Estamos em
1943, e depois de enfrentar alguns desafios, descobrir verdades e desvendar
mistérios, Luca, seu fiel criado, Freize, e o Irmão Peter, partem numa nova
jornada para completar a próxima missão dada pela Ordem da Escuridão. Desta
vez, os três saem acompanhados das jovens Isolde e Ishraq, que estão
determinadas a encontrar o padrinho da primeira e, assim, reaver o que era seu
de direito até seu irmão lhe tomar tudo.
Em seu
caminho, eles param para se hospedar em uma aldeia pesqueira, onde se deparam
com uma cruzada formada apenas por crianças. O jovem que os lidera tem o dom
das palavras, sabe de muitas coisas e diz que é iluminado por Deus, que lhe diz
como viajar e para onde. Determinados a chegar à Terra Santa para ver o fim do
mundo e encontrarem-se com seus entes queridos que já se foram, ele tem certeza
de que o mar se abrirá para eles, facilitando o caminho.
Luca e seus
companheiros vão ficar intrigados com esta situação, e ele vai conduzir uma
investigação para descobrir o que é realmente verdade e se eles testemunharão
milagres, ou se o garoto é apenas um charlatão. Mas, antes que possam descobrir
algo mais a fundo, eis que o mar começa a recuar. Será que estão testemunhando
um milagre ou algo muito mais tenebroso se esconde nas profundezas do oceano?
Li o
primeiro volume desta série no início deste ano e fiquei apaixonada, então
quando a Galera Record anunciou a publicação desta sequência, eu tinha certeza
de que leria o quanto antes. Foi o que fiz e gostei bastante, apesar de ter
achado o anterior muito melhor, e ter me arrastado em alguns trechos, como vou
comentar mais abaixo.
Freize é,
pura e simplesmente, O.MELHOR.PERSONAGEM! Ele é amigo, leal, divertido,
corajoso, sagaz, fofo, ama os animais, adorável, e muitas outras coisas
igualmente positivas. Acho que não deve existir um leitor que acompanhe esta
série que não goste dele.
Luca também
é um personagem adorável, do qual eu gosto muito. Mas temos que admitir que ele
é meio ingênuo em determinadas ocasiões, já que ao mesmo tempo em que é
inteligente, se deixa levar facilmente pelas palavras ditas por outras pessoas,
muitas vezes até sem questionar e em algumas inclusive muda suas próprias
opiniões. Além disso, podemos ver uma alternância de ideias nele: ao mesmo
tempo em que quer se manter fiel ao que aprendeu e ao que precisa ser feito
devido ao seu cargo, ele percebe que o mundo, o conhecimento, suas convicções e
sentimentos são mais do que isso.
Ishraq é uma
personagem forte, pela qual eu sinto admiração, principalmente porque ela tem
orgulho de suas origens e não quer se deixar levar pela definição de como a
mulher deveria agir, muito enraizado no comportamento da época, mas que ainda
hoje é motivo de discussão e luta. Porém, ainda não consigo saber todas as
intenções da moça, e fico me perguntando quais outras cartas ela tem na manga.
Gosto muito
da interação entre ela e Isolde, o modo como faz a menina se questionar e
mostra que nem tudo deve ser como as outras pessoas esperam. Vou torcer para
que ela consiga mudar um pouco da personalidade de sua amiga, visto que Isolde
poderia crescer muito com a ajuda de Ishraq e, juntas, mais ainda.
Torço muito
por dois romances nesta série, Luca e Isolde e Freize e Ishraq, acredito que
eles combinam tanto como casais, e cada um pode acrescentar mais na vida do
outro. Porém, acho que a autora desenvolveu algumas cenas entre Luca e Ishraq,
as quais não curti muito, mas espero que tenha ficado mais como coincidências
ou uma maneira de fazer alguns assuntos serem tratados e não como se fosse
realmente algo acontecer entre os dois, apesar de eu acreditar que não vai
mesmo passar disso.
Não podemos
negar que a autora é muito boa no que faz e sua pesquisa histórica é
sensacional. Ela consegue transmitir o contexto da época de uma forma tão real
que parece que realmente voltamos no tempo e estávamos vivenciando aquilo junto
com os personagens.
Eu já não
confiava muito na Ordem da Escuridão, e agora a autora ainda nos apresentou
algumas questões que dão margens a questionamentos muito bons, fazendo com que,
mais do que nunca, eu fique criando teorias a respeito do que é verdade e o que
não é, do que eles pretendem, etc. Não vejo a hora de poder desvendar todos os
mistérios e as verdades por trás desta ordem e seus membros. Alguns
questionamentos ficaram sem resposta e espero que Philippa traga-os à tona
novamente para podermos entender melhor certas coisas.
Só que eu
preciso confessar que não estava exatamente no meu momento certo para ler esta
obra, então acabei achando o meio do livro chato. Não porque tenha sido mal
escrito, ou o desenvolvimento tenha sido fraco, pelo contrário, tudo estava
perfeitamente bem feito e encaixado de forma ideal, mas não me cativou porque o
assunto não é do meu agrado inteiramente, então acabei lendo alguns trechos
arrastados. Acho que, se tivesse cortado algumas páginas, a leitura teria sido
mais fluida.
Isso aconteceu
principalmente quando a cruzada de crianças estava passando pela aldeia de
pescadores onde nossos protagonistas estavam
hospedados, que depois acabou tendo uma conclusão terrível e avassaladora, que
me deixou bem triste. E ficamos por um período sem uma presença importante na
trama, o que deixou tudo ainda mais melancólico.
Já deu para
notarmos qual será o próximo destino de nossos personagens principais tão
queridos, e agora ainda temos novas pistas misteriosas a respeito desta Ordem a
qual Luca faz parte.
Ao término
da leitura, encontramos algumas páginas com notas da autora sobre
acontecimentos do livro e sobre a série em geral, onde ela explica coisas que
realmente aconteceram ou alguns pontos históricos que ela tenha se baseado para
criar sua própria ficção, e confirma qual será o tema principal da sequência.
O título,
“Os Feiticeiros da Tempestade”, possui uma explicação dentro da história, que
faz total sentido com algo muito importante que acontece neste exemplar.
Achei-o muito intrigante antes de ler a obra, então gostei de poder saber o que
quer dizer.
Philippa
Gregory é autora de diversas obras de romances históricos publicados pela
Editora Record, entre eles a série mais famosa da autora é sobre a corte dos
Tudor, que possui oito volumes. “Ordem da Escuridão” é a sua primeira série do
gênero jovem adulto, e acho que ela está sendo incrível para este público
também.
Até o
momento, esta é uma série de três volumes, sendo que apenas o primeiro, “O Substituto” (clique no título para conferir a resenha) e o segundo, “Os
Feiticeiros da Tempestade”, este da resenha, foram publicados aqui no Brasil,
em 2015 e 2016, respectivamente. Se continuar neste ritmo, o próximo, “Fools'
Gold”, deve ser publicado pela Galera Record por aqui no ano que vem. No Goodreads
há uma previsão para o lançamento do quarto volume em 2017, mas não encontrei
quaisquer outras informações mais consistentes para comentar com vocês.
A capa segue
um padrão com a do primeiro volume, e eu gostei muito dela. A edição impressa
ainda conta com título em dourado, deixando-a ainda mais bonita ao vivo. Na
quarta capa há uma pequena ilustração do símbolo da Ordem da Escuridão. A
diagramação é confortável para uma leitura agradável, e as páginas são
amarelas.
“Os
Feiticeiros da Tempestade” é uma obra incrível, com muitos mistérios, que nos
faz questionar diversos acontecimentos e comportamentos da época, e mantém um
ritmo agradável, interessante, bem desenvolvido e contextualizado para o
período em que se passa.
Philippa
Gregory mais uma vez mostra do que é capaz, através de personagens bem
construídos e carismáticos, e uma ambientação magnífica, deixando-nos ávidos
por mais, determinados a encontrar respostas e desvendar alguns enigmas que
foram deixados, principalmente neste volume. Indico a série “Ordem da
Escuridão” para todos os leitores que curtem romances históricos voltados para
um público mais jovem que querem algo bem escrito.
Avaliação
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