O ano é
1816, e estamos na Inglaterra, onde Lydia Preston participa de sua primeira
temporada. Há muitas expectativas para esse período, recheado de eventos,
danças e situações diversificadas. Lydia não é a mais calma e ajuizada das
moças, o que pode ser terrível para sua reputação, não que ela esteja realmente
ligando para isso, o que com certeza pode vir a ser um grande problema. Mas ela
está com sorte, afinal conta com uma acompanhante de peso, a também jovem
Bertha, que não está se apresentando na sociedade por vir de uma família mais
humilde, sem recursos ou títulos, apesar de ter tido toda a educação que Lydia
teve, afinal foi criada pelos Preston com todo amor, carinho e respeito, como
se pertencesse à família, com o consentimento de seus pais.
Bertha Gale
leva sua função bem a sério, fazendo de tudo para manter Lydia na linha, mas as
duas logo passam a fazer parte de um divertidíssimo grupo de amigos que vai
acabar se revelando um pouco mais rebelde do que a sociedade permite. E, no
meio deles, vai conhecer justamente Eric Northon, o belo, adorável, rico e
melhor partido da temporada, já que é o mais cobiçado por todas, justamente
porque tem a intenção de se casar naquele ano e é um visconde que logo se
tornará conde. Ele mexe com nossa protagonista de uma forma que ninguém poderia
prever, a faz ficar balançada, deixa sua vida de pernas para o ar e muda tudo o
que ela sempre achou que sabia.
Será que
Bertha será capaz de abrir seu coração e entregá-lo a ele, colocando em risco
tudo o que construiu até agora? Indo contra diversas pessoas, principalmente
porque ela sente que não o merece, levando em consideração seu nível social com
relação ao dele e o que todo mundo acha ser correto? Ou ela irá vencer todas as
batalhas com força de vontade e lutar pelo seu amor, não importando as
consequências? A decisão será difícil e ela enfrentará diversos percalços pelo
caminho, como já podemos imaginar, mas será que o amor falará mais alto?
Desde que a
Editora Charme publicou “O Refúgio do Marquês”, primeiro livro da série “Os
Preston”, em 2015, tenho muita vontade de lê-lo, afinal, trata-se de um romance
de época escrito por uma autora nacional! Para quem não sabe, amo esse gênero,
que é um dos meus favoritos, e acho importante sempre prestigiar talentos
brasileiros, afinal é um grande orgulho vê-los escrevendo maravilhosamente bem
e sendo reconhecidos pelas editoras, o que não ocorre com a frequência que
gostaríamos. Mas, infelizmente, não tive oportunidade de ler o volume inicial
desta série ainda, o que não me impediu de desejar arduamente esta continuação,
já que conta com outros protagonistas e seu próprio enredo com começo, meio e
fim. Então, assim que recebi meu exemplar, mergulhei nessas páginas e posso
afirmar que a experiência foi, como já esperava, maravilhosa.
A narrativa
de Vargas é realmente deliciosa, e ela soube inserir momentos cômicos muito
bem, assim como as maravilhosas cenas românticas de fazer suspirar, e ainda
incluiu situações tensas, tristes e desesperadoras, só para deixar tudo mais
completo e despertar os mais diversos tipos de sentimentos no leitor.
Uma das coisas
que mais gostei neste livro é o contexto histórico que a autora inseriu em sua
trama, afinal dá para notar claramente que ela fez muitas pesquisas sobre a
época, os costumes, os cenários e até acontecimentos, importantes ou
corriqueiros, de como era a vida no século XIX, e soube transmitir isso ao
leitor de uma forma completamente prazerosa e muito interessante. Afinal, a
gente consegue se imaginar inserido naquele cenário como se realmente
estivéssemos vivendo nele e não nos dias de hoje, dois séculos depois.
Apesar de o
foco do livro ser a vida de Bertha, com grande destaque para o romance que ela
vive com Eric, a autora não se prendeu a eles dois ou aos acontecimentos em que
eles fossem os principais. Podemos acompanhar diversos outros personagens
(mesmo que não com a mesma proporção), a interação entre eles, o ciclo de
amizades que se forma entre alguns jovens que estão frequentando a temporada,
alguns acontecimentos da época e, ainda, um pano de fundo do casamento e
família de Henrik e Caroline, protagonistas do primeiro livro, fazendo com que
os leitores que acompanharam estes dois possam saber o que o futuro lhes
reservou, e ainda possam ver algumas dificuldades que acabaram enfrentando em
suas vidas.
Gostei
bastante do grupo de amigos criado pela autora e fiquei com vontade de revê-los
em muitas outras obras, então estou torcendo para que Lucy decida escrever
livros protagonizados por pelo menos alguns deles, com destaque para Lorde
Deeds (o famoso Lorde Pança), que eu absolutamente adorei e espero muito que
consiga conquistar o coração de uma moça tão adorável quanto ele. Já li
diversas obras do gênero, de variadas autoras, e não me lembro de ter visto um
círculo de amizade como esse antes, o que só o torna, além de original, ainda
melhor e mais especial. O mais bacana é que eles realmente foram inspirados em
grupos de amigos que existiram no século XIX, como fala no final do exemplar,
então mais pontos para ela.
Eric Northon
é um fofo, daquele tipo que nos faz suspirar e desejar ter alguém parecido em
nossas vidas. Ele sabe que gosta dela e faz de tudo para que Bertha o note,
mesmo precisando ir contra muitas pessoas e tendo que lutar com mais afinco
para conquistá-la. E acaba fazendo isso sem medir esforços e luta com as
consequências. O desenvolvimento do romance foi maravilhoso, e faz com que a
gente fique torcendo pelo casal, para que consigam superar os obstáculos,
ficarem juntos e serem muito felizes.
A única
coisa que me incomodou foi que Bertha procurava muito a infelicidade, inclusive
acho que ela fazia mais isso consigo mesma do que as pessoas ao seu redor. Ela
simplesmente nem tentava encontrar alguma solução para seu problema, apenas o
aceitava como certeza absoluta e ficava resignada e triste porque não podia
fazer nada para mudar a situação. Exceto que ela podia, nós sempre podemos
fazer alguma coisa se tentarmos. Pode
não sair do jeito como queríamos ou precisávamos, mas pelo menos podemos saber
que tentamos mudar aquilo e fizemos tudo ao nosso alcance. Mas não Bertha, e
isso me deixou agoniada, confesso.
Como
comentei mais acima, não li o primeiro volume ainda porque não tive a
oportunidade, mas posso afirmar que o segundo, apesar de ter algumas
informações do primeiro e contar com personagens que também apareceram por lá
(inclusive porque os pais de Lydia, Henrik e Caroline, que cuidam de Bertha,
são os protagonistas) é totalmente independente e pode ser lido sem a
necessidade do anterior para ser entendido. Mas é claro que ler os dois e na
ordem é sempre melhor. Estou ansiosa para ler o volume inicial desta série e
mal vejo a hora de conseguir.
Lucy Vargas
é uma autora de mão cheia, e já escreveu dez livros, sendo cinco romances de
época, e pelo menos mais um será publicado este ano. Destes, dois foram
publicados pela Editora Charme, ambos da série “Os Preston”: “O Refúgio do
Marquês”, e este da resenha, “Uma Dama Imperfeita”; os demais são
independentes.
Adoro a capa
do livro anterior, mas infelizmente não sou muito fã desta, porque achei que a
estampa do vestido fez com que a capa parecesse ter muita informação, além do
necessário. Porém, ao olhá-la, dá para notar que trata-se de um romance de
época, o que automaticamente me faz desejá-lo. Muito. A diagramação padrão da
Editora Charme está presente neste exemplar e é bastante confortável para uma
leitura agradável, só que a fonte não é muito grande, o que pode incomodar
alguns leitores, o que não aconteceu comigo. Por outro lado, as páginas são
amarelas, o que é um ponto positivo para muita gente.
“Uma Dama
Imperfeita” é uma obra maravilhosa, com personagens carismáticos e cativantes,
um romance de arrebatar leitores, uma pitada de diversão e outra de drama. Este
livro mexeu com meus sentimentos e conquistou meu coração, e tenho certeza de
que fará o mesmo com você.
Avaliação
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