A Corte do Ar - Jackelian #01- Stephen Hunt


Dá para contar em uma mão o número de livros que me deu alívio em terminar, dois deles estão frescos ainda na minha memória e eram simplesmente ruins, o último terminei hoje, mas não posso dizer que foi ruim! A Corte do Ar, do autor Stephen Hunt, publicado pela Saída de Emergência foi quem me assombrou por esses dias, e me deu alívio ao seu fim!

Molly Templar é uma órfã que não consegue parar em um emprego até que é enviada para um bordel como aprendiz. Logo em seu primeiro atendimento presencia um assassinato, e a partir de então passa a correr por sua vida, ao mesmo tempo em que precisa compreender porque a querem morta. Em outra parte da cidade o também órfão Oliver vive com seu tio com uma ordem de restrição, cujo o motivo não compreende, mas depois de ter a pensão que mora invadida por um grupo de assassinos, foge com o amigo de seu tio Harry, lutando não só pela sua vida como pelo bem de sua terra.

Como explicar em poucas linhas o que nem um livro de 537 páginas conseguiu explicar? Trata-se de uma estória narrada em terceira pessoa, sob diversos pontos de vista em um universo steampunk com inspiração na época vitoriana londrina. Na trama existem diversas camadas de estória acontecendo ao mesmo tempo com diversas comunidades e criaturas diferentes, e quase tudo nessa sociedade é diferente até o nome de café, que é cafél! E eis o problema, não somos apresentados a esse novo universo, ao contrário o leitor é jogado em meio a ação e tem que tropeçar pela história tentando aos poucos compreender de que tipo de coisa que tudo se trata.

Para tentar explicar alguns aspectos da narrativa pense que existem aspectos políticos fortes, com partidos e posturas políticas que não são explicados em momento algum, alguns deles podem ser deduzidos, mas os demais não. Neste sentido a narrativa trás fortes críticas aos sistemas políticos. A monarquia existe mas é basicamente uma fachada onde o povo que determina o curso das coisas, mas não o povão, sim outros poderosos ditos como povo. Ao mesmo tempo em que temos conflitos territoriais, sem ao menos um mapa para melhor localização do que é o que. E a tudo isto junte humanos, humanóides com aspectos de caranguejo, uma civilização inteira de homens máquinas (essa corte de criaturas me cativou!) e ainda indivíduos capazes de magia de diversas formas com personalidades muito estranhas e mal exploradas.

E não bastasse tentar compreender todo esse universo bem diferente temos que acompanhar as ações de Molly e Oliver. É tudo muito embolado e bagunçado, a narrativa não anda, a leitura do livro levou uma eternidade, e a sensação de não compreensão persiste até o fim do livro. Algumas coisas você acaba compreendendo, mas outras não. E a sensação que eu tive é que esse livro deveria ter sido desenvolvido em no mínimo mais um livro, de forma mais calma e detalhada, explicando esses diversos aspectos que sim são muito criativos, mas que precisam de explicação!

Quando você cria algo totalmente fora da realidade você precisa introduzir o leitor ao seu mundo, precisa convidar e conduzir a leitura, e fazer com que quem lê compre sua ideia, não importa quão absurda seja. Mas Hunt se esqueceu disso!

Molly é uma garota muito determinada, não se vê como coitada perante a sua sorte. Ela não quer se submeter ao que lhe impõe, e nunca desiste de lutar pela vida. Quando lhe é dito que é especial ela aceita bem porque no fundo sempre se achou diferente, mas assim como Oliver acaba desenvolvendo seus dons de forma muito rápida e sem conflitos. Um herói sem conflitos acaba soando raso, e perdendo a humanidade.

Oliver é um encantado, alguém que teve contato com a brumencantada (não faço ideia do que o autor queria dizer com isso! É um lugar físico, que as pessoas tem contato e transformam ela, mas tudo que sei para por ai =/!), assim têm capacidades especiais que no começo da estória não sabe, mas que depois de algum tempo não só se desenvolvem como o tornam um dos melhores do lugar. Sim em apenas meio livro ele vira o cara, pensando que existem mais livros na série isso soa precoce. Além de dono capacidades letais acaba desenvolvendo um caráter duvidoso, que no fundo tem uma explicação que eu encontrei, mas que não foi explorada, e poderia, e traria muita riqueza.

A Corte do Ar tinha um potencial enorme, tem material até em excesso para ser explorado, mas não vingou. Do ponto de vista steampunk de fato trabalhou bastante com as máquinas a vapor, mas todo o resto se perdeu, e eu lamento muito quando vejo um diamante que poderia se lapidado e dado bons frutos acabar assim sem explicações. A série conta ainda com mais cinco livros que ainda não foram publicados por aqui, espiei o enredo do segundo e a estória gira em torno de um dos personagens que ajudou os protagonistas, mas não parece dar continuidade ao que foi começado aqui.

Avaliação





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