Quando a Bela Domou a Fera – Contos de Fadas #01 – Eloisa James

Piers Yelverton, é o conde de Marchant e vive em um castelo no País de Gales, onde é um ótimo médico e atende os mais variados pacientes. Apesar de sua maravilhosa fama como profissional, não se pode dizer o mesmo de seu temperamento, que é difícil, irritadiço e arrogante, e ele age como superior, além de não tratar ninguém bem e não estar nem aí para os sentimentos alheios.
Enquanto Linnet é uma beleza estonteante que chama a atenção por onde passa. Ela é carismática, inteligente e não tem problema nenhum em dizer o que pensa. Mas acaba sendo enganada por um príncipe, fazendo com que as pessoas comecem a falar dela pelas suas costas, atraindo para si uma fama terrível e acabando com suas chances de arrumar um bom casamento.
Por conta disso e de uma falsa gravidez, ela precisa de um marido. E sua tia chega com uma ideia brilhante que tem tudo para dar certo. É aí que Linnet vai parar em Gales, no castelo daquele conde irritante, que ela tem certeza de que conseguirá domar em pouquíssimo tempo. Só que conseguir isso pode ser um pouco mais difícil do que parece. Piers não está disposto a entregar seu coração a ninguém, mas talvez a própria Linnet não consiga segurar os próprios sentimentos por ele. Resta saber se ela estará pronta para pagar o preço por isso e se ele, enfim, se libertará das amarras que colocou ao redor de si mesmo.
Confesso que estava esperando muito deste livro e, por conta disso, fiquei um pouco decepcionada com a leitura, que não atingiu minhas expectativas. O que mais me incomodou foi o fato de que não adorei nenhum dos dois protagonistas. Eles até têm seus momentos interessantes, mas não são pessoas que me cativaram tanto assim.  
Eu gostei bastante do começo da obra e cheguei a pensar que iria amá-la. E, com o passar das páginas, ainda podemos observar os comentários ácidos, o sarcasmo e a forma direta com que os personagens interagem. Também achei a trama divertida e envolvente. Além de alguns personagens secundários terem sido interessantes, só que não tiveram uma profundidade muito grande. Estas foram as características que eu mais curti e foram responsáveis pela parte boa da mesma.
Mas o resultado final, para mim, foi mediano. Não gostei muito do protagonista masculino, Piers, que foi inspirado no Dr. House da série de TV. Nunca assisti a esta série, então não sei o quanto ele parece com o personagem, mas admito que não fiquei tão entusiasmada para conhecê-lo depois desta leitura, não. Além do mais, me incomodou a forma como ele tratou Linnet na maior parte do livro, sendo que até quando estávamos nos aproximando do final ele não melhorou muito e a jovem teve que enfrentar coisas terríveis, ficando à beira da morte por conta da arrogância dele.
E se tem algo que me incomoda é quando as mulheres se humilham e se rebaixam para os homens. Principalmente quando ele só a repudia e a trata mal. Dá vontade de sacudi-la e falar para ganhar um pouco mais de amor próprio ou pelo menos não demonstrar tão abertamente o quanto ele a domina, sendo que o mesmo não merece ser dono deste poder. Só de lembrar o modo como ele falou com ela (principalmente numa cena específica se aproximando do final) e a mesma basicamente implorando por ele, já fico irritada.
As personalidades dos dois foram bem construídas, principalmente levando-se em conta que podemos entender o que os levou a ser como são e agir da maneira como o fazem. Podemos conhecê-los mais a fundo, tanto seus anseios e frustrações e todas as experiências que os moldaram para chegar aonde estão. E isso foi maravilhoso de poder acompanhar.
Como de costume em romances do gênero, a narrativa é em terceira pessoa e acompanha ambos os protagonistas, em capítulos alternados. Curto esse formato, porque assim podemos ter uma visão bem ampla dos acontecimentos e ainda entender muito bem tanto Linnet quanto Piers, seus sentimentos, ações e até passados. Também gostei da forma de escrita da autora, que é leve e envolvente.
Além disso, no meio de tantos enredos semelhantes nesse mundo de obras de época, acho que Eloisa James foi feliz em nos trazer algumas diferenças e um cenário não tão usual quanto os demais, o que resulta em uma maior liberdade para ambos os personagens, que não precisaram contar tanto assim com as convenções da época, como teriam feito se estivessem numa temporada em Londres, por exemplo.
E ainda nos apresenta informações médicas da época, resultado de grandes pesquisas da autora sobre o assunto, fazendo com que tenhamos tido uma construção de cenário e momento histórico bem realista e dando-nos a impressão de que pudéssemos estar ali, dentro das páginas com os personagens numa história verídica. Apesar de algumas descrições serem bem detalhadas, o que algumas pessoas podem não considerar tão necessárias assim em livros do estilo.
Como comentei anteriormente nesta resenha, não posso dizer que tenha gostado tanto assim do romance entre Piers e Linnet, principalmente porque ele não me agradou em nada. Mas de maneira geral eles não me convenceram tão bem como apaixonados e não senti aquela sensação gostosa de torcida para que ficassem juntos o quanto antes. Mas pelo menos a construção do mesmo foi feita gradativamente, o que sempre me agrada. E, para quem gosta de saber, há cenas quentes.
Não sou muito fã das capas da série, não, em especial esta primeira, que achei bem sem graça e feinha. Sei que a editora queria sair um pouco do padrão dos romances de época publicados no Brasil, mas acho que o resultado final não ficou legal. Eu só tive vontade de ler porque é uma obra do meu gênero favorito, e a Julia Quinn, uma das minhas autoras preferidas, o recomendou, porque se fosse só pela capa eu não me interessaria.
A série originalmente tem um total de cinco volumes mais quatro contos extras, e ainda não sei quantos a Arqueiro pretende publicar por aqui. Dentre eles, adaptações de A Princesa e a Ervilha e Rapunzel. Lá fora, este volume foi o segundo a ser publicado. Aqui no Brasil, a Editora Arqueiro optou por lançá-lo primeiro, aproveitando o gancho do filme A Bela e a Fera. Mas os próximos dois exemplares, “Um Beijo à Meia-Noite”, com uma adaptação de Cinderela, e “A Duquesa Feia”, que adapta O Patinho Feio já estão confirmados e têm até capa. O primeiro deles será lançado ainda este ano por aqui, provavelmente em setembro, e o segundo ficou para 2018. Tenho interesse em ler ambos, mas principalmente o terceiro por se tratar de uma adaptação de uma história que nunca antes vi sendo feita em formato de história de amor pelo que me lembre.
“Quando a Bela Domou a Fera” é um romance de época interessante, com ótimas tiradas e comentários sarcásticos. A trama foi bem desenvolvida, assim como o pano de fundo, e o romance tem seus momentos quentes. Apesar de não ter sido uma obra que eu amei completamente, gostaria de indicá-la a todos os leitores do gênero.
Avaliação



Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário