As Vidas e Mortes de Frankenstein - Jeanette Rozsas


Frankenstein é uma figura conhecida, e até bastante explorada, mas eu nunca tinha feito nada além de ver filmes sobre ele. Assim foi uma grata surpresa ler As Vidas e Mortes de Frankenstein, da brasileira Jeanette Rozsas, da Geração Editorial, e saber um pouco mais dos bastidores da história.

Superar a morte é um grande desafio da ciência, não só revertendo-a como também fazendo com que ela nunca chegue ao longo dos séculos. Neste romance Rozsas reúne personagens reais da história com ficcionais para reviver a lenda do homem criado aos pedaços, evocando não só o horror da ideia como todas as consequências de brincar de deus.

A narrativa do livro é estruturada com três linhas do tempo, primeiro acompanhamos Liz nos tempos atuais, ela é uma jovem médica que parte para Alemanha depois de ganhar uma bolsa de estudos para pesquisa em uma universidade na Alemanha, lá ela se depara com questões éticas que jamais pensava ter que lidar, seu sonho de vencer é atravessado por uma lenda que parecia ser apenas um mito de um antigo livro.

A segunda linha do tempo se passa no século 19 onde acompanhamos as aventuras do jovem casal Mary e Shelly, com a jovem irmã de Mary atrás de aventuras além da vida londrina. Suas jornadas esbarram com ninguém menos de Lorde Byron e rendem sucesso e tragédias atravessada por um pequeno pote encontrado nas ruínas de um castelo.

Por fim a última linha se passa no século 17, no Castelo de Frankenstein, onde Johann Dippel alquimista e médico recebe Max como seu pupilo, mas mais do que ensinar, ele pretende vencer a morte com auxílio de seu jovem ajudante. Eis aqui o começo de uma lenda que reverbera nas demais histórias.

Rozsas tem uma escrita muito fluida e rápida, consegue transitar no tempo sem deixar confusão ou dúvida. Os recursos que utilizou para tanto foram muito inteligentes, para a história de Liz, a doutora, a acompanhamos através de emails, para os aventureiros Mary e Shelly temos uma narração em terceira pessoa, e para a história gênese temos outra narrativa em terceira pessoa que teria sido contada por um taberneiro para Mary e Shelly.

Outro destaque do livro fica por conta de algumas páginas finais em papel especial onde conhecemos através de pinturas alguns dos personagens reais do livro. Poder olhar para cada um deles dá uma dimensão real para história que embora fictícia foi baseada em pesquisa da autora que apresenta inclusive uma bibliografia ao fim do livro.

No fim das contas o que fica é que não importa em qual época vivemos, a história que temos, a morte sempre nos atravessa como realidade e a tentação de vencer sempre é forte o suficiente para esquecer das regras do jogo. Cada um dos personagem tentou mudar o que lhe aconteceu esquecendo da ética e moral, e cada um recebeu por isso o preço de brincar de criador.

É um livro que nos faz pensar, traz conhecimento e entretém. As Vidas e Mortes de Frankenstein pode ser um livro curto mas trabalha com conceitos que levam alguns livros para pensar, afinal pode o homem vencer a maior de suas inimigas em vida, a morte?


Avaliação









Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário