De vez em quando me dou conta que
leio uma sequência de livros mais sérios, densos e pesados, e me vejo na
necessidade de uma leitura leve, menos comprometida. Eu as vezes me engano
achando que consigo fazer esse tipo de leitura, mas ao final delas eu sempre me
pergunto porque não aprofundaram mais? Acho que não consigo pegar muito leve
rs! Não foi diferente com Muito Além do Tempo (#01 Timeless), da autora
Alexandra Monir, publicado pela Jangada.
Michele Windsor é um adolescente
que vive com a mãe na ensolarada Califórnia, e que têm sonhos recorrentes com um estranho homem,
embora os sonhos a perturbem ela segue sua vida ao lado das amigas e a dedicada
mãe. Porém uma tragédia atravessa seu caminho, e após um acidente ela perde a
mãe e se vê obrigada a ir morar com os desconhecidos avós em uma mansão
histórica em New York.
Entre os pertences da mãe Michele
encontra uma chave, que mais do que um colar é um portal para uma viagem no
tempo. Tempo esse em que suas antepassadas viveram, e o estranho homem de seus
sonhos também viveu. Mas o que Michele deve fazer no passado? Quem é esse
estranho de olhos azuis que despertou seu coração?
A premissa da estória é
excelente, a mitologia criada também tem sua semente muito bem plantada, mas a
plantação infelizmente rendeu frutos muito pequenos e imaturos. A narrativa de
Monir é muito simplória, embora descritiva, ela é muito rápida em suas cenas e
breve em suas explicações. Foi frustrante estar nos antigos anos americanos, e
estes serem poucos explorados, tudo se sucede de forma muito rápida. A autora
mostra ter pesquisado o momento histórico, mas sua escolha de se focar mais na
ação do casal e familiares da mesma, do que aproveitar algumas características
interessantes da época fez com que o livro transitasse entre o contemporâneo e
o romance de época, sem se focar em nada.
Michele é uma adolescente de
dezesseis anos que nada sabe sobre a história de sua importante família, de
quem esteve longe durante toda a sua vida. Ela descobre que mal sabe sobre o
passado da mãe. Quando no passado encontra o homem do seus sonhos e logo se
entrega a ele. E eu entendo que uma adolescente se renda fácil a paixões, mas
essa fácil aceitação dos fatos e desse 'amor' também me incomodou. Eu gosto de
protagonistas mais delineadas e fortes, que mesmo sentido sentimentos fortes
relutam a eles por um tempo. Ela também é inconsequente já que abandona sua
realidade para ir ao passado, isso foi a forma que ela encontrou de lidar com o
luto da mãe.
Philip Walker, o homem do
passado, é moderno para sua época, assim também aceita Michele rapidamente
jogando para o alto todos seus compromissos. É meloso e não desperta grandes
emoções. Já as mulheres da família de Michele são mais interessantes, donas de
personalidades mais interessantes, como é o caso de Lily Windsor que vira uma
cantora nos anos 20.
A ideia explorada nessas viagens
no tempo é que o tempo ocorre de forma simultânea, já que a garota vai ao
passado acreditando alterar o futuro quando ela já vive o futuro que ela mesma
já alterou (sim é um pouco confuso de colocar em palavras mas se você já
assistiu efeito borboleta ou a casa do lago vai ter uma boa noção do que digo).
Só essa ideia já renderia páginas e mais páginas de pensamentos e reflexões que
os personagens poderiam ter, mas infelizmente a autora apenas foca na vida da
protagonista.
Muito Além do Tempo, infelizmente
não foi a leitura leve que eu desejava, foi ao contrário um pouco triste já que
eu esperava bem mais do livro. O livro faz parte de uma série, o segundo volume,
A Guardiã do Tempo já foi publicado por aqui e tem uma sinopse um pouco mais
animadora já que agora envolve uma organização secreta.
Avaliação
Gostei da resenha! Entrou para a listinha de 2017(que nem chegou e já tem uma lista de respeito.rsrs).
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