Isla e o Final Feliz – Anna, Lola e Isla #03 - Stephanie Perkins

Isla (lê-se “Ai-la”) estuda na SOAP, colégio de ensino médio americano em Paris, há alguns anos e mantém uma quedinha pelo introspectivo Josh praticamente pelo mesmo período de tempo. Ele tinha uma namorada e vivia com seu grupo de amigos pelos corredores da escola, sem prestar muita atenção na garota, mas isso nunca fez com que os sentimentos dela ficassem nem um pouquinho menores. Até que todos os seus amigos se formam e mudam-se e Josh permanece solitário.
Um dia, depois de uma cirurgia que deixou Isla grogue quando estava em Nova York, ela acaba encontrando com Josh por acaso e uma situação inusitada ocorre entre os dois, fazendo com que todo o relacionamento entre eles mude. Depois das férias os dois se aproximam e tudo o que ela desejou finalmente se torna realidade.
Só que as coisas nunca são fáceis e muitos desafios vão aparecer no caminho deles para atrapalhar o relacionamento. Mas talvez o mais difícil de todos seja cada um dos dois aprender a lidar com seus próprios problemas interiores e se aceitar antes de poderem aceitar um ao outro completamente e também as suas respectivas diferenças.
Quando eu li o primeiro volume desta trilogia independente, “Anna e o Beijo Francês”, ainda em 2011 (para ler a resenha, clique no título), fiquei completamente apaixonada pelos personagens, pela história de amor e pela escrita da autora, Stephanie Perkins. Lembro que ficava torcendo para os demais livros serem lançados logo porque queria voltar para aquele universo criado por ela e me apaixonar novamente.
Depois, quando finalmente pude ler “Lola e o Garoto da Casa ao Lado” em 2012 (confira a resenha aqui do blog clicando no título, mas não foi escrita por mim), acabei me decepcionando bastante. Isso aconteceu porque minhas expectativas eram muito altas, mas não achei a história isso tudo e nem fiquei tão encantada pelos personagens. Mesmo assim, sempre quis ler o terceiro romance da autora para ver se ela conseguiria me fazer sentir tudo aquilo que cultivei por Anna e St. Clair e que ainda está guardado no meu coração até hoje.
Três anos após o segundo volume sair, eis que a autora finalmente termina de escrever o desfecho da trilogia, “Isla e o Final Feliz”, recém publicado aqui no Brasil pela Intrínseca, e eu não pude deixar de desejá-lo fortemente pelos motivos que citei acima. Então, assim que pude, comecei a me deliciar com esta nova história escrita por Perkins e, agora, posso afirmar que ela ainda não conseguiu escrever algo que superasse “Anna e o Beijo Francês” (5 casinhas), mas pelo menos foi muito melhor do que “Lola e o Garoto da Casa ao Lado” (3 casinhas) no meu ponto de vista, ficando, então, na posição de segundo lugar e com uma nota entre as duas outras (4 casinhas).
Vou explicar melhor o que aconteceu aqui para eu ter adorado, mas não o suficiente para ter ultrapassado a minha primeira experiência com a escritora. Acho que o que mais me incomodou foi o início da leitura. As coisas entre Isla e Josh ocorreram rápido demais e eu não consegui sentir junto com os personagens. Eu sei que teve todo um embasamento antes de eles começarem a se relacionar por conta dos sentimentos dela, que fazem a situação ser mais adorável, mas sinto que, depois de toda aquela demora (que a gente nunca chegou a acompanhar), eu precisava torcer para que eles ficassem juntos, esperar ansiosamente pelo primeiro beijo ou pelo primeiro toque, só que essas coisas aconteceram antes mesmo que eu desejasse por elas, assim como a intensidade do relacionamento.
Então senti falta de me conectar com os personagens e com a história que estava sendo contada que, apesar de fofa, acabou sendo meio genérica. E acho que este foi o grande “problema” do livro, porque curti muito todo o resto.
Narrado em primeira pessoa por Isla, conhecemos bem a fundo tudo o que se passa em sua cabeça, e também podemos entender seus sentimentos bem antes da obra começar e do seu relacionamento com Josh ter início. E a forma como a autora conseguiu trabalhar a confusão e a apreensão quando ela leu uma parte da história autobiográfica em quadrinhos que Josh escreveu, é palpável. Amo este tipo de narrativa, principalmente quando eu consigo criar uma identificação com a protagonista, que foi o que ocorreu em certas ocasiões aqui.
Mesmo que algumas pessoas possam ter ficado irritadas ou chateadas com algumas atitudes da garota quando o final se aproximava, eu senti exatamente o oposto. Curti bastante que ela fez algo um pouco inesperado e entendi completamente as suas razões, porque às vezes nós precisamos descobrir algo sobre nós mesmos sozinhos, mesmo que precisemos errar para isso. E, se algo nos incomoda, não devemos abaixar a cabeça e dizer que está tudo bem, pelo contrário, precisamos colocar nossos sentimentos para fora, por mais difícil que seja, para depois aprendermos com as consequências de nossos atos ao invés de nos consumirmos por aquilo no futuro. Então eu acho que isso foi essencial para o amadurecimento da personagem e para que ela confiasse mais em si mesma e não poderia ter ocorrido de outra forma.
Gosto muito do cenário das obras de Perkins e das descrições que ela faz, nos introduzindo naqueles ambientes como se realmente estivéssemos presentes nos locais e não apenas lendo sobre eles, e essa é uma sensação muito gostosa. Sempre que eu leio alguma de suas histórias fico com vontade de viajar o quanto antes.
O bacana da autora é que, apesar de o romance ser o foco principal, ela não trabalha só com isso, e também foca no amadurecimento dos personagens, nas burradas que são feitas sem pensar ou até quando não pensamos direito naquilo, e em questões importantes na vida das pessoas nesta faixa etária.
A grande maioria de nós já se apaixonou ou vai se apaixonar um dia e este livro também é adorável por tratar desde assunto tão importante e marcante na vida do ser humano: a tão deliciosa descoberta do primeiro amor. O começo dos nossos relacionamentos amorosos são sempre especiais, mas gostar de alguém tanto assim ainda na adolescência, quando a vida é mais simples e inocente, com certeza ganha um gostinho especial, e a autora sabe retratar estes sentimentos muito bem.
Depois da metade do livro é que tudo começa a melhorar e ficar muito mais interessante. Pois, como comentei antes, o começo foi agradável, mas senti que faltou algo mais. Depois do meio, há movimentação na trama, coisas ruins acontecem além das boas, há burradas, tentativas de conserto, reflexões, uma busca por conhecer melhor a si mesmo, aceitar opiniões alheias, olhar para seus próprios erros, entre outros. Algumas partes são bem previsíveis, de um jeito que a gente pensa: é óbvio que ela está colocando essa situação aí para resultar nesta certa questão, e isso realmente ocorre, mas pelo menos fazem o enredo ganhar um gás a mais.
Mas, o que eu mais gostei mesmo da história de Isla e Josh foi o final da obra, pois este momento foi extremamente fofo e deixa a gente com um sorriso bobo de felicidade depois de fechar a última página. Só gostaria que o título fosse “Isla e o Felizes para Sempre”, acho que ficaria muito mais bonitinho.
Posso confessar que a minha parte preferida deste exemplar inteiro foi uma participação de Anna e Étienne, que rendeu uma cena de fazer suspirar incrível e que me deixou muito, muito feliz? Claro que eu não posso contar o que é, mas quem gostou deste primeiro casal precisa ler este livro para conferir o que estou falando, pois tenho certeza de que também vai amar. É uma parte bem pequena e breve, mas perfeita.
Lola e Cricket também fizeram uma pequena participação, assim como Meredith, o outro membro daquele grupo de amigos do qual Josh fazia parte no livro um. Do lado de Isla, o meu personagem preferido foi o Kurt, seu melhor amigo.
Como esta é uma série independente, cada volume possui seus próprios protagonistas e sua história com começo, meio e fim, então os livros podem ser lido separadamente, pois os personagens de um fazem participação nos próximos. Portanto, você não precisa ler todas as três obras, nem mesmo na ordem, mas é muito melhor fazer isso para não pegar pequenos spoilers dos antecessores, principalmente neste último que tem aquela cena incrível com os protagonistas do livro um.
Não sou muito fã desta capa não, que é o novo padrão americano para a trilogia. Eu gosto da ideia e das cores, e também gosto da fotografia, mas este título em cima da imagem me irrita completamente e o resultado final, por conta disso, não me agrada em nada. Além do mais, eu gostava muito mesmo das capas anteriores. A diagramação é simples e em todo início de capítulo há uma rosa em estilo de tatuagem, igual a que tem na capa, na cor preta. A fonte e os espaçamentos do texto estão agradáveis para uma leitura mais fácil.
Para os leitores mais velhos, esta história nos faz voltar no tempo para uma época gostosa e também marcante de nossa adolescência, quando estamos descobrindo as novidades da vida enquanto nos preparamos para o que vem a seguir. É uma época de decisões e amadurecimento e que a maioria de nós guarda momentos bons para se recordar deste período, mesmo que não todos, mas alguns acabam sendo especiais.
Recomendo bastante a leitura de “Isla e o Final Feliz”, que traz uma história fofa sobre o primeiro amor, com seus altos e baixos, angústias, tristezas, alegrias, felicidade e, claro, muita paixão. Os personagens são incríveis e ao final da obra você fica desejando que tudo aquilo fosse real e você pudesse fazer parte daquele grupo de amigos de verdade.
Avaliação



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