A Coisa Terrível que Aconteceu com Barnaby Brocket – John Boyne

Alistair e Eleanor Brocket sempre se vangloriaram por terem uma família perfeitamente normal, sem chamar a atenção ou fazer algo fora do comum. Eles sempre evitaram pessoas que eram o mínimo de diferentes ou complicadas, e conseguiram isso muito bem por muito tempo, levando uma vida tranquila e pacata com seus dois filhos, Henry e Melanie, e seu cachorro de estimação de raça e pedigree indefinidos, o Capitão W. E. Johns.
Até que, com a terceira gravidez de Eleanor, tudo muda; logo após o parto a coisa mais anormal acontece: Barnaby Brocket, o novo membro da família, sai flutuando pelo quarto do hospital. O orgulho de Alistair e Eleanor foi ferido, afinal o novo filho se recusava “a obedecer a mais fundamental das regras. A lei da gravidade.”.
Eles imaginaram que essa teimosia de Barbany em ficar flutuando era coisa passageira, de criança esquisita, mas conforme os anos passavam e ele não mudava, seus pais começaram a ficar muito preocupados com a reputação da família e com o bem estar dos membros da mesma. Eles escondiam a criança o máximo que conseguiam, não deixando que ele saísse de casa e nem frequentasse escolas normais, afinal os vizinhos teriam a impressão errada deles e isso seria vergonhoso demais para aguentarem.


Até que Alistair e Eleanor não aguentavam mais passar por isso e, quando Barnaby completou oito anos de idade, eles montaram um plano que resultou no menino sair flutuando por aí, tendo que contar com a própria sorte para sobreviver e encontrar um destino. A coisa terrível que aconteceu com Barnaby acaba se transformando em uma viagem pelo mundo, onde ele acaba conhecendo lugares incríveis e pessoas tão espetaculares quanto ele, já que nenhuma delas é assim tão normal também.
Gente, estou completamente apaixonada por Barnaby! Que criança fofa e magnífica, e que história sensacional! Sério, toda vez que eu olho para esse livro fico com aquela sensação boa e gostosa de quando nós realmente gostamos muito mesmo de uma leitura. Fico sorrindo e suspirando (tá, pareço uma boba falando isso, mas relevem! Hahaha).


Nunca tinha lido nenhum livro de John Boyne e agora, além de me arrepender de ter demorado tanto para começar, entendo perfeitamente o que ele tem de tão bom escritor. Sei que esse livro é voltado para o público juvenil e, portanto, a linguagem é mais fácil e direta, mas desde já dá para perceber que ele é muito bom no que faz.
Gostei muito da narrativa, que é em terceira pessoa e, apesar de não ser minha preferida, algumas vezes é necessário que seja feita assim, e nesse caso ela encaixou perfeitamente com a história, nos deixando totalmente encantados. A sensação é que parece estar sendo contada por aquele tipo de narrador que faz com que o leitor sinta como se estivesse em uma conversa real, lhe ouvindo falar daqueles acontecimentos como sendo lembranças boas, como se fossem verdadeiros.


É uma narrativa deliciosa e reflexiva, afinal não há como definir o que é ser normal, já que cada um tem a sua própria concepção dessa palavra e o que ela significa para um, no sentido amplo, provavelmente não é o mesmo que para o próximo.
Barnaby passeia por diversos lugares no mundo (inclusive o Brasil), conhecendo muitas pessoas e vivendo aventuras espetaculares. Ser diferente do que é considerado normal o faz encontrar pessoas que o aceitam como ele é, sendo elas também de bom coração e já tendo vivenciado coisas terríveis, igual a ele. E, como um bom menino que é, ele sempre faz algo para retribuir a ajuda que recebeu das pessoas, o que acaba mudando positivamente a vida dos demais para melhor. Suas intenções são sempre boas e é muito bonito ver um menino tão pequeno que sofreu nas mãos dos pais ser tão diferente deles e propagar o amor ao próximo ao invés de se tornar alguém carrancudo e malvado.


“(...) Mas para mim elas parecem bem normais.
Palmira deu um sorriso.
– É porque elas são normais – disse ela. – Nós todos somos. A ideia que elas têm de normal, por acaso, é diferente das que outras pessoas têm. Mas esse é o mundo em que a gente vive. Algumas pessoas simplesmente não aceitam uma coisa que fuja da experiência que elas têm.”
Claro que a história tem um ar de fantasia, afinal essas situações não poderiam existir na nossa realidade por diversos fatores, mas, por incrível que pareça, a explicação que Boyne encontrou para o fato de Barbany flutuar é aceitável, e em uma dimensão paralela quase poderia ser real.


Dos personagens, nem precisava comentar, mas realmente odiei os pais, e não entendo como podem fazer algo tão terrível com o próprio filho e, pior ainda, sendo ele uma criança, mesmo que tenham suas motivações para agirem como agem na questão do “ser normal”. Pior que existem muitos pais horríveis por aí que fazem coisas tão ruins quanto com seus pequenos e isso me revolta profundamente!!
Enquanto isso, amei os irmãos de Barbany, que crianças meigas, mesmo com esses pais péssimos, também adorei conhecer junto com Barnaby boa parte das pessoas que ele encontrou no caminho e, claro, fiquei apaixonada pelo Capitão W. E. Johns (o cachorro da família), eu sou uma pessoa que ama animais e confesso que cães são os meus preferidos para ter de estimação, então fiquei ainda mais apaixonada com o melhor amigo de Barnaby.


“E aí ocorreu a Barnaby que ser normal não era tudo isso que diziam. Afinal de contas, quantos garotos que se dizem normais já haviam passado pelas mesmas aventuras que ele, ou conhecido as mesmas pessoas que ele? Quantos já haviam visto tanta coisa do mundo ou tanta gente pelo caminho?
[...]
E foi nesse momento que percebeu que gostava de ser diferente. Afinal de contas, havia nascido assim. E era assim que devia ser.”
O final é muito fofo! Na verdade ficou em aberto e não sabemos o que vai acontecer em seguida, e eu não sou muito fã desse tipo de finalização, porém, acho que nesse livro não poderia ter sido diferente porque se encaixou com tudo o que tinha acontecido, e nos deixou com aquele ar feliz e esperançoso de que coisas melhores viriam a seguir.


Ilustração do autor, John Boyne
A história é pequena e tem apenas 256 páginas, gostaria que fosse maior só porque eu queria poder acompanhar mais Barnaby nas suas aventuras, mas acho que teve um tamanho perfeito, já que deu tempo de acontecer tudo e ainda nos deixar com esse gostinho de quero mais. Além disso, a narrativa é tão rápida, fluida e cativante que as páginas são avançadas rapidamente e quando nos damos conta, infelizmente, o livro chegou ao fim. Ao fechar o livro ficamos com uma mensagem linda em nossos corações e aprendemos que o mais importante é nos aceitarmos como somos, independente das outras pessoas.
A parte gráfica também está maravilhosa, a começar pela capa linda com essa ilustração fofa em tons de verde e roxo com detalhes em azul, amarelo, marrom e vermelho, e apresenta capa complementar a contracapa. Para o livro ficar ainda mais bonito, a diagramação está incrível, a fonte do miolo, que apresenta tamanho e espaçamento confortável, não é preta e, sim, roxa, assim como todas as ilustrações internas feitas por Oliver Jeffers, que estão presentes em quase todos os capítulos, com traços e preenchimento na mesma cor. Os títulos dos capítulos estão em uma fonte diferente, assim como as legendas das imagens. As páginas são amarelas, facilitando a leitura por um período maior de tempo.


Indico “A Coisa Terrível que aconteceu com Barnaby Brocket” para pessoas de todas as idades. Às crianças, para aprenderem que ser diferente não é ruim, só o torna alguém especial, aos adultos porque tenho certeza de que vão se emocionar e se encantar com a singela e comovente história do menino Barnaby Brocket.
Avaliação


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8 comentários:

  1. Poxa, que terrível abandonar uma criança de 8 anos meiga e com um dom especial!
    Não dá para entender esses pais!
    Curiosa para conhecer a história de Barnaby e conhecer as pessoas que ele conheceu no caminho!
    Amei essa capa, coisa mais linda essa msitura de cores baby! *_*

    beijos,
    Aninha Frazão
    aninhafrazao@hotmail.com
    https://www.facebook.com/aninhafrazao

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  2. Eu queria que uma coisa terrível dessas acontecesse comigo! ¬¬ kkkkkkkkk
    Que resenha mais fofa! Eu quero!
    Não gostei muito da capa, mas amei sua resenha, fiquei sentindo a mesma felicidade que vc sentiu! rsrsrsrsrrs

    bjo bjo^^

    Ana Paula
    rockanapcm1@gmail.com
    https://www.facebook.com/rockanapcm?ref=tn_tnmn

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  3. Oi.
    Adorei a resenha e as ilustrações do livro me deixou bem curiosa pelo livro, tenho bastante interesse em comprar ;)

    Beijos.
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  4. Cara, esse livro despertou totalmente meu interesse. Não apenas pela gráfica linda, mas pela simplicidade da história. Acho que fazer com que uma obra tão simples interesse leitores de todas as idades, é realmente um dom. Estou louca pra comprar!

    Vitória Brum
    vitoriabrumid@live.com
    http://www.facebook.com/vitoriadosstsbrum

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  5. Gente, adorei! É uma história bem diferente do que a gente costuma ver por aí.
    Adorei a resenha!
    http://www.doceilusao.com/

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  6. Oi. Eu já li um livro do autor, mas como eu adorei de paixão, eu pesquisei outros e acabei encontrando esse. E tô esperando para poder compra-lo, porque com certeza eu vou amar esse livro haha. Sua resenha e seu blog são lindos, já me indentifiquei com vários livros resenhados aqui, bom gosto hein? hahaha
    Enfim, dá uma passadinha no meu blog se puder, iria adorar se comentasse:

    www.biblioteque-se.blogspot.com
    kisses, bia

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  7. Tem meu e-mail: babi.firmino@yahoo.com.br
    Facebook:https://www.facebook.com/barbara.dantas.906 (mas quase nunca entro)

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  8. Lindo mesmo esse livro, parece uma história bem bonita e desperta bastante curiosidade!!
    Quero lerrr!!

    fabricio-fenix2010@hotmail.com
    https://www.facebook.com/#!/fabricio.rufino.3

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