Cadê Você, Bernadette? – Maria Semple

Em “Cadê Você, Bernadette?” vamos acompanhar a história da família Branch, composta por três membros. Bee, a filha que aparenta ter menos idade do que na realidade tem, que concluiu seus estudos na Galer Street com notas maravilhosas e impecáveis, e deseja de presente de formatura uma viagem à Antártida na companhia dos pais. Quando nasceu, completamente azul, Bee quase não resistiu devido a uma condição grave no coração, mas ela resistiu à doença e, contra todas as expectativas, sobreviveu, e se transformou numa menina maravilhosa, com uma ótima índole e uma filha de dar orgulho aos pais.
Bernadette Fox, a mãe de Bee, é uma mulher enigmática e excêntrica, que não aguenta mais Seattle e seus moradores, principalmente as outras mães da Galer Street, que são extremamente fofoqueiras e adoram se meter na vida alheia; ela também é antissocial, cheia de manias e meio doida, e ao mesmo tempo é uma ótima e amorosa mãe, e uma gênia da arquitetura sustentável.
O último membro da família e também o menos importante para a história em si, é Elgin, o pai, que é um gênio e trabalha na Microsoft como programador, e se tornou muito famoso por conta de uma palestra sua que se tornou a quarta mais vista no TED. O próximo projeto que irá lançar é o Samantha 2 e, por isso, esse é um péssimo momento para fazer essa viagem. Ele também é um pai e marido ausente e nunca está em casa com a família, nem quer se meter nos assuntos da esposa, quem ele considera louca.

Até o momento está tudo normal na vida dessa família, apesar de não serem perfeitos, e a viagem está sendo planejada. Bernadette começa a organizar a coisa toda, e procura ajuda de Manjula, uma assistente indiana que encontra pela internet. Ela não gosta muito de sair de casa e evita isso o máximo possível, então recorre à Manjula para fazer todas as coisas, das mais básicas às mais complexas, como comprar roupas para a família, reservar mesas em restaurantes, até conseguir placas enormes e receita de remédio proibido por ser tão forte e com efeitos colaterais tão ruins, ao mesmo tempo em que conta detalhes de sua vida pessoal a essa mulher, que ela não conhece pessoalmente.
Quando os planos de viagem já estão mais avançados e o cruzeiro será em apenas alguns dias, Bernadette, que já estava à beira de um ataque de nervos, desaparece sem deixar rastros, nem se despedir da filha, a pessoa que ela mais ama nesse mundo. Bee então decide que precisa encontrá-la custe o que custar, e vai atrás de pistas para tentar descobrir seu paradeiro. Para isso, ela precisa aprender de novo quem realmente Bernadette é, e vai contar com a ajuda de muitos documentos confidenciais e conversas pessoais entre outras pessoas. Afinal, Bernadette sumiu porque foi sequestrada, porque não aguentava mais viver ali, ou porque decidiu acabar de vez com a sua vida?

Quando vi esse livro pela primeira vez me interessei pela capa logo de cara, afinal ela é linda! Aí li a sinopse e acreditei que gostaria do livro também, mas minhas expectativas estavam normais, não esperava tanto, mas também não queria me decepcionar. Só que eu realmente gostei da leitura, muito mesmo, e mais do que imaginei, e entrou para a lista de preferidas. Tudo isso por conta dos personagens, do enredo e da forma como a autora conduziu a narrativa, me deixando intrigada e me fazendo ficar deliciada conforte as páginas iam passando.
Primeiro gostaria de comentar sobre a narrativa da obra, que é bem peculiar, assim como Bernadette. Parece diário ou agenda, inclusive porque é separado por datas em alguns momentos, e por conta de todo o material em terceira pessoa, e em primeira de outros personagens que continham informações relevantes. Ou seja, não acompanha apenas um personagem, mas vários através de e-mails, cartas, bilhetes, telefonemas, transcrições, comentários, etc., exceto por Bee que conversa diretamente com o leitor. Não há capítulos, todas as informações vão sendo apresentadas de forma não linear, mas que fazem total sentido, e seguem uma lógica própria. As únicas divisões são feitas por partes, acompanhadas de títulos, que representam a fase da vez.

No começo, por conta da narrativa diferenciada, acabei demorando um pouco para entrar no ritmo, mas quando peguei não parei mais até terminar. E não se preocupem, mais para o fim nós entendemos como o leitor pôde ter acesso a todos esses métodos de conversa diferentes, mesmo sendo originados de diversos personagens distintos, alguns que apareceram mais, outros menos, mas todos muito importantes para o desenrolar da trama. E também como todas as partes se interligam, revelando que há muito mais por trás do que é imaginado inicialmente.
Acredito que poderia dizer que tanto Bee quanto Bernadette dividem o papel de protagonista, a primeira porque é ela quem fala com o leitor em alguns momentos e quem tem acesso aos documentos, que são muito importantes durante toda a leitura, também porque é Bee quem vai atrás da mãe e está presente em todo o momento do livro. Enquanto Bernadette ganha o seu destaque porque a história gira, basicamente, em torno dela. Sua relação com a família, com as pessoas da cidade, as mães da Galer Street, a assistente Manjula, e também é o foco mesmo quando não está presente, já que Bee vai atrás da verdade do SEU desaparecimento.

Amei a relação entre Bee e Bernadette, que é linda, dá para sentir o amor incondicional que mãe e filha sentem uma pela outra. Adorei a Bee, que é muito inteligente e podemos perceber isso pelas referências sobre assuntos mais complexos que fala durante sua conversa com o leitor, além de todo o processo que ela teve para descobrir o paradeiro de sua mãe.
Apesar de Bernadette ser diferente dos personagens que estou acostumada a conhecer, gostei dela imensamente. Todas as suas particularidades a fizeram ser especial, gostei de conhecê-la mais a fundo, com seus problemas e inquietações, e ficava torcendo por ela.
Já o pai, Elgin, me irritou muito. Ele é um personagem chato e babaca (desculpem o uso da palavra), que não compreende ninguém e só pensa em si. Também fiquei com raiva de suas atitudes.

Posso afirmar que essa leitura despertou vários sentimentos em mim. Houveram momentos leves e divertidos que me faziam rir, outros de tensão pelo que havia acontecido, e de coração apertado com medo das revelações que poderiam vir, também ficava ora com raiva, ora com o peito cheio de amor. Fiquei apreensiva diversas vezes sobre o que havia acontecido a Bernadette, desejando que não fosse nada de ruim e torcendo para Bee encontrá-la.
Eu amo essa capa e as cores utilizadas, o trabalho gráfico ficou realmente bonito, e as páginas são amarelas. A ilustração representa Bernadette muito bem, com seus óculos escuros e echarpe. A diagramação é simples, mas bem feita com fonte em tamanho confortável e um bom espaçamento. O livro é dividido em sete partes, e para marcar o início de cada uma delas há uma página quase em branco, tendo somente o número da parte e um título, mas não há capítulos, o que pode parecer estranho, mas dentro do contexto desse livro não é.

Definitivamente indico a leitura de “Cadê Você, Bernadette?”, principalmente se você está buscando uma história original, deliciosamente bem escrita, com uma trama peculiar, cheia de mistério, muitas reviravoltas, um final maravilhoso, sem muito sentimentalismo, mas que nos enche de carinho e felicidade por conta da relação incrível e de amor incondicional entre mãe e filha.
Avaliação





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6 comentários:

  1. Não conhecia o livro e fiquei super curiosa, parece ser um livro daqueles cheio de mistério e ao mesmo tempo engraçado!
    Tbm gostei muito da capa, bem diferente neh!
    Parabéns pela resenha, adorei!

    bjo bjo^^

    Ana Paula
    rockanapcm1@gmail.com
    https://www.facebook.com/rockanapcm?ref=tn_tnmn

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    1. https://www.facebook.com/rockanapcm/posts/640614462643028?stream_ref=10

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  2. Nossa, fiquei morrendo de vontade de ler "Cadê Você, Bernadette?" depois dessa resenha incrivelmente bem detalhada e o mais importante, sem aqueles spoilers super irritantes que contam tudo o que se passa no livro!
    A história parece realmente ser super original, o que, honestamente, a gente não anda vendo muito por ai...
    Eu já li um livro, ou melhor, uma coleção, onde a história não era separada por capítulos e achei essa uma forma muito legal de se ler. Foi a coleção Boy da Meg Cabot, onde a história é contada através de emails, cartas, mensagens, bilhetes e coisas do gênero. Você acompanha a história de um jeito totalmente novo, e se sente amigo do personagem por estar lendo algo tão pessoal do personagem. Me sentia lendo o email ou uma mensagem deixada para mim por um amigo. E alcançar essa sensação fraternal para com o livro (e sua história e personagens) é muito importante, na minha opinião, porque a gente passa a fazer parte da história, não sendo apenas um mero espectador.
    Acredito que o livro "Cadê Você, Bernadette?" passe uma sensação parecida, ao mesmo tempo que Bee procura por sua mãe, também lê coisas muito particulares, o que acaba, imagino eu, nos dando a sensação de que somos detetives.
    Com relação ao pai de Bee, acredito que seu jeito distante de ser seja uma forma de fugir dos problemas. No caso, parece que essa família não tem uma boa relação entre si. Bee parece ser ligada a mãe e vice-versa, porém o pai é uma figura completamente separada da questão, pelo menos foi o que eu senti quando li sua resenha. A resenha me passou a sensação que o pai é totalmente alienado quando se trata de sua família, por isso Bee se apegou tanto a mãe. E talvez por isso Bernadette tenha desaparecido (suponho eu), embora eu ache que se ela quisesse chamar mesmo a atenção, talvez devesse ter fugido de casa com a filha, para não assusta-la a tal ponto de fazê-la procurar respostas entre os pertences e conhecidos da mãe.
    Eu realmente fiquei muito tentada a ler essa história, como você mesmo pode perceber!
    Obrigada de coração por me apresentar a essa maravilhosa história!
    ass.: Luh.

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    nome: Luiza Ceotto
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    1. https://twitter.com/deliriosdaluh/status/436944902703050752

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  3. Adorei a resenha! E o livro? A resenha me passou a sensação que o título diz, cadê a Bernadette? Espero que a filha a encontre e que não tenha acontecido nada grave, fiquei muito apreensivo e se um dia, _ espero q isso nao aconteça _ tambem faria como a Bee, investigaria até encontrar minha mãe, não importando se ela fosse tudo o q Bernadette é.. minha mãe é 1.000 rsss. Fiquei com muita vontade de ler esse livro, parece bem interessante e original, tanto na história quanto na escrita!

    fabricio-fenix2010@hotmail.com

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  4. Não tenho muito o que dizer sobre minhas impressões sobre esse livro, é LINDO! Seja de capa, seja de história e organização. Não o li ainda, mas já ouvi muito falar e sou uma amante deste livro. A história, uma mãe, consigo até imaginar minha própria mãe dizendo ''Viu, vai que isso acontece algum dia?!'' Belo livro, realmente.

    Vitória Brum
    vitoriabrumid@Live.com
    http://www.facebook.com/vitoriadosstsbrum

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