O Palácio de Inverno - John Boyne

Quando eu escolho ler um livro tudo começa quando ele é lançado, eu leio a sinopse e decoro na minha memória a capa dele, assim o tempo passa e tudo que eu sei é que ele está na lista de compras/leitura e lembro vagamente o tema dele. O Palácio de Inverno, do famoso escritor John Boyne, publicado pela Companhia das Letras, é um deles, entrou na minha lista faz muito tempo e tudo que me lembrava era que se relacionava com monarquia russa, mas ele não é só isso, por isso foi uma grata surpresa que a leitura dele me proporcionou!

Geórgui Jachmenev é um russo, ex-funcionário aposentado da biblioteca do Museu Britânico, viveu uma história de amor com sua querida Zoia, e quando ela está entre seus últimos dias de vida, ele começa a relembrar sua vida. Os caminhos que percorreu, suas alegrias, dores e fantasias.

Entre guerras mundiais, quedas políticas internas de seu país e transformações na Europa ele tenta sobreviver entre figuras como o Czar russo e Rasputin, e viver plenamente com aquela que ele escolheu para chamar de meu amor. Jachmenev não fazia ideia do que o esperava quando saiu de sua pequena aldeia, Cáchin para servir o último Czar Russo!

Uau! Como é difícil fazer a resenha deste livro! A Narrativa é feita em primeira pessoa através de Geórgui, que de maneira única narra os fatos de sua vida de forma alternada, entre tempos atuais da época que vive (década de 80) e sua adolescência (começo do século XX) de forma que estes tempos aos poucos se encontram, logo temos uma visão completa de sua vida ao final do livro que termina quase onde começou. Foi um recurso genial do autor, que me soou muito próximo de uma sessão de terapia, visto os conteúdos que o personagem trabalha quando conta sua história.

Jachmenev é um homem que viveu situações muito peculiares, mas que soaram tão reais, tão prováveis que tornam-se inquestionáveis. O mais rico em sua construção é que ele é humano, no sentido literal da palavra, ou seja, não é um homem bom típico dos livros, nem o vilão, é apenas um homem com defeitos e qualidades, que teve erros e acertos, e mais que isso depois de velho soube reconhecê-los. Sua forma de ser é romântica, ingênua e pura, embora ele tenha passado por situações muito fortes ele nutre um amor tão forte por Zoia que todo o resto torna-se secundário. Ele tem uma personalidade tão rica e bem explorada que poderia ficar páginas seguidas falando sobre sua estrutura.

O fato é que ele teve diversas oportunidades de se corromper, mas sua lealdade a família do Czar, o amor por Zoia e uma tranquilidade invejável fez com que ele passasse por guerras e conflitos e sobrevivesse, não só fisicamente mas mentalmente saudável. Boyne nos permitiu uma empatia quase instantânea com o protagonista.

Zoia é uma personagem que queria levar para o divã! O mistério que ela carrega, e que eu descobri até que cedo, mas que só é de fato consumado no final do livro é ótimo! O desfecho do livro é a marca que ela carrega e perturba toda a sua vida. Ela fez encadeamentos de situações a partir deste trauma central, gerando culpas que ela carregou e a minguaram aos poucos. Até o modo como ela adoece faz sentido diante de sua história marcada por todas estas culpas. Mais uma vez temos uma personagem humana, que não é idealizada, e até me surpreendeu em uma de suas atitudes.

Confesso que meu conhecimento sobre a história russa é quase nula, mas depois de conhecer um pouco sobre a família Romanov percebi que preciso corrigir essa falha. Boyne é excelente narrando fatos históricos e mesclando com a vida do personagem. Ele permite que sintamos a dor que cada uma destas épocas gerou na vida de quem os viveu, e mais que isso a apreensão de não saber quando seria o último dia de vida. Até onde pude ler ele colocou os fatos históricos de forma bastante real, inserindo neles apenas alguns personagens fictícios.

O fim do livro é triste, é muito triste, e dá uma vontade enorme de pegar um avião para Londres e consolar Geórgui! Não só pelas suas últimas páginas, mas pelo que aconteceu com ele em seus últimos dias na Rússia. E de imaginar que estas situações aconteceram no passado da Rússia!

O Palácio de Inverno é uma viagem pela Europa, pela história e mais do que tudo pelo inconsciente de quem viveu de perto a beleza do amor, a tristeza da guerra e natureza da vida! Leiam, porque não há palavras para expressar a experiência de trafegar pelo inconsciente deste homem e conhecer o consciente da história mundial!


Avaliação










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2 comentários:

  1. OiOi Bruna!
    Tenho esse livro há muito tempo, e também só lembrava que envolvia monarquia russa.
    Entretanto tentei iniciar a leitura e não consegui fazer render.
    Como acredito que alguns livros têm o momento certo, deixei ele ali na estante esperando.
    Mas não é uma leitura que pretendo retornar tão cedo.
    Achei bem bacana tua resenha, e me bateu uma leve curiosidade para saber como tudo termina *risos*
    Beijocas :*
    @pirulitolimao | A Garota da Livraria

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  2. Tenho muita vontade de ler os livros desse autor, tenho 1 livro dele mas ainda não tive tempo de ler. Esse me pareceu muito interessante, e com certeza entrou na minha lista de desejados ^_^

    Abraços :)

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