Ser Feliz é Assim – Jennifer E. Smith

Ellie O'Neill é uma garota normal que vive em Henley, uma cidadezinha no interior do Maine, já que sua mãe resolveu se mudar para lá para esconder um fato muito importante da vida delas e, assim, deixar a filha livre da pressão da imprensa e das fofocas. Elas, então, vivem no anonimato, se esquivando de qualquer lembrança do escândalo do passado e buscando se esconder da verdade, guardada como um grande segredo que apenas as duas sabem. Só que a mãe também decidiu não aceitar qualquer ajuda financeira do pai de Ellie, então as duas não vivem com condições financeiras tão boas assim e o sonho de frequentar um curso de verão tão desejado de poesia em Harvard, no qual ela já foi aprovada, pode nunca ser realizado.
 Do outro lado, temos Graham Larkin, jovem ator ídolo do momento, que fez sucesso por conta de uma trilogia cinematográfica adorada por muitos adolescentes, vive na fabulosa Los Angeles, é bem bonito e muito rico. Ou seja, ele vive sob os refletores por onde quer que vá, e é rodeado de gente da área, sempre tentando ajustar sua imagem para ser a melhor possível – não que ele precise, já que é calmo, caseiro e um bom rapaz.
Mesmo morando em lugares opostos e vivendo vidas completamente diferentes, o destino não brinca e resolve unir os dois de uma forma bem improvável, mas também bem comum nos dias de hoje: a internet. Por conta de um e-mail dele, enviado para o destinatário errado, ela, eles começam a conversar e uma grande amizade – ou seria algo a mais? – surge daí. Esta pequena mudança em suas rotinas, acaba se transformando em algo muito maior, o que poderá gerar consequências surpreendentes e positivas para ambos os lados, principalmente porque nenhum deles sabe quem é o outro, afinal eles se conhecem apenas como E. e G. E, por conta disso, acabam se revelando profundamente para o outro: suas vidas, seus sonhos, desejos, anseios, esperanças e medos.
Até que Graham tem uma ótima oportunidade para transferir este relacionamento virtual para algo real – seu novo filme será gravado numa cidade pequena e ele sugere (ou mais do que isso) que seja onde mora Ellie. Agora ele vai ter que encontrá-la e revelar quem é G. verdadeiramente. Mas será que Ellie está pronta para aceitá-lo e, junto com ele, sua vida de aparições públicas e paparazzi? Será que sua ideia de segui-la até sua cidade sem que ela soubesse foi realmente uma coisa boa?
Gostei mais desta obra do que da anterior de Jennifer E. Smith publicada no Brasil, “A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista” (clique no título para conferir a resenha), apesar de ter adorado esta também. E, antes de ler este seu novo livro, eu não sabia nada sobre a história, só quis ler por conta da autora. E fico feliz por tê-lo feito, porque curti me surpreender pelo caminho e adorei o enredo.
A história é, basicamente, sobre os dois personagens e suas questões pessoais. Mesmo que existam outros rodeando a trama e sendo muito importantes em diversos momentos, eles só estão ali como coadjuvantes mesmo, vivendo em torno de nossos dois protagonistas e fazendo apenas pequenas participações – mesmo que algumas bem significantes. Então este livro é mais voltado para aqueles que gostam de um delicioso romance leve e juvenil, daquele estilo de primeiro amor, onde os problemas parecem maiores do que realmente são e naquele momento onde as responsabilidades estão começando a ficar maiores. É aquela época de descobertas, onde conhecer alguém e gostar tanto dessa pessoa que, mesmo um simples gesto, deixa o outro feliz. É gostoso e calmo, envolvente e divertido. Perfeito para quem gosta deste tipo de romance jovem e novo, e também para aqueles que estão vivendo nesta fase.
Os capítulos são intercalados, acompanhando ora a visão de Ellie, ora a de Graham, ambas em terceira pessoa. E a autora utiliza uma forma de narrativa onde passado (tanto o recente quando de anos atrás) e presente se intercalam, as vezes na mesma página. Curto demais este recurso porque dá para conhecermos bastante dos personagens, e sempre fui fã de pontos de vista alternados, compartilhando com o leitor dois lados de uma mesma história. Só que alguns capítulos pareciam mais arrastados porque a autora enrolava um pouco para contar as coisas, não que isso tenha sido ruim, mas às vezes eu sentia falta de fluidez, e acredito que se ela cortasse alguns trechos teria o mesmo sentido e seria tão bom – ou melhor! – quanto.
O romance é extremamente fofo, daquele tipo que a gente suspira quando há uma cena entre o casal, que torce para que eles fiquem juntos, que vibra quando algo dá certo e fica triste/chateado quando as coisas acabam saindo diferente do esperado. E, apesar das suas quatrocentas páginas, esta leitura é tão gostosa e envolvente, que a gente lê tão rápido que nem percebe e, no final, ficamos com um gostinho de NECESSITO de mais.
Uma coisa que acabou me incomodando é que em alguns momentos eu senti falta de um pouco mais de emoção e atitude de ambos os lados. Tanto da primeira vez que souberam quem eram, que faltou uma reação mais acalorada (mesmo que ela fosse boa ou ruim), quanto quando tiveram um afastamento inevitável e desistiram apenas. Confesso que eu senti vontade de entrar no livro para sacudir ambos e fazer com que se mexessem um pouco mais. Hahaha
Este volume, assim como todos os outros livros de Jennifer E. Smith, é único, ou seja, tem começo, meio e fim [ou não! :( ], e não possui continuação. O que, neste caso, teria sido muito bem-vinda. Mas, para quem não aguenta mais séries, esta é uma boa pedida.
Não sou fã desta capa, principalmente depois de finalizada a leitura, afinal ela praticamente não tem nada a ver com o conteúdo, exceto pelo envelope com o porquinho. Por outro lado, a diagramação é confortável, com fonte e espaçamento em tamanhos bons para uma leitura por mais tempo sem cansar a vista, além de contar com páginas amarelas.
Só tenho uma grande reclamação a respeito deste livro: o final é aberto! Não é sempre que eu me importo com algo assim (apesar de preferir finais fechados), mas, neste caso, eu realmente fiquei aborrecida porque estava esperando saber o que aconteceria com o casal desde o começo da leitura e acabou sem que eu tivesse esta importante resposta. Fora que alguns pontos relevantes também não tiveram desfechos tão bons assim. E essas coisas me incomodaram bastante e fizeram com que eu tirasse mais meia casinha (a outra metade foi por conta dos pontos citados anteriormente) da pontuação final.
Já percebi que a autora gosta de mostrar que o acaso pode mudar vidas, que um simples momento pode ser tão importante quanto os mais complexos nesta teia de acontecimentos que é a vida, que um erro pode se transformar num grande acerto, e que o destino pode mudar tudo de um segundo para o outro. Gosto de acreditar nisto também, e espero que um dia alguma coisa muito boa e inesperada possa acontecer para mim e balançar as coisas, transformando esta experiência que é viver em algo ainda melhor. Enquanto este momento não me alcança, gosto de poder acompanhar os dos outros, melhor ainda em livros e séries, então não é segredo nenhum que esta história tinha tudo para me encantar, por mais que eu nem mesmo tivesse lido a sinopse – porque realmente não li – e foi isso o que ela fez. Foi um “tiro no escuro” que deu certo e, para mim, ser feliz é assim, gostar muito de uma leitura.
Avaliação



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