Lucy está
vivendo uma fase bem solitária de sua vida, afinal seus pais nunca param em
casa e estão sempre viajando pelo mundo afora, o que está acontecendo novamente
neste momento, seus irmãos gêmeos mais velhos acabaram de se mudar para
frequentar a faculdade, e ela não tem amigos, nem familiares por perto. Em suas
viagens, os pais lhe mandam cartões postais, e é por conta de um deles que
nossa pequena protagonista desce até a portaria para verificar a caixa postal.
Mas é na
subida de elevador de volta para seu apartamento luxuoso que tudo vai mudar,
pois a luz da cidade inteira acaba, assim como de alguns locais vizinhos,
fazendo com que ela fique presa naquele pequeno espaço com apenas mais uma
pessoa: Owen.
Owen nem
mesmo deveria estar naquele elevador, afinal mora no subsolo com seu pai, que é
o novo administrador do prédio chique onde Lucy vive, mas estava subindo para o
topo do mesmo, para um local especial para o garoto, que se mudou há pouco
tempo para a cidade.
Eles logo
são libertados do elevador, mas percebem que a cidade inteira está vivendo um
blecaute e decidem explorar o local e fazer companhia um para o outro neste
meio tempo. E, em meio a situações diferentes do que estão acostumados, eles
acabam afetando a vida um do outro, mesmo sem perceber. E é esse sentimento que
permanece em seus corações e em suas mentes mesmo quando os caminhos dos dois
se distanciam ainda mais.
Lucy se muda
para Edimburgo e depois vai para outros países pelo mundo, e Owen parte em uma
viagem de carro pelos EUA com o pai, sem um rumo exato. Em suas memórias,
apenas as lembranças daqueles rápidos momentos e longas horas que tiveram
juntos. Até que decidem trocar correspondências: cartões postais e e-mails são
enviados, com revelações e conversas, vez ou outra silenciosas, que fazem com
que tudo mude ainda mais dentro deles dois.
Mas, quanto
mais o caminho deles parece divergir e distanciar, mais próximos eles acabam
ficando, mesmo que às vezes pareça o contrário. E percebem que o destino não
pode ser mudado, mesmo quando tudo a sua volta pareça contribuir para isso.
Este é o
terceiro livro de Jennifer E. Smith publicado no Brasil e o terceiro que leio.
Gostei bastante dos outros dois, “A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista” e “Ser Feliz é Assim” (clique nos títulos para conferir as
resenhas), mas achei este mediano. Não sei se isso aconteceu porque eu não
estava no clima desta obra, mas não curti tanto assim o desenvolvimento da
trama no meio, o que acabou fazendo com que minha leitura fosse bastante
arrastada.
A autora é
uma boa dica para quem curte obras do gênero jovem adulto contemporâneo, ou
seja, com personagens adolescentes vivendo suas vidas normalmente, com seus
altos e baixos, sentimentos aflorados, relações familiares, de amizade e amor,
e os dramas da idade. Sua construção dos protagonistas é sempre maravilhosa,
fazendo com que o leitor que está vivendo esta fase consiga se identificar com
a situação ou com algumas questões vivenciadas nesta época, mesmo que não viva
algo completamente igual em sua vida, e também faz com que leitores mais velhos
possam relembrar estes tempos.
A narrativa
está em terceira pessoa e acompanha ambos os protagonistas em suas jornadas
individuais, ora mostrando o que um está vivendo, ora o outro, dando-nos a
possibilidade de conhecer o presente e o passado de cada um, e nos fazendo
embarcar por diversos lugares do mundo, mesmo que rapidamente.
Dos dois,
gostei imensamente mais de Lucy, inclusive porque não curti tanto assim a
personalidade de Owen. Mas adorei acompanhar ambos juntos (foram meus momentos
preferidos da leitura), assim como as relações com os pais: ela com a mãe, que
melhorou com o tempo, e ele com o pai, que sempre foi bonita, mas ficou ainda
melhor. E, apesar de ter gostado mais da menina, foi a relação de Owen com o
pai que mais me conquistou.
Mas eu
queria uma maior exploração dos personagens vivendo suas vidas separadamente,
ver um crescimento maior de ambas as partes. E também queria que Jennifer
tivesse desenvolvido melhor os secundários, ou pelo menos algum que fizesse
diferença na vida dos dois, o que não aconteceu. A história acabou tendo um
clima mais melancólico e solitário, e eu desejei algo mais divertido ou pelo
menos diferente do que foi.
Gostei
bastante da construção do romance, pois os personagens se conheceram aos
pouquinhos, trocando experiências, confissões e passeios, conversaram bastante
e sempre pensavam um no outro, mesmo à distância ou quando não trocavam mais
e-mails ou cartões postais. Eles foram se interessando gradativamente, sem
achar que eram um o amor da vida do outro logo de cara, resultando num
relacionamento fofo, daquele tipo que mexe com a gente de um jeitinho especial.
Mais uma vez
Smith trabalha com a possibilidade de mudanças na vida. Um segundo, uma ação,
uma coisa diferente que acontece no nosso dia saindo da rotina de maneira
inesperada, pode mudar tudo. Aqui foi o blecaute na cidade, que fez com que os
protagonistas parassem para conversar, coisa que provavelmente não teriam feito
se isso não tivesse acontecido, mas acabou transformando seus pensamentos e
ações no futuro. Eles começaram a fazer mais parte da vida um do outro do que
poderiam prever, e isso foi fofo. Gosto muito desta questão, ver que coisas que
não esperamos podem ser surpreendentemente melhores, transformando nossa vida
sem que tivéssemos previsto isso.
Dos três
títulos da autora publicados no Brasil, este foi o primeiro em que a capa
original foi mantida, e eu fico muito feliz com isso, pois a acho linda, e
ainda tem ter tudo a ver com o conteúdo. A diagramação interna é simples e
confortável para uma leitura fácil, além de contar com páginas amarelas.
Todas as
obras da escritora são standalone, então não se preocupem porque uma não
depende da outra. Apesar de Jennifer ter escrito uma continuação em formato de
conto com menos de cem páginas, para “Ser Feliz é Assim”, “Happy Again”, que eu
espero que a Galera Record decida trazer para o Brasil. Aliás, estou torcendo
para a editora publicar todos os demais títulos dela por aqui, que além destes
tem mais quatro livros, além de dois contos em coletâneas.
Para os
leitores que curtem obras do gênero jovem adulto contemporâneo, com uma pitada
de drama, melancolia e diversão, onde podemos conhecer mais a fundo os
protagonistas e todos os seus sentimentos, assim como as questões e ações
pertinentes da idade, “A Geografia de Nós Dois”, de Jennifer E. Smith, é uma
boa indicação, apesar de eu ter esperado um pouco mais da leitura.
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirVim conhecer o seu blog porque também o meu também selecionado como parceiro da Editora Rocco É incrível, não? Adorei o post, fiquei curiosa para ler o livro =]
Cintia,
www.elefantevoador.com
Como ainda não li nenhum livro da autora, não conheço muito sobre sua escrita, no entanto desde que vi esse livro na lista de lançamento da editora, que confesso que me interessei pela leitura desse livro. A história dos personagens me pareceu ser muito bonita e cativante, a forma como a autora desenvolve a trama me pareceu envolvente, principalmente porque ela coloca diversão e um pouco de drama na medida certa.
ResponderExcluirA história parece ser bem gostosa de se ler!! Estes encontro e desencontros parecem na verdade aproximar os personagens!! Muito legal a forma como Lucy e Owen se conhecem, como eles passam a ver que eles têm muita coisa em comum!! A distância para os dois é um mero acaso!! Já quero ler!!
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