Libby Lomax
tem vinte e nove anos e leva uma vida diferente do que esperou para si, afinal
segue uma carreira de atriz, para a qual nem tem vocação, e nunca nem ganha
papéis importantes, apenas pontas e figurações sem falas em projetos que ela
também não se importa. Para piorar ainda as coisas, tem uma mãe terrível, que
por acaso é sua empresária e a grande não incentivadora de sua carreira, já que
quer que a filha continue seguindo essa profissão, mas sempre a faz perceber
que não tem talento ou que vai conseguir algo a mais do que os papéis ruins que
consegue para ela; e ainda há a sua irmã mais nova, mais bonita e dona de uma
personalidade um tanto fútil, que gosta e quer ser sempre o centro das atenções
de tudo, e é a grande amiga de sua mãe, que a auxilia e incentiva na carreira
de atriz.
A sorte de
Libby é que ela tem Olly e Nora, seus dois melhores amigos desde a
adolescência, que a ajudam a enfrentar tudo de ruim que acontece ao seu redor.
Apesar de Nora estar morando longe e não ter tanto tempo assim para ela, já que
é uma médica de emergências e está sempre ocupada.
Sua vida
seguia normal, como sempre, até que, no set de filmagens de um dos seus novos
trabalhos, em que ela é uma figurante usando uma fantasia nada agradável, Libby
passa por uma situação completamente constrangedora. E, pior de tudo, bem na
frente de Dillon O’Hara, um ator lindo e bem cobiçado que está trabalhando no
mesmo projeto. Como se seu dia não pudesse piorar, eis que ela ainda por cima é
demitida e expulsa do local, sendo facilmente substituída por outra pessoa. Depois
de um dia péssimo, tudo que ela quer é deitar no sofá e assistir a “Bonequinha
de Luxo” mais uma vez, afinal mesmo nas telas de uma televisão, Audrey Hepburn
sempre será seu porto seguro.
O que
Libby não poderia prever é que este dia
não seria igual a todos os outros mesmo,
afinal, de repente, ninguém menos que Audrey Hepburn está sentada ao seu lado
em carne e osso – e viva! – com seu vestido preto, óculos escuros clássicos e
sua cigarrilha vintage, como se tivesse saído das telas para o pequeno apartamento
de Libby, e se torna sua grande amiga rapidamente, servindo de conselheira,
falando palavras de incentivo, passando bons momentos juntas e fazendo com que nossa
protagonista se sinta melhor a respeito de si mesma e de tudo o que vive. Mas
será que Libby será capaz de transformar o desastre que é sua vida em algo
cheio de glamour e acontecimentos espetaculares? Isso só o tempo irá dizer.
Desde a
primeira vez que me deparei com esta capa lindinha, fiquei super curiosa para
ler este livro, já que uma mistura de chick-lit + Audrey Hepburn prometia ser
algo maravilhoso. Depois de lido, concluí que realmente foi muito bom, e mal
vejo a hora de poder ler as continuações, que contam com “participações” de
outras famosas tão incríveis quanto Audrey, Marilyn Monroe e Grace Kelly.
Como nos
bons chick-lits, a protagonista daqui, Libby Lomax, é atrapalhada e vive
enfrentando diversas situações nada agradáveis, além de passar bastante
vergonha em muitos momentos, e ainda continua seguindo com a cabeça erguida, tudo
num tom bem divertido e fazendo com que o leitor possa dar boas gargalhadas.
Libby também enfrenta várias questões que todos nós, principalmente as
mulheres, passam em suas vidas, o que cria uma forte identificação no leitor.
Adorei as
participações de Audrey Hepburn, mas tenho que admitir que pensei que seriam
diferentes. Cada hora ela estava vestida com alguma de suas roupas icônicas,
usadas nos filmes que fez, e pudemos conhecê-la mais a fundo, já que ela estava
sempre comentando algo sobre sua vida ou a respeito de pessoas que conheceu – o
que faz com que a gente perceba o ótimo trabalho que Lucy Holliday teve
pesquisando a vida da atriz para acrescentar, inclusive, fatos reais sobre a
mesma na história. E eu ri bastante com a personagem, principalmente com ela
aprendendo a usar coisas mais recentes como Twitter, compras online, máquina de
café com cápsulas, entre outros. Ainda não houveram explicações a respeito de
suas aparições, nem quando ou quanto tempo elas durariam e nem se Audrey irá
reaparecer nos próximos volumes, mesmo que brevemente, o que eu espero que,
sim, aconteça.
Alguns
personagens além destas duas principais merecem comentários. O primeiro porque
adorei: Olly, o melhor amigo de Libby, que é adorável e tem um grande potencial
para namorado – o que está na cara de todo mundo que é o que ele quer, menos na
da protagonista, que teima em não enxergar o que está bem debaixo de seu nariz.
Apesar de achar que a autora tenha desistido de colocar mais participações dele
e de Nora, sua irmã e outra das grandes amigas da Libby, no meio do livro, o
que me incomodou, já que eles eram os melhores amigos dela e quase nunca estavam
presentes, porque ela não se aproximava ou lhes contava as coisas. Espero que
isso mude nas continuações. Também gostaria de comentar sobre sua família
disfuncional, mas por motivos contrários, já que detestei sua mãe, sua irmã e
seu pai, em proporções tão próximas que até agora ainda não consegui decidir
quem é o pior. Dillon O’Hara, que é alguém que ainda não desvendei totalmente,
mas sinto que vai ter algo negativo sobre ele em breve, só que por enquanto,
acho uma ótima aquisição à trama e curti muito seu relacionamento com Libby. E
Bogdan, que é filho do senhorio dela, que trouxe ótimas cenas ao livro, e é um
personagem que eu realmente adorei conhecer e espero que seja ainda mais
participativo nas sequências.
Há uma
espécie de triângulo amoroso neste volume, só que ainda não é explorado, já que
uma das pontas não tem grandes demonstrações de sentimentos, mas eles aparecem
sutilmente e em alguns momentos/lembranças, dando a entender que existe mais
ali do que demonstram. Mesmo não aguentando mais triângulos amorosos, já que
eles são encontrados em tantos livros, não achei este ruim, e, devo confessar
que torço para um dos dois pretendentes e acredito fortemente que ela vai ficar
com ele mesmo, o que quase nunca acontece, então estou empolgada por isso. Mas,
mesmo assim, acho que estou com aquela sensação de: quero que ela fique com
ele, mas que divirta-se um pouquinho com o outro primeiro.
Uma
característica da protagonista que me incomodou muito e me deu bastante raiva em diversos momentos era o fato de ela
ser muito sem reação! Qualquer pessoa podia aprontar o que quer que fosse com
ela, que Libby não ligava – podia até ficar chateada ou um pouco triste, mas
não fazia absolutamente nada para mudar isso, agia como resignada e deixava
para lá. Até mesmo algo que acabava dando errado em sua vida, como na vida de
qualquer pessoa normal, que, com um simples gesto ou poucas palavras poderiam
mudar o acontecido, ela nada fazia, aceitando aquilo do jeito que era. Isso foi
extremamente irritante! Dava vontade de entrar no livro e sacudir Libby para
ver se aprendia a não deixar que todo mundo passasse por cima dela.
É uma trama
leve e descontraída, além de muito envolvente, porém não me fez dar altas
gargalhadas, como eu imaginei que faria. Só que percebo que ultimamente está
sendo bem difícil rir bastante com uma obra, na verdade nem me lembro quando
foi a última vez que ri tanto assim – uma risada ou outra ocasionalmente, sim,
mas não mais do que isso. Portanto, pode ser que a leitura tenha um efeito mais
engraçado para outras pessoas do que teve para
mim.
Amo as capas
desta série, que seguem o mesmo padrão, sendo que cada uma possui a personagem
que empresta seu nome ao título ilustrada, com a predominância de uma cor, esta
primeira sendo azul, a do segundo, rosa, e verde no terceiro. Além disso, na
quarta capa há uma ilustração fofa da protagonista, Libby, sentada num sofá na
companhia de Hepburn colorida, com os mesmos traços da capa, e esta ilustração
está presente no início de cada capítulo, só que em preto e branco, dando um
charme a mais para o miolo. A diagramação do texto está bastante confortável
para uma leitura agradável e as folhas são amarelas.
A história
de Libby é bem divertida e gostosa, só que ainda está começando. Este livro faz
parte de uma trilogia (até o momento), sendo que o primeiro, este da resenha, e
o segundo, “Uma Noite com Marilyn Monroe”, já foram publicados tanto no
exterior quanto aqui pela Harper Collins Brasil. Já o terceiro, “Uma Noite com
Grace Kelly”, tem previsão de lançamento lá fora para janeiro de 2017, e não
deve demorar para chegar em território nacional traduzido também.
Para os
leitores que adoram uma boa obra de chick-lit, com protagonistas atrapalhadas e
divertidas, amigos maravilhosos, situações constrangedoras, uma pitada de
romance e bastante diversão, “Uma Noite com Audrey Hepburn” é uma ótima pedida,
ainda mais se levarmos em conta as participações constantes deste ícone
maravilhoso do cinema mundial.
Avaliação
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