Piers
Yelverton, é o conde de Marchant e vive em um castelo no País de Gales, onde é
um ótimo médico e atende os mais variados pacientes. Apesar de sua maravilhosa
fama como profissional, não se pode dizer o mesmo de seu temperamento, que é
difícil, irritadiço e arrogante, e ele age como superior, além de não tratar
ninguém bem e não estar nem aí para os sentimentos alheios.
Enquanto
Linnet é uma beleza estonteante que chama a atenção por onde passa. Ela é
carismática, inteligente e não tem problema nenhum em dizer o que pensa. Mas
acaba sendo enganada por um príncipe, fazendo com que as pessoas comecem a falar
dela pelas suas costas, atraindo para si uma fama terrível e acabando com suas
chances de arrumar um bom casamento.
Por conta
disso e de uma falsa gravidez, ela precisa de um marido. E sua tia chega com
uma ideia brilhante que tem tudo para dar certo. É aí que Linnet vai parar em
Gales, no castelo daquele conde irritante, que ela tem certeza de que
conseguirá domar em pouquíssimo tempo. Só que conseguir isso pode ser um pouco
mais difícil do que parece. Piers não está disposto a entregar seu coração a
ninguém, mas talvez a própria Linnet não consiga segurar os próprios
sentimentos por ele. Resta saber se ela estará pronta para pagar o preço por
isso e se ele, enfim, se libertará das amarras que colocou ao redor de si
mesmo.
Confesso que
estava esperando muito deste livro e, por conta disso, fiquei um pouco
decepcionada com a leitura, que não atingiu minhas expectativas. O que mais me
incomodou foi o fato de que não adorei nenhum dos dois protagonistas. Eles até
têm seus momentos interessantes, mas não são pessoas que me cativaram tanto
assim.
Eu gostei
bastante do começo da obra e cheguei a pensar que iria amá-la. E, com o passar
das páginas, ainda podemos observar os comentários ácidos, o sarcasmo e a forma
direta com que os personagens interagem. Também achei a trama divertida e
envolvente. Além de alguns personagens secundários terem sido interessantes, só
que não tiveram uma profundidade muito grande. Estas foram as características
que eu mais curti e foram responsáveis pela parte boa da mesma.
Mas o
resultado final, para mim, foi mediano. Não gostei muito do protagonista
masculino, Piers, que foi inspirado no Dr. House da série de TV. Nunca assisti
a esta série, então não sei o quanto ele parece com o personagem, mas admito que
não fiquei tão entusiasmada para conhecê-lo depois desta leitura, não. Além do
mais, me incomodou a forma como ele tratou Linnet na maior parte do livro,
sendo que até quando estávamos nos aproximando do final ele não melhorou muito
e a jovem teve que enfrentar coisas terríveis, ficando à beira da morte por
conta da arrogância dele.
E se tem
algo que me incomoda é quando as mulheres se humilham e se rebaixam para os
homens. Principalmente quando ele só a repudia e a trata mal. Dá vontade de
sacudi-la e falar para ganhar um pouco mais de amor próprio ou pelo menos não
demonstrar tão abertamente o quanto ele a domina, sendo que o mesmo não merece
ser dono deste poder. Só de lembrar o modo como ele falou com ela (principalmente
numa cena específica se aproximando do final) e a mesma basicamente implorando
por ele, já fico irritada.
As
personalidades dos dois foram bem construídas, principalmente levando-se em
conta que podemos entender o que os levou a ser como são e agir da maneira como
o fazem. Podemos conhecê-los mais a fundo, tanto seus anseios e frustrações e
todas as experiências que os moldaram para chegar aonde estão. E isso foi
maravilhoso de poder acompanhar.
Como de
costume em romances do gênero, a narrativa é em terceira pessoa e acompanha
ambos os protagonistas, em capítulos alternados. Curto esse formato, porque
assim podemos ter uma visão bem ampla dos acontecimentos e ainda entender muito
bem tanto Linnet quanto Piers, seus sentimentos, ações e até passados. Também
gostei da forma de escrita da autora, que é leve e envolvente.
Além disso,
no meio de tantos enredos semelhantes nesse mundo de obras de época, acho que Eloisa
James foi feliz em nos trazer algumas diferenças e um cenário não tão usual
quanto os demais, o que resulta em uma maior liberdade para ambos os
personagens, que não precisaram contar tanto assim com as convenções da época,
como teriam feito se estivessem numa temporada em Londres, por exemplo.
E ainda nos
apresenta informações médicas da época, resultado de grandes pesquisas da
autora sobre o assunto, fazendo com que tenhamos tido uma construção de cenário
e momento histórico bem realista e dando-nos a impressão de que pudéssemos
estar ali, dentro das páginas com os personagens numa história verídica. Apesar
de algumas descrições serem bem detalhadas, o que algumas pessoas podem não
considerar tão necessárias assim em livros do estilo.
Como
comentei anteriormente nesta resenha, não posso dizer que tenha gostado tanto
assim do romance entre Piers e Linnet, principalmente porque ele não me agradou
em nada. Mas de maneira geral eles não me convenceram tão bem como apaixonados
e não senti aquela sensação gostosa de torcida para que ficassem juntos o
quanto antes. Mas pelo menos a construção do mesmo foi feita gradativamente, o
que sempre me agrada. E, para quem gosta de saber, há cenas quentes.
Não sou
muito fã das capas da série, não, em especial esta primeira, que achei bem sem
graça e feinha. Sei que a editora queria sair um pouco do padrão dos romances
de época publicados no Brasil, mas acho que o resultado final não ficou legal.
Eu só tive vontade de ler porque é uma obra do meu gênero favorito, e a Julia
Quinn, uma das minhas autoras preferidas, o recomendou, porque se fosse só pela
capa eu não me interessaria.
A série
originalmente tem um total de cinco volumes mais quatro contos extras, e ainda
não sei quantos a Arqueiro pretende publicar por aqui. Dentre eles, adaptações
de A Princesa e a Ervilha e Rapunzel. Lá fora, este volume foi o
segundo a ser publicado. Aqui no Brasil, a Editora Arqueiro optou por lançá-lo
primeiro, aproveitando o gancho do filme A
Bela e a Fera. Mas os próximos dois exemplares, “Um Beijo à Meia-Noite”,
com uma adaptação de Cinderela, e “A
Duquesa Feia”, que adapta O Patinho Feio
já estão confirmados e têm até capa. O primeiro deles será lançado ainda este
ano por aqui, provavelmente em setembro, e o segundo ficou para 2018. Tenho
interesse em ler ambos, mas principalmente o terceiro por se tratar de uma
adaptação de uma história que nunca antes vi sendo feita em formato de história
de amor pelo que me lembre.
“Quando a
Bela Domou a Fera” é um romance de época interessante, com ótimas tiradas e
comentários sarcásticos. A trama foi bem desenvolvida, assim como o pano de
fundo, e o romance tem seus momentos quentes. Apesar de não ter sido uma obra
que eu amei completamente, gostaria de indicá-la a todos os leitores do gênero.
Avaliação
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