Hex Hall #03 – O Sacrifício – Rachel Rawkins

Esta é a resenha do último livro da trilogia, mas não há qualquer tipo de spoilers deste ou dos volumes anteriores, “Hex Hall #01– Sortilégio” e “Hex Hall #02 – A Maldição” (para conferir as resenhas, basta clicar nos títulos).

Depois de ser enviada para estudar na Hecate Hall – mais conhecida por Hex Hall –, um internato para jovens Prodígios (seres sobrenaturais) problemáticos, Sophie Mercer acaba descobrindo algumas coisas sobre seu passado, que mudam não só a visão que ela tinha de si mesma, como também a faz descobrir que é mais poderosa do que imaginava. Depois de pensar que isso poderia significar algo muito ruim, ela viaja para a Inglaterra com seu pai, Jenna, sua melhor amiga, e Cal, um jovem que mexe bastante com ela também, e eles ficam na Abadia Thorne, junto com alguns outros membros do conselho. E é lá que ela espera passar pela Remoção para eliminar seus poderes.

Só que depois Sophie percebeu que esse não era o caminho certo que deveria tomar. E, após alguns acontecimentos provenientes de tudo o que eles viveram em Abadia Thorne, Sophie está sob um feitiço que a impede de usar seus poderes, deixando-a vulnerável. Para piorar, ela precisa fugir do local quando algo muito ruim está acontecendo, deixando todos que ama para trás e sem saber se ainda estão vivos, enquanto ela vai ao encontro das Brannick, guerreiras que perseguem e matam sobrenaturais, ou seja, suas grandes inimigas, para poder encontrar sua mãe, já que ela teve uma informação de que era lá que ela estaria.

Agora ela descobre ainda mais segredos, tanto sobre seu passado, quanto algumas verdades sobre suas inimigas. E parece que, no meio de uma guerra épica que está prestes a acontecer, Sophie é a chave para evitar que o mal vença e um fim trágico prevaleça. Só que, para isso, Mercer precisará voltar para o Hex Hall para encontrar o único feitiço que pode ajudá-la a ter seus poderes de volta. Será que ela vai conseguir deter o mal a tempo e salvar a todos os prodígios e as pessoas ao seu redor?

Gosto muito desta trilogia e estava bem empolgada para conhecer a conclusão que a autora escreveu para Sophie e sua turma, então, assim que o tive em mãos, comecei a leitura o quanto antes.

Acho ótimo que Rachel sabe nos introduzir nos acontecimentos dos livros anteriores de uma forma rápida e direta e que nos faz ficar inteirados do que houve de importante. Eu li o primeiro volume logo quando foi lançado, em 2011, e o segundo no começo do ano passado, também na época de seu lançamento, então se ela não fizesse isso eu iria ficar perdida na história.

Adoro a forma de narrativa de Rawkins, que é muito gostosa de acompanhar, além de ágil. Quando você presta atenção, já avançou bastante na leitura, chegando quase no final (ou já terminando) da mesma. Eu quase não consegui largá-lo desde o momento em que pus as mãos no meu exemplar para começar a ler, só o fiz porque fui obrigada a parar, pois tinha outras coisas que eu tinha que fazer.

Este volume começa com um acontecimento logo depois do que houve no final do anterior, o que eu sempre gosto porque parece que assim a gente não perde nada do que os personagens vivem.

Adoro o humor sarcástico da personagem principal, Sophie, a nossa leitura fica mais leve e descontraída com sua pitada de piadinhas, fazendo com que os leitores se divirtam muito mais. De livros jovens adultos, ela é uma das minhas protagonistas preferidas. Também achei Sophie mais corajosa do que no livro anterior, onde ela teve uma atitude no final que me incomodou bastante.

Todos os personagens são bem reais quando deixamos de lado suas capacidades e habilidades mágicas, ou o fato de serem sobrenaturais, já que suas personalidades são coniventes com jovens da mesma idade, contando ainda com os dramas e comportamentos desta fase, só que com um toque de sobrenatural nos acontecimentos que os rodeiam.

Gostei muito da interação entre Sophie, Archer, Cal, Jenna e Elodie (!), eles formaram um grupo bem interessante que se ajudava, se apoiava e enfrentava as mais diversas situações, mesmo com um perigo iminente e a probabilidade de algo dar errado ser grande. A amizade entre eles foi bem bonita e divertida de acompanhar. Também curti muito a interação com a família, sua mãe e seu pai, que são pessoas incríveis.

Não gostei da morte, o tal sacrifício do subtítulo, de um personagem super importante e de quem eu gostava muito (ele era um dos meus preferidos), principalmente porque na minha opinião dava para ser evitada por Sophie, que poderia ter usado seus poderes facilmente para isto, mesmo que ela tenha dito que não (não posso explicar muito, pois seria spoiler), então para mim soou forçado porque parece que a autora apelou para satisfazer sua vontade de matar o personagem. Preferia que a cena desta morte pelo menos tivesse sido escrita de outra maneira, mais convincente.

O crescimento de Sophie ficou bem evidente, e, mais do que nunca ela está mais madura e responsável, sabendo lidar melhor com o que está a sua volta, mesmo que ainda mantenha sua personalidade sarcástica, que inclusive usa frases engraçadas em situações perigosas ou conflitantes, para aliviar a tensão de todo e qualquer momento em que está nervosa e também quando quer descontrair um pouquinho.

O triângulo amoroso está ali presente e é mais explorado do que nos outros dois volumes. Só fico com uma pergunta que serve para livros jovens em geral. Quando as protagonistas vão chegar ao último livro e vão escolher um lado do triângulo amoroso sem que: a) Aconteça alguma coisa com um dos garotos (o que provavelmente ela não ia escolher), como a morte; ou b) O lado do triângulo não escolhido resolve que nem gostava dela tanto assim também e já parte para outra garota? Porque vamos combinar, isso parece preguiça ou falta de coragem de fazer com que a protagonista escolha um e o outro personagem sofra e os leitores passem a não gostar da autora por isso, mesmo que a protagonista já tenha dado a entender há muito tempo quem era seu preferido e dono do seu coração de verdade.

A narrativa é simples e despretensiosa, até as coisas mais sérias não tem muita profundidade, não que isso seja ruim, porque encaixa perfeitamente com o estilo da narrativa e a proposta que foi criada e desenvolvida pela autora para a sua história, deixando tudo bem leve e gostoso de acompanhar.

Só acho que no momento mais importante da história, as coisas foram resolvidas de uma maneira relativamente fácil, já que uma outra personagem acabou facilitando as coisas para Sophie por conta de sua consciência e logo no momento certo. Também teve cenas muito importantes que foram bem superficiais, com tanto perigo que as rondava, eu esperava que fossem um pouco melhor desenvolvidas.

Já estou com saudades da trilogia Hex Hall criada por Rawkins, mas a autora criou uma outra trilogia, “School Spirits” que é um spin-off de Hex Hall, com uma personagem que teve uma participação neste volume, Izzy Brannick, e com certeza quero lê-la. O primeiro volume foi publicado no ano passado lá fora, mas o segundo ainda está sem previsão. Espero que a Galera Record resolva publicá-la por aqui também.

Novos personagens apareceram aqui em “Hex Hall #03 – O Sacrifício”, inclusive deixou um mistério sobre a Izzy em aberto, ele só foi meio que jogado ali, mas sem sabermos o que é por conta do spin-off citado acima, que trará ela como protagonista. Essa foi apenas a maneira de fazer com que o leitor queira conhecer a história desta menina também.

Este livro é dividido em três partes, que começam com um quote de “Alice no País das Maravilhas”, e dentro delas por capítulos. A diagramação é simples, mas muito bem feita, com fonte e espaçamento em tamanhos confortáveis para uma leitura por mais tempo, além de contar com páginas amarelas.

Eu amo, amo estas capas da trilogia e fico extremamente feliz que a Galera Record tenha voltado atrás na sua decisão anterior (de fazer capas ilustradas) e tenha optado por lançar todos os volumes com estas maravilhosas capas, que tem tudo a ver com o conteúdo, além de ficarem lindas na estante.

Geralmente não me incomoda tanto encontrar erros de digitação nos livros, mas este tem bastante e o nome da protagonista apareceu errado inúmeras vezes. E, se não me engano, ela odiava que a chamassem de Sophia.

Recheado de reviravoltas, além de novas descobertas, que acabam mudando totalmente o rumo da história, muito suspense, mas com um clima bem leve e por vezes descontraído, Hex Hall é uma trilogia sobrenatural divertida, com personagens incríveis e carismáticos, muito gostosa de acompanhar e que realmente vale a pena a leitura. Super recomendado!

Avaliação