A Jovem Alessia - Louise Bennett

E estamos na França do século XVIII, quando a paz e a prosperidade finalmente reinam depois de décadas terríveis devido a embates sangrentos. O rei Henri VIII tem um bom coração e um reinado agradável, e vive recebendo outros nobres de diversas partes para festas e comemorações. Em uma destas, mais precisamente no aniversário de Anna, sua filha, a princesa decide que sua “irmãzinha” (afilhada de seu pai) compareça ao evento, já que as duas não se veem há anos por conta do pai da garota que vive recluso e maltratando-a. Para satisfazer, como sempre, as vontades da filha, o rei consegue uma forma de fazer Alessia comparecer. E as vidas de todos acabam mudando bastante, e para melhor.
Alessia vive isolada do mundo há muitos anos, vivendo na fazenda vinícola da família, e seu pai, um conde amargurado, não a trata nada bem, inclusive proibindo-a de fazer muitas coisas. Em uma ida a um mercado ao ar livre com sua criada, ela acaba vendo um rapaz que lhe agrada muito, mas ele é apenas um capitão da guarda real, ou seja, qualquer envolvimento com ele está fora de questão. Mas, mesmo que não estivesse, Alessia nem poderia sonhar com algum tipo de relacionamento com ele, afinal é muito tímida e não se aventura por aí.
Até que seu destino acaba mudando com o convite de Anna para passar uma temporada no castelo, quando ela se vê frente e frente com Marcus e, conforme eles passam a se conhecer cada vez mais, os sentimentos de ambos começam a se fortalecer, fazendo com que eles façam de tudo ao seu alcance para ficarem juntos, independentemente de qualquer coisa: níveis sociais e monetários, pessoas que não querem a felicidade de um ou outro, situações perigosas e muito mais. Só o amor verdadeiro poderá modificar a história destes dois, basta saber se tudo o que sentem é real ou não passa de uma paixão da adolescência.
Como sempre comento aqui no blog, de uns anos para cá um dos meus gêneros favoritos é o romance de época, então sempre que vejo algum lançamento do estilo, fico louca para conferi-lo. Inclusive este ano estou lendo diversos títulos e, se não me engano, peguei pelo menos um exemplar por mês do gênero para me deliciar. E não tem um que não tenha gostado muito. Com “A Jovem Alessia” não poderia ser diferente, Louise Bennett conseguiu me conquistar e não vejo a hora de ler mais de suas obras.
Adorei os protagonistas, apesar de ter preferido a doce e querida Alessia a Marcus, que me irritou em alguns momentos; assim como alguns dos personagens secundários que, muitas vezes, roubavam a cena. Entre eles: Anna, princesa da França e “irmãzinha” de nossa protagonista, como carinhosamente é chamada e tratada, que apesar de mimada tem um enorme e bom coração, e é alguém muito à frente de seu tempo; o rei Henri VIII, amigo de seu pai e padrinho da moça, que é maravilhoso, divertido e alto astral; e Louis, tenente da guarda real e melhor amigo de Marcus. Além destes, também tiveram alguns outros com menos participações, que também serviram com algum propósito na história ou aos personagens principais, dos quais gostei bastante.
Apesar de ter lido muitos romances de época ao longo destes últimos anos, posso afirmar que este é o mais diferente de todos que já li. Então, aos leitores que querem descobrir histórias do gênero com aquele ar único, esta é uma ótima opção. A trama é toda permeada de sentimentos fortes e muita inocência, daquele tipo de história de primeiro amor bem bonitinha e ingênua.
A escrita da autora é leve, envolvente e bem detalhada. Além do mais, o enredo é bastante desenvolvido e nos mostra diversas etapas do relacionamento entre o casal principal, desde antes de se conhecerem, passando por como começaram a se interessar um pelo outro, se encontrando e cada um dos novos sentimentos surgindo e amadurecendo. Os vemos enfrentando muitas coisas, algumas difíceis, outras mais fáceis, algumas divertidas, outras complicadas, etc., vemos os questionamentos que passam a fazer sobre a rapidez das coisas e como eles antes nunca haviam acreditado que algo tão forte poderia nascer e se desenvolver com tão pouco tempo, mas que agora sabem que existe algo como amor à primeira vista. Acompanhamos o amadurecendo do relacionamento, a força de vontade que têm de ficarem juntos, eles namorando, noivando, casando, vivendo lua de mel, tendo filho, depois do nascimento do mesmo, e anos mais tarde, também acompanhamos revelações e descobertas fundamentais e inesperadas para eles, e cada etapa entre estas situações importantes.

Ao mesmo tempo que todo esse desenvolvimento e detalhamento são pontos muito positivos, também têm suas ressalvas. Afinal, podemos adentrar a história como se realmente estivéssemos vivendo tudo aquilo com os personagens, já que dava para visualizar cenários e situações muito bem, além de podermos entender cada um dos sentimentos dos protagonistas, como se eles mesmos estivessem conversando ao vivo conosco e abrindo seus corações, mesmo com uma narrativa em terceira pessoa. Só que acaba sendo muito detalhado em alguns momentos, e, com tantos acontecimentos, acabou ficando um pouco cansativo em determinados trechos, fazendo com que minha leitura tivesse um pouco mais de dificuldade de avançar normalmente. Não que eu ache isso ruim, só não considero que tenha fluido tão bem em todos os momentos.
São muitos acontecimentos e a trama dificilmente fica parada. Há bastante movimentação, festas, passeios, viagens, explorações, além de diálogos sempre presentes, descrições em abundância, novos personagens em várias ocasiões, etc. Então o enredo criado por Bennett é bem movimentado e cheio de novidades e reviravoltas, portanto ninguém pode reclamar de mesmice ou monotonia.
Esta é uma bonita história de amor, isso não há como negar, porém, aqueles leitores que não são muito românticos ou não curtem cenas tão melosas, podem acabar se incomodando um pouco com esta obra, visto que tudo é tão doce, fofo e açucarado que parece que escorre mel das páginas. 
Um ponto que me incomodou um pouco foi que os diálogos estavam em segunda pessoa do singular. Não que isso tenha sido de todo ruim, só que, como não estou acostumada, ficava travando um pouco o meu ritmo de leitura. Porém, a escrita da autora é muito gostosa, agradável e envolvente, o que é algo bem positivo.
E o melhor de tudo é que a autora é brasileira e extremamente simpática, e eu adoro prestigiar escritores nacionais, e nada mais gratificante do que poder trocar algumas palavras com alguém tão fofa e que com certeza merece muito reconhecimento. Com certeza desejo que muitas pessoas possam conhecer sua obra e se encantarem tanto quanto eu. Além do mais, é bastante difícil encontrar autores brasileiros que escrevam romances de época, então conhecer o trabalho de Heloisa (Louise é um pseudônimo) foi realmente muito bom.
Gosto bastante desta capa e acho que combina muito bem com a história e com os personagens, mas acho que talvez as cores tenham ficado fortes demais, fazendo com que dê a impressão de que tem informação demais ali. A diagramação do texto está bem confortável para a leitura, porém a fonte não é tão grande, o que pode incomodar alguns leitores. O miolo está uma graça, todas as páginas são enfeitadas na área do rodapé com detalhes gráficos delicados, e as folhas são amarelas.
Aos leitores que adoram romances de época com muito amor, bem romântico e doce, com protagonistas carismáticos e personagens secundários maravilhosos, apresentados em uma trama bem detalhada, com muitos acontecimentos e um pano de fundo bem desenvolvido, não podem deixar de conhecer “A Jovem Alessia”, da fofa autora nacional Heloisa “Louise” Bennett.
Avaliação



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Um comentário:

  1. Vi a foto do livro no seu instagram e vim correndo conferir a resenha. Já fiquei encantada também, principalmente porque envolve reis, rainhas, guardas reais! Adoro.
    Obrigada pela dica.

    Mari Scotti
    www.mariscotti.blogspot.com.br

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