Kate Mayhew
viveu uma situação no passado extremamente dolorosa e dramática, que veio
acompanhada de um grande escândalo. Depois deste evento ela ficou praticamente
sozinha no mundo, mantendo apenas a amizade do conde de Palmer e de uma pessoa
que foi muito importante na sua outra vida, mas não vive tão próxima assim da
moça no momento.
Kate fazia
parte da alta sociedade naquela época, antes do escândalo envolvendo sua
família, e sabia como eram as pessoas ricas e como eram suas lealdades, ou
seja, nulas. Agora, passados anos, ela trabalha com crianças, ajudando-as no
aprendizado e auxiliando em seus comportamentos, sempre com pulso firme, mas
muita bondade, conquistando o respeito e o amor de cada uma, e sempre de
famílias em ascensão, aquelas que não são convidadas para eventos importantes
ou coisas do tipo e, portanto, não vão reconhecê-la e nem o seu passado.
Até que tudo
muda quando Kate acaba interceptando Burke Traherne em uma cena esquisita com a
filha, que ela por acaso interpretou de maneira totalmente errônea. Munida de
coragem e irritada com a aparente injustiça que está ocorrendo, ela logo bate
de frente com o grande homem, mal sabendo que este encontro poderia mudar
totalmente sua vida.
Isso acontece
porque ele, que na verdade é o marquês de Wingate, resolve contratar a Srta.
Mayhew para ser a dama de companhia de sua jovem filha, Isabel, que está em sua
primeira temporada e já está conquistando uma fama nada agradável, e precisa encontrar
um bom partido para casar, mas só quer saber de homens errados. Só que lorde
Wingate também tem seu próprio passado escandaloso, um temperamento difícil,
uma fama verdadeira de possuir muita raiva, e um juramento de nunca mais se
casar na vida depois de ter passado por um casamento ruim que resultou em
divórcio.
Só que um
sente uma atração irresistível pelo outro, mesmo sendo contra seus próprios
sentimentos a princípio, e contra o que aquele relacionamento poderia render
para eles individualmente. Mas será que o amor e o desejo podem ser controlados?
A escrita da
Patricia Meg Cabot é deliciosa e de fácil reconhecimento. Qualquer
leitor que já tiver tido a oportunidade de ler uma de suas obras, seja pelo seu
nome verdadeiro ou por este pseudônimo usado para romances históricos, vai
conseguir perceber seu jeitinho com facilidade. Sou muito fã de sua forma de
narrativa, o jeito que ela nos conta as coisas acaba me conquistando ao mesmo
tempo em que me diverte e me faz suspirar. E com esta leitura não foi diferente,
e este acabou sendo mais um dos seus títulos que adorei.
A narrativa é
em terceira pessoa e acompanha ora Kate, ora Burke. Os personagens foram muito
bem construídos e a autora soube trabalhar ambos os pontos de vista, nos
fazendo entender cada detalhe do que os dois estavam vivendo, seus sentimentos
e suas ações. Nós entendemos o que eles sentem um pelo outro, inclusive porque
a química e a tensão sexual estão presentes em todas as páginas, e acabamos nos
encantando com o casal e torcendo para que o romance aconteça o quanto antes.
A filha,
lady Isabel, pode ser um pouco exagerada e mimada, mas é dona de cenas e
diálogos incríveis, que nos fazem rir bastante, principalmente porque ela não
tem papas na língua e diz coisas que constrangem os personagens com a maior
naturalidade e divertem o leitor ao mesmo tempo.
Gostei da
forma como Cabot trabalhou o escândalo sobre a família de Kate e a verdade
sobre o que aconteceu aquela noite, apesar de já ter entendido exatamente como
tinha sido muito antes da revelação por conta da narrativa da escritora, pois
quem a conhece entende seus artifícios e pode “pescar” a verdade por dentro das
palavras dela antes que, de fato, venha à tona.
A leitura é
extremamente fluida, então mesmo com suas quase quatrocentas páginas, o leitor
não fica muito tempo parado em um ponto e, quando se dá conta do quanto leu, na
verdade já está fechando a contracapa do exemplar.
Além disso,
todo o enredo é permeado por um ar cômico, que deixa tudo mais leve,
descontraído e gostoso, e ainda conta uma pitada de mistério que nos deixa
envolvidos e curiosos para saber a verdade sobre os fatos. Quando,
infelizmente, finalizamos a última página, só ficamos desejando por muito mais.
A parte
sexual da trama é sensual e quente, mas não é vulgar, e isso é realmente muito
bom. A forma como Cabot escreve estas cenas é diferente de outras, as descrições
são diferenciadas e com uma intimidade mais romanceada, mais sentimental do que
carnal, apesar de também ter este sentido. Acho que vocês vão entender melhor
quando lê-las e, quem já teve esta oportunidade, com certeza sabe do que estou
falando.
Patricia
Cabot é o pseudônimo da tão famosa escritora Meg Cabot, autora de “O Diário da
Princesa”, que virou filme com Anne Hathaway e Julie Andrews no elenco, entre
muitas outras obras. Com o nome de Patricia, ela escreveu sete romances
históricos adultos, mas não publica um novo título desde 2002. “Um Amor
Escandaloso”, lançamento do mês da Editora Record, era o único ainda inédito no
país, ou seja, agora todos os livros dela já estão disponíveis em território
nacional, sendo três deles pela Record, que são, além deste, "Retrato do Meu Coração" e "Proposta Inconveniente". Aqui no blog outros títulos da autora também já foram resenhados "Pode beijar a noiva" e "Aprendendo a seduzir" (clique nos títulos para conferir).
Ela é ótima
com romances históricos, assim como é com os contemporâneos, e sempre fico
torcendo para que volte a escrevê-los. Mesmo que os adultos já tenham sido
publicados no Brasil, ainda há dois inéditos no país, mas com personagens mais
jovens e que foram escritos pelo seu nome verdadeiro, "Victoria and the
Rogue" e "Nicola and the Viscount". Não sei se a Galera Record
vai trazê-los para cá, mas estou torcendo muito mesmo para que isso aconteça e,
o quanto antes, melhor.
Adoro a capa
deste livro, que é muito bonita e retrata a época bem, e segue um padrão
semelhante aos outros da autora publicados pela Record. A diagramação interna é
bem simples e também bastante confortável para uma leitura mais agradável por
conta do tamanho da fonte e dos espaçamentos, e as folhas são amarelas.
“Mas esse é o problema dos sonhos. Às vezes,
a realidade é definitivamente melhor.”
Os fãs de
romances históricos divertidos, com personagens encantadores, teimosos,
espirituosos e donos de personalidades fortes, uma narrativa leve, envolvente e
totalmente deliciosa, um romance de tirar o fôlego, muitas confusões e passados
escandalosos, com certeza vão se apaixonar por mais este título de Patricia
Cabot. E, os que ainda não leram os outros livros escritos pela autora, ao
final desta leitura, logo vão desejá-los o mais rápido possível.
Avaliação
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