Num futuro
distante, todas as pessoas nascem com duas almas entrelaçadas num mesmo corpo,
os chamados híbridos. Só que eles se definem ainda crianças e apenas uma das
almas, a dominante, sobrevive, a outra se perde para sempre.
Por algum
motivo inexplicável, Addie e Eva nunca se definiram. Ainda na infância,
começaram a frequentar médicos, fazendo exames e procedimentos para descobrir o
“erro”, até que foi constatado que a definição foi concluída. Mas isso não é
bem verdade. Mesmo que ninguém mais tenha conhecimento, Eva está ali dentro
daquele mesmo corpo que Addie, dividindo o espaço, sem poder se mexer ou fazer
qualquer coisa além de observar, porque manter uma alma recessiva dentro de um
corpo é inaceitável, tanto para a sociedade quanto para o governo.
Eva já havia se acostumado e aceitado sua
vida, mas quando descobre que há muitos outros híbridos vivendo na sociedade,
com as duas almas se alternando dentro do corpo, ela percebe que há uma chance
de conseguir voltar a fazer tudo o que mais sentia falta de novo: andar, falar,
sorrir, viver. E está disposta a o que for para conseguir usar e dividir seu
corpo novamente, se arriscando no que for necessário. Só que talvez tudo seja ainda
mais difícil do que imaginou, principalmente porque não é apenas a sua vida que
está em risco, mas também de outra pessoa, a que ela mais ama no mundo, Addie.
Estava bem
empolgada por esta leitura. Mesmo. A capa é linda e desperta curiosidade, a
sinopse é bem interessante e com um enredo original, e sou fã de distopias.
Então, assim que o recebi, passei na frente da minha pilha de próximas leituras
e comecei a ler. Só que, infelizmente, ele não me agradou por inúmeros motivos,
sendo que o mais importante deles é que achei o livro, pura e simplesmente,
chato.
O que
aconteceu é que a protagonista não me cativou, a outra personagem principal,
que divide o corpo com ela, também não. A narrativa não me empolgou, e fiquei
alguns momentos meio sem saco de continuar a leitura porque o desenvolvimento
era fraco e não acontecia quase nada de diferente ou esperançoso, sendo que a
maioria das ideias (quando elas existiam) para mudar aquela situação que
estavam vivendo dava errado.
Também
queria mais ação, mais força de vontade de mudar as coisas, mais atitude. Na
maior parte do tempo nada disso acontece, só acompanhamos como é a vida de Eva,
tendo que viver como alma recessiva dentro de um corpo, seus problemas, suas
angústias, suas poucas alegrias e, principalmente, muitos pensamentos
individuais e conversas com Addie, afinal Eva só podia papear com ela e ninguém
mais. Queria poder conferir uma expansão daquele espaço pequeno que era sua
mente, mas infelizmente isto quase não ocorreu aqui.
Não estou
dizendo que não vou ler os próximos livros desta série, tendo a oportunidade e
estando no clima da leitura, com certeza darei uma chance para saber se a
autora soube desenvolver melhor sua proposta, e para onde ela vai seguir.
Porque, apesar destas partes, estou bem curiosa para o que vai acontecer futuramente.
O enredo é
realmente bem interessante e a autora, em muitos momentos, soube transferir a
agonia que poderia ser viver num corpo em que você não tem controle nenhum, só existe
ali dentro vendo as coisas pelos olhos de outro alguém, sem poder agir por
conta própria. Tanto as pequenas ações, quanto piscar ou falar, até atitudes
maiores, como brigar com alguém ou cair, ou ter um relacionamento físico com
outra pessoa, são vistos, mas não vivenciados.
Confesso que
eu não gostaria de viver esta experiência, deve ser horrível não poder fazer
nada e só viver observando as coisas, como se a vida não existisse e você
estivesse preso no vácuo, assistindo a alguém fazer aquelas coisas, exceto que
você também as sente, mesmo que não tenha controle sobre elas.
Na sociedade
em que Addie e Eva vivem, os híbridos são considerados uma anormalidade que precisa
ser eliminada, já que apenas uma alma pode ocupar um corpo para não enlouquecer e tomar atitudes incontroláveis, perigosas e até fatais. Como acompanhamos o
ponto de vista de Eva e sua história de vida com Addie, e também conhecemos
alguns outros híbridos pelo meio do caminho, a escritora quer mostrar que eles
também são normais e merecem viver tranquilamente com esta condição, mas eu
acredito nas duas possibilidades, porque se o ser humano já faz loucuras sem
dividir um corpo, imagina o que aconteceria se isso fosse de verdade?
Como vocês
podem ver, este livro é bem reflexivo e acho que Kat Zhang também teve a
intenção de nos mostrar que algumas pessoas podem ser diferentes e serem
normais mesmo assim. Acho, inclusive, que existe uma crítica em relação a nossa
sociedade também, mesmo que de uma forma sutil e diferente. Eu entendo ambos os
lados, mas acho que o governo no livro trata o assunto de maneira absurda e
ridícula, como também acontece com diversas coisas no nosso mundo real, como
com doenças ou condições físicas “diferentes”. A atitude correta seria tratar
os híbridos de maneira normal e com ajuda e/ou tratamento àqueles que precisarem de algo mais
para passar pelos momentos ruins.
Eva e Addie
são pessoas completamente diferentes, mas, mesmo assim, sentem um grande amor e
respeito uma pela outra, e achei a relação entre elas muito bonita e legal,
cada uma compreendendo e aceitando o que a outra necessita, e buscando
ajudá-la, mesmo que isso não seja o que ela própria deseja e que vá contra o
que quer fazer. Apesar de Addie ser primeiramente um pouco egoísta em algumas
situações. Seria mais interessante acompanhar esta história sob os dois pontos
de vista, talvez com capítulos intercalados, para entendermos melhor o que se
passa nas duas mentes e poder compará-las de maneira mais eficiente, além de conhecermos
os sentimentos confusos de cada uma individualmente, afinal são duas
personalidades bem distintas.
Gostei de
ver o crescimento de Eva e torci para que ela conseguisse alcançar uma força
que ela acreditou que não tinha. Não vou falar o que acontece porque seria
spoiler, mas fiquei feliz por ela ter conseguido uma parte do que almejava.
Outra coisa
que me incomodou bastante foi a falta de atitude dos pais de Addie e Eva, cadê
o amor que deveriam sentir pelas filhas e a força que deveriam encontrar para auxiliá-las,
custe o que custar? Eu tenho sorte de ter pais bons e não parecidos com os das
personagens, porque eles deveriam ser os primeiros a quererem o bem delas e
fazer algo para ajudá-las a enfrentar a situação ruim em que vivem, mas foram
os primeiros a fugir dela.
Tem um
romance fofo neste volume vivido por Eva, e eu, como gosto de casais, curti os
dois juntos. E fiquei curiosa para saber como vai ser futuramente, apesar da
autora já ter dado uma pista de como resolver esta situação, porque ambos vivem
em corpos com duas almas e, por enquanto, a recessiva do momento tem que viver
aquele romance mesmo sem querer aquilo.
Como este
livro é apenas o primeiro da trilogia “As Crônicas Híbridas”, muita coisa ainda
ficou no ar, sem respostas por enquanto, para podermos continuar acompanhando
os próximos volumes e saber mais verdades a respeito da sociedade e também dos
personagens. O que nos resta, enquanto ainda não são lançados, é imaginar e
criar hipóteses do que está por vir.
Este é um livro
curioso, inovador e criativo, e a autora soube como nos apresentar a certos
pontos. Infelizmente não foi uma obra que me agradou muito, mas aconselho que
você a leia se tiver gostado dos pontos positivos que citei e não se importar
com os negativos que também comentei.
Avaliação
Oiie, meninas! Gostei muito da resenha e da sinceridade com que foi escrita. Eu ainda não li nenhuma opinião sobre este livro, mas achei a capa muito linda e a sinopse singular, o que me chamou atenção logo de cara. Só que hoje em dia eu prefiro ler resenhas antes de comprar algum livro e está aqui o motivo, capa e sinopse não são nada quando a autora não sabe desenvolver bem, e eu não saberia se não tivesse lido a opinião de quem leu. Então obrigada! :)
ResponderExcluirFeliz Natal para todas! :** Lu