A morte não
é o fim quando você faz parte de um programa sigiloso do governo que possui um medicamento
que traz as pessoas de volta à vida. Daisy não conheceu outra realidade desde
que morreu em um acidente com o ônibus escolar em que ela estava dentro e foi
trazida de volta à vida, junto com outros treze jovens. Desde então até hoje,
com quinze anos, ela já morreu outras quatro vezes e, em cada vez que volta,
ela precisa se mudar de cidade e sobrenome para ter um novo recomeço e criar
uma nova história.
Daisy não
conheceu muitas pessoas com as quais se identificasse em todo este tempo, mal
consegue fazer amizades, e quase ninguém em sua vida tem muita importância,
exceto pelo cientista do projeto que a acompanha, Mason, que é como seu pai
adotivo, já que ela não tem pais verdadeiros e é ele quem faz o papel para as
pessoas de fora do projeto, e Megan, uma das outras crianças que sofreu o
acidente e agora faz parte do programa Recomeço, e é uma grande amiga de Daisy.
A única constante em sua vida é justamente a inconstância.
Mas tudo
muda quando ela chega a seu destino da vez, Omaha, e conhece os jovens Matt e
Audrey, que vão fazer com que ela se sinta querida, e serão eles que vão mostrá-la
o que é uma amizade de verdade, além da Megan. Agora ela sente que realmente
pertence a um lugar e quer criar raízes por ali, mas quando acaba descobrindo
algumas verdades por conta de umas informações que encontra sobre o programa
Recomeço, Daisy percebe que ela faz parte de algo muito mais sinistro e
perigoso do que poderia supor.
Eu já havia
lido um livro desta autora, “Deslembrança”, em 2012,
e tinha me apaixonado pela história, assim como sua narrativa me conquistou,
então, quando vi que a Intrínseca iria lançar mais uma de suas obras, sabia que
precisava lê-la o quanto antes. Ainda mais depois de ver esta capa fantástica e
ler a sinopse intrigante. Eu gostei bastante da leitura deste volume, apesar de
não ter me apaixonado tanto assim e ter preferido o primeiro livro dela.
A ideia
desenvolvida pela autora para criar esta trama é bem instigante e acho que
daria uma ótima distopia, mas ela optou por outro caminho e seguiu por um
romance jovem com início, meio e fim neste mesmo volume, e com uma história que
começa e termina sem grandes pretensões, mais como se fosse um relato de algo
de verdade e atual que vai afetar uma pequena parte da população e pode ser
desenvolvido para algo maior futuramente, mas que permanece ali, anônimo e
continua como sempre foi, desde o início.
Esta é uma
história intensa, mas também leve. Intensa pela parte emocional da obra, porque
Daisy não pode viver uma vida tão normal assim, pelo menos não do jeito que ela
gostaria, já que não permanece muito tempo em nenhum lugar, precisa mudar de
identidade o tempo todo, não consegue criar amizades e, quando consegue ter
amigos, precisa mentir para eles sobre a verdade de como sua vida é e manter
segredos sobre o projeto em que vive, e também sente falta de um carinho de uma
família, já que precisa viver com cientistas que não são tão amorosos, pelo
contrário, são bem distantes e frios.
Além disso,
quando ela finalmente se sente feliz por ter feito uma ótima amiga, algo muito
ruim acontece, abalando todas as estruturas de nossa protagonista, que passa a
sofrer e sentir uma dor terrível que nunca antes havia vivenciado, e pior é
saber que ela não pode fazer nada, mesmo que ela já tenha vivido várias novas
chances, o que acaba sendo muito injusto para ela. E, para piorar, Daisy ainda
tem que enfrentar um psicopata que quer fazê-la sofrer muito.
A parte leve
é a trama em si, já que a escrita da autora é fácil e a gente acompanha o dia a
dia da protagonista, ela fazendo coisas comuns de adolescentes na maior parte
do tempo o que, inclusive, acaba sendo superficial em alguns momentos. E também
é meio parada, não há muitos acontecimentos surpreendentes, que nos deixe aflitos,
ou de tirar o fôlego, só quando a leitura vai se aproximando do fim é que as
coisas começam a ficar mais tensas, deixando-nos com bastante expectativa para
o desfecho. Não que isso seja ruim, pelo menos não para mim, mas, somado a uma narrativa
meio lenta, pode acabar incomodando alguns leitores.
Também tem
trechos bastante tristes, principalmente quando cita sua nova melhor amiga,
Audrey, logo depois de Daisy descobrir algo a respeito dela e saber que não
pode fazer nada para ajudá-la e, depois, quando já é tarde demais e ela e Matt
sofrem muito.
A narrativa
é em primeira pessoa e gostei muito da protagonista Daisy, ela não é daquele
tipo chato e incômodo e soube conduzir a história muito bem, deu para sentir o
desenvolvimento da relação de amizade entre ela e Audrey de uma forma bem
verdadeira, vindo de alguém que quase não vivenciou isto antes, e também soube
transmitir seus sentimentos com relação ao programa, a uma desgraça que ocorre
durante a leitura, e também as descobertas que fez.
O romance
foi fofo, mas acho que ela confiou rápido demais em Matt. Posso estar dizendo
isto porque eu, particularmente, não consigo confiar nas pessoas logo de cara,
mas acho que ela mal o conhecia para confiar uma coisa tão importante assim, e que
ela nem mesmo poderia fazer, então acho que ela arriscou demais mesmo com tão
pouco tempo que o conhecia e isso me incomodou.
Uma coisa
que achei legal é que Cat Patrick soube desenvolver bem tudo o que ela criou,
não deixando espaço para dúvidas no leitor, tanto a respeito do passado, quanto
do funcionamento deste programa sigiloso do governo. Ela também trouxe as
informações no momento certo e de uma forma que manteve meu interesse a cada
página avançada.
Como
comentei anteriormente, a capa é bem bonita e adoro que ela possa ser vista
tanto de frente, quanto de lado. Além disso, acho que tem tudo a ver com o
conteúdo, mesmo que de uma forma bem sutil. A diagramação é simples e bem feita
com a fonte e espaçamento em tamanhos confortáveis para uma leitura por mais
tempo sem cansar a vista, além de contar com páginas amarelas.
Se você
curte livros para jovens com suspense, conflitos internos de uma protagonista
bem construída, uma trama com pontos originais, um romance fofo, drama,
personagens adoráveis e um final encantador e real, então recomendo a leitura
de “Recomeço”.
Avaliação
Eu adicionei este livro entre os meus desejados desde que soube do seu lançamento, mas esta é a primeira resenha que leio sobre ele, flor. E adorei saber que o enredo é tão bom quanto parecia! Diferente de você, não conheço a autora e achei a vida da protagonista muito sofrida… Gente, morrer tantas vezes e a cada vez perder o pouco que poderia chamar de "vida" é complicado. O pior é acontecer algo que abala tudo de novo quando as coisas finalmente parecem se ajeitar (rs). É bom saber que a narrativa é leve por si mesma. :D Espero ler em breve!
ResponderExcluirBeijos!
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