goodreads há uma previsão para o lançamento do quarto volume em 2017, mas não encontrei quaisquer outras informações mais consistentes para comentar com vocês.
A capa segue um padrão com a do primeiro volume, e eu gostei muito dela. A edição impressa ainda conta com título em dourado, deixando-a ainda mais bonita ao vivo. Na quarta capa há uma pequena ilustração do símbolo da Ordem da Escuridão. A diagramação é confortável para uma leitura agradável, e as páginas são amarelas.
“Os Feiticeiros da Tempestade” é uma obra incrível, com muitos mistérios, que nos faz questionar diversos acontecimentos e comportamentos da época, e mantém um ritmo agradável, interessante, bem desenvolvido e contextualizado para o período em que se passa.
Philippa Gregory mais uma vez mostra do que é capaz, através de personagens bem construídos e carismáticos, e uma ambientação magnífica, deixando-nos ávidos por mais, determinados a encontrar respostas e desvendar alguns enigmas que foram deixados, principalmente neste volume. Indico a série “Ordem da Escuridão” para todos os leitores que curtem romances históricos voltados para um público mais jovem que querem algo bem escrito.

Avaliação



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