Amber House - Amber House #01 - Kelly Moore, Tucker Reed, Larkin Reed

Esta é uma história que vai além do presente e de pessoas de carne e osso. Na verdade, aqui um dos personagens principais é Amber House, a imponente propriedade que está na família de Sarah Parsons, nossa protagonista, há três séculos. Tudo lá dentro permanece de geração em geração, e ninguém se desfaz de um objeto sequer, por mais que tenha quebrado ou agora seja inutilizado. Nada sai, só novidades entram: alas são adicionadas ou coisas novas chegam, acrescentando memórias ao local. Mas não é só de objetos que Amber House “vive”, as memórias do passado são sua verdadeira alma.
 Sarah tem quinze anos, e nunca havia visitado o lugar. Mas agora a situação mudou: sua avó, Ida, que bebia muito e nunca teve uma relação próxima com ela nem sua família, acaba de falecer, e sua mãe fica responsável por dar um adeus digno a ela, cuidando do funeral. Então Sarah, sua mãe e Sam, seu irmãozinho de cinco anos de idade, ficam hospedados em Amber House e é a partir daí que as coisas vão mudar.
Nenhuma outra família pôde morar naquele ambiente antes, mas as coisas estão a ponto de serem modificadas, já que sua mãe não pensa duas vezes e resolve vender Amber House. Para isso, ela decide dar uma festa de dezesseis anos para Sarah como uma despedida e, principalmente, uma forma de todas as pessoas mais ricas da região vejam a casa em estado de glória, o que vai valorizar ainda mais a venda.
Portanto, Sarah é apresentada ao filho do senador Robert Hathaway (antigo amigo de sua mãe), Richard, um mauricinho lindo que parece um modelo da Abercrombie, e vai lhe apresentar a um mundo de riquezas e privilégios, e quem, junto com o pai, vai trazer muitos contatos e convidados para sua festa de aniversário.
Enquanto isso, a protagonista também conhece o misterioso Jackson, que mora com sua avó numa casa própria dentro da propriedade. Ele conhecia Ida muito bem e a avó do garoto era uma grande amiga dela. Jackson lhe conta sobre um tesouro com diamantes perdido em Amber House e a convida para encontrá-lo com sua ajuda.
É nesta exploração pelo local que todos os rumos mudam totalmente, pois Sarah descobre que, ao tocar alguns objetos, tem visões do passado de quando eles foram utilizados por outras pessoas em uma época distinta naquela mesma casa, e começa a descobrir os segredos há muito tempo guardados.
Quando um acontecimento terrível que pode resultar em mais uma tragédia coloca a vida da pessoa mais importante para Sarah em risco, ela precisará lutar contra seus medos para descobrir todas as respostas para o que precisa antes que seja tarde demais novamente.
Eu sei que, de vez em quando, pode soar repetitivo, mas a primeira coisa que me chamou atenção neste livro foi, sem sombra de dúvidas, a capa. Gente, que capa mais maravilhosa é essa? Simplesmente perfeita E combina totalmente com o enredo! Claro que depois de ler a sinopse fiquei ainda mais encantada com a obra e minha vontade de lê-la o quanto antes só aumentou. E agora, depois de finalmente ter lido, estou apaixonada pela história também! É tão bom quando gostamos muito de um livro e constatamos que ele é realmente bem escrito e supera nossas expectativas já altas!
Gostei demais da protagonista, Sarah, que narra a história em primeira pessoa, e que é forte, destemida e bem madura para sua idade. Ela não é daquelas que ficam fazendo dramazinhos desnecessários em relação a nada, e isso inclui as pontas do triângulo amoroso, sua aparência – ou as deles, o fato de não se dar tão bem assim com sua mãe (mesmo que estas partes sejam mais comentadas por ela), coisas estranhas estarem acontecendo, ou até algumas situações se desenrolarem diferente do esperado. Ela leva tudo tranquilamente, claro que coisas a incomodam, mas sabe como lidar com tudo muito bem, e seu crescimento é evidente. De todos os livros do gênero jovem adulto que li até hoje (e foram muitos!), ela é uma das protagonistas de que mais gostei da personalidade.
Outro personagem pelo qual fiquei completamente apaixonada é o Sam, irmãozinho mais novo de Sarah, que é um menino adorável e doce, que tem uma paixão enorme pela irmã mais velha, que o ama tanto quanto ele. Por ser autista, ele é dono de algumas peculiaridades que o deixam ainda mais fofo. A relação dos irmãos é maravilhosa e super encantadora (ela o chama de ‘carinha’ e outros apelidos carinhosos que sempre me deixavam com um sorriso no rosto), e também a única boa relação de verdade que Sarah possui com alguém de sua família.
A história é contada devagar e revelada no momento certo, sendo apresentada e desenvolvida de maneira incrível e bem feita para que, posteriormente, as pontas sejam ligadas, como num ambicioso quebra-cabeça.
Em suas excursões pela mansão, passando pelos inúmeros aposentos, alas esquecidas há tempos, jardins enormes e majestosos, passagens secretas, locais afastados, porões esquecidos, o labirinto de sebes, lugares escondidos e até subterrâneos, entre diversos outros espaços, Sarah passa a conhecer mais do que a aparência de Amber House. Ela entra, também, em sua memória e na de todas as pessoas que viveram ali antes dela, visitando o passado através de ecos, visões, do que aconteceu, sendo momentos felizes, tristes, angustiantes, mágicos, extasiantes e, até, trágicos. Habilidade que só algumas poucas pessoas de sua família foram “selecionadas” geneticamente (ou seria a casa que escolhia?) para ter.
A narrativa algumas vezes é lenta, mas não considero este um ponto negativo quando a trama é bem executada e desenvolvida, que é o caso deste livro. E, talvez, se a narrativa fosse mais ágil nestes pontos, não teria tanta graça assim porque não ia nos inserir da mesma maneira nas cenas e em certos momentos.
As autoras são bem detalhistas e descritivas, o que transforma esta leitura em uma experiência também visual, já que nossa imaginação corre solta, montando cenários, situações, roupas e aparências e fazendo com que a gente se sinta inserido naquele contexto perfeitamente.
Nunca dá para sabermos se é possível confiar em nenhum dos personagens que não Sarah, já que é ela quem narra, pois, como mostrado em vários trechos, todos têm segredos e, mesmo que alguns sejam relevados, ainda podem ter outros guardados, e muitas segundas intenções. Gosto desta sensação porque nunca sabemos quem realmente é o mocinho e quem é o vilão, então podemos nos surpreender facilmente com algumas revelações.
Conforme as páginas vão avançando, as pontas vão sendo ligadas, e diversos segredos são revelados, inclusive do passado de sua própria mãe que ela ainda não conhecia e que a faz enxergá-la com outros e melhores olhos, fazendo a garota entender um pouco mais os motivos de sua mãe agir daquele jeito frio e distante.
Há um triângulo amoroso e eu até gostei dos dois rapazes, mas tenho um preferido, o enigmático e intrigante Jackson, que me conquistou aos pouquinhos, conforme fui conhecendo-o melhor junto com Sarah. Tem alguma coisa estranha em Richard que ainda não permitiu que eu confiasse totalmente nele, apesar de ainda ter um pé atrás com Jackson também, já que ele esconde um segredo, que é revelado, mas sinto que pode ter mais do que foi dito ainda escondido. E espero, pelo menos desta vez, ter escolhido torcer pelo correto. Porque, poxa, não aguento mais gostar do cara errado. Hahaha
Apesar de existir este triângulo amoroso, ele não ganha destaque, nem mesmo um lugar no segundo plano, fica mais como um complemento charmoso para a trama pessoal de Sarah, ou seja, não atrapalha em nada o enredo principal de Amber House, os Ecos do Passado, e as descobertas da personagem principal a respeito de várias outras coisas ligadas a casa, sua família e antepassados.
Há um quê de viagens temporais inseridos na trama com maestria, só que não posso comentar sobre isso aqui com detalhes, pois seria spoiler. Mas acho que as autoras tiveram uma ótima ideia e souberam utilizá-la muito bem, e eu curti demais descobri-la.
No meio deste primeiro volume, eu já sabia o que ia acontecer no segundo. Mas não de uma forma que eu tenha achado ruim e pensado que estragou a surpresa, pelo contrário, só me deixou com ainda mais vontade de chegar ao livro dois para saber como que aquilo vai acontecer, como vai se desenvolver, e o que isso significa. O final, portanto, é interessantíssimo e estou louca para ver o que as autoras estão aprontando para o próximo livro, o qual vou ler o quanto antes.
O segundo livro desta trilogia, “O Tempo que Nunca Foi” (a capa está tão, mas tão linda que conseguiu superar esta primeira!), também já foi publicado aqui no Brasil em 2014 mesmo, mas o último volume, “Otherwhen”, não foi nem publicado lá fora ainda, o que provavelmente vai acontecer em 2015, então não tem previsão de lançamento nacional.
A diagramação é simples e muito bem feita, com fonte em um tamanho não muito grande, mas tranquilo para minha vista, e um ótimo espaçamento entre as linhas. Ao abrir este volume nos deparamos com uma árvore genealógica das famílias de Amber House, e este é o único detalhe diferente. A capa impressa traz o título e os nomes das autoras em dourado, e as folhas são amarelas.
Outro fato que é muito interessante é que as três escritoras desta magnífica obra são uma família. A mãe, Kelly Reed, idealizou um primeiro esboço na década de 1980 e, quando suas duas filhas mais velhas, Tucker Reed e Larkin Reed, encontraram o manuscrito, decidiram reescrevê-lo juntas.
O enredo de “Amber House” é muito inteligente e foi bem construído com uma história complexa e bem estruturada, onde passado, presente e futuro se entrelaçam. A trama é cheia de mistérios, revelações e reviravoltas, e fui surpreendida em muitos momentos. O suspense é instigante e faz com que o leitor também deseje descobrir os segredos de Amber House e os fantasmas do passado. É, também, inovador em algumas partes e bastante criativo. Eu não me lembro de ter lido algo parecido e tão bem escrito assim, muito menos com uma casa como um dos personagens mais importantes do livro. Acho que eu nem precisava dizer com estas palavras (já deu para perceber pela resenha, certo?), mas super recomendo esta leitura!
Avaliação



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4 comentários:

  1. Eu tenho o marcador deste livro mas nunca li nem a sinopse dele! kkkkk

    Bem, gostei do enredo e fiquei curiosa para conhecer a história da casa!
    Tbm adoro um bom suspense, claro que ou colocá-lo na minha lista de desejados!

    Bjo bjo^^

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    Respostas
    1. https://www.facebook.com/rockanapcm/posts/767501976620942

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  2. Nossa, muito bacana sua resenha! Fiquei com muita vontade de ler este livro, que eu ainda não conhecia. E essa capa é mesmo muito linda. E com um enredo inteligente e bem construído com a casa como um dos personagens principais é ainda melhor, minha curiosidade vai a mil! rsrsrs

    lydia.abreu.lydia@gmail.com

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  3. Olaa.. amei a resenha, muito interessante, já ouvi críticas positivas sobre esse livro, e agora estou realmente louca para ler *-*

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