Depois de
passar pelo Teste e conquistar a possibilidade de frequentar as aulas na
Universidade para se tornar uma das líderes da Comunidade das Nações
Unificadas, o futuro de Malencia Vale parece ser perfeito, principalmente
levando em consideração que ela é uma das mais inteligentes do local e ainda
tem um namorado incrível em quem pode confiar ao seu lado, para acompanhá-la e
ajudá-la a enfrentar tudo o que vier pela frente.
Os
responsáveis pelo teste acreditam que nenhum dos aprovados ainda guarde alguma
memória do que aconteceu naquele terrível período que tiveram que enfrentar
para chegar onde estão, mas alguns deles têm recordações completas, outros
apenas fragmentos. E isso pode ser bastante perigoso.
O que fazer
com estas informações? Ficar em silêncio enquanto buscam suas próprias
sobrevivências, enfrentando o que for colocado em seus caminhos, protegendo
somente aqueles que amam e tendo um cuidado redobrado sobre o que fazer ou em quem
confiar? Expor tudo o que sabem com a esperança de que alguém os escute e faça
algo para mudar o país e salvar todas as próximas vítimas de uma morte quase
certa? Ou agir com calma e inteligência, descobrindo novas informações que
podem ajudá-los a revelar o verdadeiro e assassino propósito do Teste para,
posteriormente, encontrar uma maneira de acabar com tudo isso, salvando a vida
de milhões de pessoas inocentes que nem imaginam o que o futuro pode aguardar
para elas?
Mas nada
será fácil, porque neste mundo de intrigas, mentiras e busca por sobrevivência,
ninguém pode ser confiável, mas uma pessoa sozinha não conseguiria acabar com
toda uma rede de mentiras e mortes, liderada por poderosos e pessoas populares.
E um grande conflito poderia gerar uma grande guerra, matando milhares de
outros inocentes. E agora, o que fazer, como fazer e, mais importante, em quem
confiar? É isso que Cia precisa descobrir, antes que seja tarde demais.
Este é o
segundo volume da trilogia que começa com “O Teste” (clique no título para ler a resenha), mas não
há qualquer tipo de spoiler abaixo, então vocês podem ler tranquilamente,
mesmo quem ainda não leu o primeiro livro.
Não podemos
negar que a trama construída por Charbonneau continua bastante inteligente
nesta continuação, tudo o que ela coloca em suas páginas vem acompanhado de
explicações pertinentes e verdadeiras. Ou seja, Cia não faz absolutamente nada
sem refletir sobre o assunto primeiro, ponderar o que pode dar certo ou errado
e as consequências, etc., e ela comenta, em seus pensamentos, como fez para
chegar às suas conclusões, explicando-as minunciosamente. Isto ocorre em ações
que ela precisa fazer, decisões que tem que tomar, coisas que necessita
construir, quais caminhos deve tomar, em quem deve confiar, etc.
As partes
com ação e tensão ainda aparecem neste livro, mesmo que com menos intensidade,
porque é mais “escondido”, já que agora os estudantes de Tosu City também fazem
parte da trama central, que acontece na Universidade. Mas a autora soube
colocar perigos e mortes na iniciação e a insinuação de algo assim depois deste
período, já que esta última parte só podemos imaginar porque Cia não passa por
isso, mas descobre algumas verdades e desconfia de muitas outras.
Gostei de
ver que a autora soube criar umas reviravoltas muito bem feitas e que fazem
total coerência com os acontecimentos desde o começo do Teste até os dias
atuais. Joelle inclusive sabe interligar cada partícula da teia de
acontecimentos e informações criada por ela, não deixando algo sem explicação
ou mal colocado. Tudo faz sentido e se liga de alguma forma em certo momento.
Também dá
para notar as críticas que a escritora coloca em seu texto de forma sutil sobre
a nossa sociedade atual e também sobre o ser humano de maneira geral e é
realmente muito interessante prestar atenção nestes trechos para refletirmos
por fora da leitura.
Gostei
bastante desta sequência, tanto quanto do primeiro volume, mas a narrativa da
autora é meio lenta, já que ela é bem detalhista com cenários, objetos e coisas
relacionadas, e também bastante minuciosa com ações e comportamentos, o que
acaba tornando a leitura menos fluida e, consequentemente, mais cansativa. Eu
já pego meu exemplar para ler sabendo que vou demorar um pouco mais do que eu
geralmente demoro para terminar uma leitura do mesmo tamanho, por conta desta
dificuldade em avançar as páginas com mais agilidade. Não considero que este
seja um ponto negativo, mas acredito que a leitura flui melhor quando a pessoa
está no clima para este tipo de narrativa.
Cia já é
extremamente inteligente, com um QI possivelmente mais alto do que todas as
outras pessoas da série que conheci até agora, e isso levando em consideração
os outros alunos e também pessoas de cargos maiores, inclusive os muito
inteligentes ou renomados. Então sempre que há algum desafio Malencia é a
primeira, ou, no máximo, uma das top primeiras a terminar os desafios,
completar tarefas, desvendar pegadinhas, etc. E tudo isto com um raciocínio
extremamente rápido, ou seja, ela dificilmente demora um tempo um pouco mais
longo (acho até que isso nunca aconteceu) para completar ou descobrir alguma
coisa, tanto em relação ao que é obrigatório, quanto ao que ela só precisa/deseja
saber, como coisas “clandestinas”, por exemplo.
Além disso,
todos os desafios pelos quais Cia precisa passar, situações que tem que
enfrentar, ou objetos que precisa construir, ela sempre sabe como fazer para
chegar a um resultado final porque já passou por aquilo antes, já construiu
algo igual anteriormente, já leu sobre o assunto, ou conhece alguém que fazia
aquelas coisas, geralmente muito bem. Mesmo que ela tenha vivido sua vida
inteira em um local com pouco mais de mil habitantes e afastado de todo o
resto, tudo o possível e imaginável já aconteceu/foi feito por lá, o que acaba soando
meio artificial.
Só acho que
Cia tem muita sorte e às vezes isso soa até mesmo um pouco forçado e eu vou
explicar o motivo de achar isto. Mesmo com todas estas vantagens por conta de
sua inteligência, ela também está sempre no lugar ideal e na hora certa de
ouvir revelações que são descobertas muito importantes que mais ninguém antes
soube ou conseguiu encontrar, e nunca é pega escondida por alguém ruim, já que
os que geralmente acabam descobrindo-a por acaso ou porque a seguiram, são
pessoas boas que querem lhe ajudar ou vão fazer algo positivo para ela, além de
confiarem facilmente na garota mesmo com tanta gente sem ser digno de confiança
por perto, e, quando é alguém com má índole que a encontra, a pessoa se dá mal
porque ela é ajudada por outro.
Descobrimos
o segredo de Tomas que tinha ficado sem explicações antes, e também sabemos de
novas revelações sobre ele e, com isso, o romance entre ele e Cia dá um passo a
mais, resta vocês lerem para descobrir se é para frente ou para trás. Agora só vou
torcer – e esperar – que não haja mais nada escondido que possa mudar completamente
o modo como eles estão interagindo, que poderia colocá-la em perigo.
Há algumas
situações arrebatadoras mais para o final que eu definitivamente não estava
esperando, inclusive a morte de um personagem que eu gostava muito, o que me
deixou bastante abalada. E o fim em si nos deixa com aquela sensação de
“preciso do próximo para ontem!”, principalmente porque Cia fez algumas
descobertas que eu não havia previsto até então, e ela também percebeu que a
forma como estavam lidando com tudo aquilo não era exatamente a correta, se
dando conta de que ela mesma precisa modificar as coisas se quer ver tudo
mudar. Além disso, uma pessoa muito
importante está por perto e com certeza será de grande ajuda no último livro.
Amo estas
capas, que são lindas e únicas e representam completamente o enredo e a
protagonista, já que os símbolos tem tudo a ver com cada etapa que Cia está
vivenciando. Cada uma das obras é de uma cor predominante e a deste exemplar é
azul, e todos eles combinam entre si e ficam maravilhosos juntos na estante. A
capa da edição impressa tem alto relevo e verniz localizado no título e no
símbolo, além de números envernizados no fundo. A diagramação interna é super
confortável para a leitura, com fonte e espaçamentos em tamanhos ideais. As
folhas são amarelas e na orelha de trás há um marcador destacável lindíssimo.
Esta é uma
trilogia cujos três volumes já foram publicados no Brasil, assim como o conto
#0.5, denominado “O Teste - Uma Introdução”, que foi lançado exclusivamente em
versão digital, mas pode ser baixada gratuitamente em diversas livrarias online
nacionais. Então, quem não gosta de esperar, pode ir correndo comprar seus
exemplares, e quem curte edições econômicas por serem mais em conta, também
podem encontrar com facilidade um box com os três livros.
Para aqueles
que querem uma distopia extremamente bem construída, com uma protagonista forte
e inteligente, um cenário bem explorado, um Teste terrível, buscas pela
sobrevivência e a possibilidade de confiar na pessoa errada assombrando cada
etapa do caminho, a trilogia “O Teste” é a indicação certa.
Avaliação
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