Alex leva
uma vida bastante solitária, afinal seu pai foi embora, sua mãe vive bêbada e
nem consegue mais passar um tempo de qualidade com a filha, sua “perfeita” irmã
mais velha é casada e feliz e não tem tanto contato com a garota, e ela não tem
nem amigos. Em seu aniversário de dezessete anos, bastante melancólica e sem
ninguém com quem comemorar, ela acaba indo a um parque que sempre frequenta, e
cai no choro com toda a situação em que sua vida se encontra. E é quando as
coisas começam a mudar.
No meio de
sua crise de choro, ódio e tristeza, eis que aparece um garoto que a pergunta
se está bem e a oferece para levá-la para casa. Jacob, como se apresenta, é uma
graça com seu estilo nerd, e lindos olhos azuis por trás dos óculos de grau. Ela
acaba aceitando sua companhia, meio a contragosto, e acaba gostando um pouco
dele, mesmo que em seguida decida fugir, deixando-o para trás.
Mas a cidade
de Chestertown é realmente pequena e eles acabam se encontrando no colégio onde
ela estuda, passam a se conhecer melhor, e sentimentos acabam surgindo entre os
dois. Será que Alex está realmente preparada para se entregar emocionalmente a
outra pessoa quando sua vida está uma bagunça? E será que Jake vai retribuir
sua confiança e carinho?
Este é o
primeiro livro juvenil lançado pela Editora Charme, e também o primeiro pelo
selo Entrelinhas, dedicado aos autores nacionais. Quando a capa foi revelada,
logo me vi encantada e cheia de vontade de conhecer a obra mais a fundo,
principalmente porque gosto bastante de enredos jovens e este parecia
especialmente gracioso. Então, assim que foi possível, comecei minha leitura,
que coincidentemente foi no dia vinte de abril, mesma data em que a história
começa.
A trama
construída por Thaís é fofa, com personagens adoráveis e situações reais que a
grande maioria dos jovens enfrenta, como primeiro amor, amizades, inseguranças,
medo do desconhecido, vida no ensino médio, etc., fazendo com o leitor desta
faixa etária crie uma grande identificação com o que está lendo, quem já passou
da idade pode recordar este período tão gostoso, e quem ainda não passou por
isso pode continuar imaginando até chegar o momento de vivenciar suas próprias
experiências.
Alguns
outros pontos que a autora introduziu estão presentes na realidade do ser
humano, mesmo que nem todos os jovens enfrentem, como alcoolismo na família, abandono
por parte de um parente próximo, como no caso do pai de Alex, dificuldade em
fazer amizades, falta de habilidades sociais, afastamento sentimental em
relação à família, entre outras, que são muito importantes e sempre tópicos
consideráveis para serem comentados em livros neste estilo, por isso que a
autora ganhou pontos positivos comigo por utilizá-los em sua trama.
A narrativa
de Thaís é bem gostosa e bastante fluida, e, por conta de o livro também não
ser tão extenso (tem menos de duzentas páginas), a gente mal começa a leitura
e, quando percebemos, já chegamos ao final.
Minha
opinião fica dividida em relação a protagonista, Alex. Em alguns momentos eu
gostava dela e torcia para que tudo desse certo e que ela se resolvesse, em
outros ela me irritava bastante por sua falta de coerência, já que mudava de
opinião com muita facilidade sem motivo nenhum aparente, e também era
sentimentalista demais, a ponto de chorar em abundância. Principalmente para o
final da leitura, as cenas em que ela não consegue conter as lágrimas e acaba caindo
no choro copiosamente são muitas, o que acaba chateando um pouco o leitor.
De todos os
personagens, os mais participativos, além da protagonista, foram Jake e
Annabel, que acaba se tornando uma grande amiga de Alex. Ela tem atitude, é
engraçada, fofa, uma boa amiga, e já viveu vários relacionamentos amorosos que
não deram certo. Acho que seria bem interessante se a autora desenvolvesse uma
história para Anna, pois eu com certeza iria querer ler um livro com ela como
protagonista. O que me resta é torcer para que isso realmente aconteça.
“– Você pode fazer o que quiser, Annabel. Nós podemos fazer o que quisermos.
Sonhar é de graça, mas realizar vem com a vontade de querer mudar.”
Jake é
bastante fofo, daquele tipo de garoto que faz as meninas suspirarem, tanto nas
páginas, quanto fora delas, com aquele jeitinho encantador e carismático. Ele
está sempre ali, apoiando Alex e deixando sua vida melhor e mais leve. E, mesmo
quando ela insiste em manter-se afastada dele ou quando o “empurra” para longe,
Jake continua ali pela garota, perdoando-a, indo atrás delas muitas vezes,
relevando algumas de suas atitudes, e sentindo cada vez mais carinho por ela,
mesmo com tudo isso. Mas não considero que tenhamos conhecido tanto assim o
personagem por fora do contato com Alex. Mesmo que a narrativa tenha sido feita
em primeira pessoa por ela, gostaria de ter sabido mais detalhes sobre a vida
pessoal do garoto, o que ele realmente sente por outras pessoas e suas
interações com elas (como família e amigos), e o que ele deseja/pretende da
vida, seus problemas, anseios, felicidades, etc.
O romance
entre os dois é uma gracinha, porque mostra sobre as descobertas dos
sentimentos, a forma como eles descobrem juntos o que é sentir algo a mais por
outra pessoa e se entregar a estas sensações, como fazem para confiar um no
outro e como Alex precisa confiar nela mesma também, aceitar a si própria e a
sua vida, para depois aceitá-lo.
Só achei as
atitudes de Alex inconsistentes demais. Por exemplo, ela ficava desejando ser
beijada por Jake em diversas páginas, implorando por pensamento que isso
acontecesse, se chateando quando não se concretizava, mas, quando o beijo de
fato ocorria, ela se afastava ou chorava, ou outra coisa parecida, e depois
voltava a querer beijá-lo de novo para afastá-lo em seguida. Essas mudanças de
opinião, não só neste ponto, como em diversos outros, realmente incomodava,
principalmente porque não existia uma explicação concreta de o porquê de Alex
estar fazendo isso.
E acredito
que a autora poderia ter explorado muito mais algumas situações e sentimentos
dela e de outros personagens, porque de vez em quando eu ficava com uma
sensação de não ter conhecido tudo o suficiente, principalmente no final,
quando as informações foram jogadas sem aprofundamento, o que acabou impedindo
o despertar das minhas emoções, que deveriam ter se manifestado por conta do
que aconteceu.
A parte
gráfica deste livro está um arraso! Começando pela capa, que é a coisa mais
fofa, e passa bastante a ideia do enredo, tanto por conta da ilustração, quanto
pelas cores, transmitindo um ar todo juvenil e encantador. A diagramação
interna está muito bonita e complementa a capa, ou seja, todas as folhas
possuem esta textura gráfica que está presente também na capa, e ainda conta
com diversos detalhezinhos, como corações no início dos capítulos e na
numeração das páginas, e uma mini ilustração com os pés, igual à da capa
também, só que tudo em tons de cinza, muito fofo mesmo!
Se você
busca um romance juvenil bem leve e descontraído, que seja volume único, e de
autores nacionais, para valorizar os escritores brasileiros, então pode gostar
de “Quando o Amor Acontece”.
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