O Segredo dos Nagas - Trilogia Shiva #02 - Amish Tripathi


Não consigo colocar em palavras quanto é gratificante fazer uma leitura que mais do que lhe contar uma boa estória também faça você um ser humano melhor ao fim da leitura. O autor indiano Amish é mestre nessa arte, o segundo volume da Trilogia Shiva- O Segredo dos Nagas, publicado pela N'Versos tem muita sabedoria em suas páginas e causa esse efeito na sua narrativa.

Voltamos a acompanhar a história de Shiva, o Mahadeva, Neelkanth, que tem como missão acabar com todo mal sobre a Índia, ele acredita que para conseguir seu intento ele deve buscar os Nagas, que foram responsáveis pela morte de seu grande amigo Brahaspati. Para encontrá-los ele viaja para outros reinos, mas mais do que encontrar os nagas ele encontra verdades e injustiças que ele precisa reparar, mas será que Shiva é capaz de encontrar a verdade que se esconde? Afinal onde se esconde este mal que ele deve vencer?

Amish é impecável em sua narrativa em terceira pessoa, consegue transmitir em suas palavras toda densidade da cultura hindu repleta de alegorias, metáforas, mitologia e honestidade. Embora o panteão hindu até seja conhecido, pelo menos as figuras centrais, aqui ele explora outros deuses e suas histórias, de forma acessível e linda. A única dificuldade fica por conta dos nomes que podem confundir, já que a língua não é de nossa familiaridade.

Shiva consegue transcender, tirar o véu que colocaram nele, e saber além do que os olhos podem ver. Através de suas conversas com os Vasudevas ele consegue insights de conhecimento que valem cada página de leitura. Eu disse na resenha anterior da série e volto a afirmar minha conexão com este deus se fortaleceu, é uma energia tão rara e bonita que tudo que tive vontade de fazer foi invocá-lo para uma boa conversa. E eis a beleza da obra, a vontade não é de fazer um altar em seu nome, mas chamá-lo para vida e poder tê-lo compartilhando seu poder. Trazer essa conexão para fora das páginas é para poucos.

Sati, a esposa de Shiva é o tipo de mulher que falta por ai, ela não vive nas sombras do poderoso marido, ela escreve sua própria história, cumprindo com aquilo que acredita que veio fazer no mundo, mesmo que isso signifique sua morte. É uma personagem que gera equilíbrio em Shiva.

Os Nagas tem importância vital na virada deste livro, não posso revelar muito a respeito pois a grande graça está nas revelações, mas posso dizer que me apaixonei por eles? Ops! rs! Eles são personagens com histórias muito interessantes e que se amarram a história central de forma muito envolvente e inteligente.

Os companheiros de Shiva em sua jornada são homens em geral muito íntegros, mais do que seguir homens ou ideias, seguem aquilo que a verdade revela. Parvateshwar, o guerreiro que vai conhecer o amor; Veerbhadra seu amigo fiel; Nandi a sombra que o protege e Bhagirath o príncipe leal, todos são ricos em construção e são ótimos na costura da trama central.

O único problema do livro fica por conta da própria editora que fez a capa naquela versão econômica, sem orelhas, o que gera com a leitura pequenas orelhas nas pontas da capa, uma pena!

Muitas coisas são questionadas ao longo do livro, sobre por exemplo quanto a tradição e leis devem permanecer com o passar do tempo. Há pessoas que se apegam a uma verdade mesmo quando até o autor desta verdade já mudou de caminho. A sabedoria está em reconhecer o erro e mudar o rumo. E estar constantemente em movimento, transformando e não se cristalizar em velhas ideias.

O Segredo dos Nagas, mais do que narrar uma história, nos evoca a reflexão, especialmente sobre o papel do mal e o que é o verdadeiro mal. Não somos seres bons ou ruins, somos o equilíbrio dessas polaridades, ser mal é diante de uma escolha se render a esses impulsos, mas ninguém é mal ou bom por completo. Om Namah Shivaiy!

O ódio é o amor estragado, o contrário do amor é a indiferença!

Avaliação









Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário