Sophia
Breteuil teve que sair fugida da França quando ainda era apenas uma criança,
pois a Revolução Francesa estava em seu ápice e sua família era intimamente
interligada à família Real e, por isso, sofreria graves consequências se
permanecessem em sua casa. Porém, antes mesmo de fugirem, ela foi separada de
seus pais, que voltaram ao palácio, enquanto sua madrinha foi encarregada de
levá-la para a Inglaterra caso eles não voltassem a tempo.
Passados
anos sem ter notícias dos pais e vivendo somente com sua madrinha, Sophia
cresceu e virou uma bela mulher independente. Mas é quando a sua madrinha deixa
esse mundo que ela realmente precisa encontrar um emprego para sobreviver, já
que nunca revelou sua origem nobre a ninguém por medo.
Ela, então,
vai concorrer à vaga de preceptora da jovem Louise, sobrinha de Edward Phillip,
conde de Buckington, com quem ninguém mais quer trabalhar, pois não conseguem
aguentar as travessuras da criança, que está sempre aprontado para chamar a
atenção do tio, com quem vive depois de perder seus pais. A princípio Edward
não quer contratá-la, já que tem seus próprios motivos para odiar a França e
todos os franceses junto. Só que Louise acaba gostando de Sophia e ele não
consegue encontrar outra moça apta ao trabalho que deseje fazê-lo e que, ao mesmo
tempo, vá tratar sua sobrinha de uma maneira aceitável, então nossa
protagonista acaba conquistando a vaga.
Ao mesmo
tempo, lorde Buckington vai fazer um serviço de espionagem muito importante na
França, e precisa de uma companheira jovem, bonita e esperta para lhe
acompanhar como se fosse sua noiva, já que esse seria o disfarce perfeito para
seus objetivos. Depois de muito procurarem em vão, acabam percebendo que Sophia
é a mulher ideal para este serviço também e resolvem convidá-la.
Encontrando
nesta viagem uma chance de poder buscar sua família às escondidas, Sophia
decide aceitar o acordo que lhe é proposto e viaja à Paris com o conde de
Buckington. Ele, por sua vez, ficará de cara com seu maior inimigo, e ainda por
cima no país que mais abomina, precisando, também, enfrentar as dores e
memórias que aquela terra lhe traz. E acaba percebendo que seus sentimentos por
Sophia talvez sejam mais fortes do que ele poderia um dia prever. Mas será que
ele será capaz de deixar uma francesa conquistar seu coração e lhe trazer a
redenção que precisava?
Algum tempo
atrás, vi os livros de Silvia Spadoni sendo vendidos pela Amazon em versão
e-book, e, desde então, estava ansiosa para conferir suas obras. Ainda mais
sendo romances de época, meu gênero preferido, e, melhor ainda, escrito por uma
autora nacional. Então, quando a Pedrazul Editora anunciou a publicação da
trilogia completa em edições físicas, fiquei realmente muito feliz. Amo quando
os talentos brasileiros são reconhecidos, já que
há tantas joias preciosas no mundo literário nacional, só esperando uma
oportunidade de brilhar. Então, assim que tive meu exemplar em mãos, comecei
minha leitura, e fiquei completamente encantada por tudo o que encontrei neste
livro, que mistura ficção com fatos históricos de uma forma deliciosa.
“Um Amor
Conquistado” é um livro curtinho, mas, com suas quase duzentas páginas,
consegue conquistar o leitor, trazendo uma história completa, bem narrada e
desenvolvida, e a escrita da autora é direta e flui tão bem que o leitor logo
se vê imerso naquele enredo e naquela época e, quando se dá conta, já chegou ao
fim, ficando com aquele gostinho de quero mais. A boa notícia é que esta obra
pertence a uma trilogia, então podemos nos encantar por outra obra escrita pela
autora em seguida.
Silvia
Spadoni fez um bom trabalho de pesquisa para incluir fatos históricos na trama,
transportando-nos a uma outra época com muita facilidade, e ainda deixando tudo
parecer mais real, como se esta realmente fosse uma história verídica. Achei
essa característica de seu texto muito bacana, porque nos situou num período
que realmente existiu, sem soar forçado ou enfadonho.
Li há poucos
anos uma biografia de Maria Antonieta, que, claro, trouxe diversas passagens
sobre a Revolução Francesa, me fazendo entender melhor alguns pontos que antes
não conhecia. Então foi maravilhoso poder ver algumas destes fatos introduzidos
neste exemplar, o que me deixou ainda mais próxima da leitura e,
principalmente, de Sophia.
Por falar na
protagonista, gostei muito dela. Sophia é uma moça de garra, que vai atrás do
que quer e não tem problemas em falar o que acha necessário, além de ser forte
e dona de uma personalidade encantadora. Ela é decidida, adorável, determinada
e dona de um bom coração. Eu admirei a personagem e adorei poder conhecê-la.
Também curti
bastante os personagens secundários, adorei poder visitar os lugares e a
sociedade da época junto com eles, dos diálogos espirituosos, da maneira como a
trama foi conduzida, da pitada de mistério, e também do romance, que começou
com algumas brigas e passou a uma deliciosa paixão.
A única
coisa que senti falta foi uma maior exploração de determinadas cenas e pontos
do enredo, não porque eles não estivessem presentes ou não fossem justificados,
mas porque queria entendê-los melhor ou de forma mais aprofundada. Então sinto
que a autora podia ter estendido algumas passagens, ter feito algumas coisas
demorarem mais a serem concluídas, incluindo algumas páginas, pois só ia
acrescentar à trama, deixando-a ainda mais rica de detalhes. Também desejei
conhecer um pouco mais de alguns personagens secundários e ter visto uma maior
exploração entre o relacionamento de Sophia e Louise, que é uma criança doce
que eu queria ter conhecido ainda melhor, ou até mesmo da criação da própria
Sophia quando ainda era pequena num país novo, tendo por companhia apenas a sua
madrinha, Marguerite.
“Um Amor
Conquistado” é o primeiro volume da trilogia independente “Amores”, cujas
sequências, “Um Amor Inesperado” e “Um Amor Apaixonado”, serão publicadas ainda
este ano em versões físicas também pela Pedrazul Editora, e eu mal vejo a hora
de ter meus exemplares em mãos para dar continuidade às obras de Silvia
Spadoni.
Gosto
bastante desta capa, que com certeza chama a minha atenção, e a edição da
Pedrazul está muito bonita, com pequenos detalhes gráficos no início de cada
capítulo, um texto bem diagramado e confortável, além de contar com páginas
amarelas.
Recomendo
muito a leitura deste leve e delicioso romance de época, que conta com personagens
incríveis, várias reviravoltas, uma protagonista feminina maravilhosa e um pano
de fundo verídico misturado com ficção, que ainda por cima foi escrito por uma autora
nacional, dando-nos a oportunidade de apreciar e prestigiar o trabalho brasileiro
na literatura.
Avaliação
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