Ethan já é um homem crescido,
formado e que trabalha com o que gosta. Sua mãe muito jovem sofreu um
aneurisma e se transformou em outra
pessoa, isso é a maior marca de Ethan que não conseguiu até o fim do livro aceitar
a perda que teve com isto, já que seu pai já morava no Canadá e ele se viu
sozinho com os irmãos para cuidar de uma momonster - sua mãe!.
Seu refúgio foi a fantasia,
através do Rpg, que o ajudou a passar pela adolescência e seus dilemas.
Determinado a encontrar uma namorada ele abandona tudo quando parte para
faculdade, e acredita que tudo relacionado ao tema seja infantil e não mais
pertencente a ele, sem problemas até ai se ele não esbarrasse em uma certa
trilogia (O Senhor dos Anéis) que o fez ter que rever todo o seu passado, e resignificando
tudo o que passou.
Quando escolhi este livro para
ler fui com expectativas de que encontraria algo com listas e regras, e o que
encontrei foi como uma etnografia mesclada a uma história de vida, repleta de memórias. Resultado,
um livro repleto de emoção, conhecimento e diversão. Ethan
resolve depois de mais velho buscar as origens e detalhes da fantasia que
conheceu e se apaixonou. Para tanto traça um plano de viagens e experiências
que quer fazer para compreender se afinal tudo isto não é apenas escapismo e
falta de maturidade.
O que ele encontrou foi além de
suas expectativas e das minhas também.
Sua primeira parada é logo na Inglaterra, em busca de informação de
Tolkien (pronto já seria suficiente para que eu amasse o livro), os locais que
morou, lecionou e até os pubs que frequentou. Parte para o rpg e seu
nascimento, uma convenção e por fim um live-action.
Diversas conversas com geeks
surgem ao longo do livro, explicando porque estes gostam do que gostam, sua
relação com a fantasia e um pouco de suas vidas. A todo momento Ethan trás sua
questão com a mãe e a não aceitação de sua paixão pela fantasia depois de
crescido. Ele ainda passa um tempo entre um grupo no interior da França que
está construindo um castelo de forma artesanal e medieval.
Ele acompanha então a turnê de
uma banda inspirada nos livros do Harry Potter (eu nunca pensei em algo
assim!), passa alguns dias em um evento de imersão da SCA, outros jogando e
conversando com jogadores de World of Warcraft, e um fim de semana na Dragon Con.
Por último a não menos importante parte em uma viagem para Nova Zelândia em busca dos
resquícios do filme O Senhor dos Anéis, ou diria, uma jornada em busca de sua
verdade interior guiada pelo filme.
Tudo com capítulos iniciados com
citações referentes ao temas do capítulo e fotos dos eventos. De repente me
descobri geek, porque amo tudo que surgiu como dito geek! E mais, muito do que
ele trouxe como questão também foi algo que eu trabalhei no meu tcc. Assim a
identificação com o livro foi grande.
O autor soube trazer um universo
tão rico e amplo de forma enxuta que permite uma visão panorâmica do fenômeno,
e mais que isso uma pequena imersão neste universo para aquele que lê e
desconhece os temas. No fim a questão não é, e nunca foi tudo que um geek deve
saber, mas a relação de Ethan com a vida e o lugar que ele colocou a fantasia
nesta. Arrisco dizer que se ele aprendeu alguma coisa com sua pesquisa ele
volta a navegar por este universo.
Tudo que um Geek deve Saber é
mais do que falar do que os geeks gostam, é conhecer os detalhes de
manifestações repletas de vida, emoção e verdade. É ver um homem conhecer a si
mesmo, e perceber que não é o que gostamos que nos define mas nossas atitudes
na vida. E se você tiver que ser um senhor de oitenta anos jogando rpg que seja,
desde que seja responsável consigo mesmo e com as pessoas com que se
compromete. É uma leitura que acrescenta e que pode pegar você se descobrindo
geek como eu!
Avaliação
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