Quando eu vejo uma ideia
inteligente eu sempre me pergunto de onde ela veio, como alguém conseguiu criar
ela, e me torno admiradora dessas pessoas capazes de canalizar essas criações.
É tão inspirador estar com um livro criativo nas mãos por alguns dias,
principalmente quando ele consegue obter um bom desfecho. O segundo volume da
Trilogia das Joias Negras, A Herdeira das Sombras, da autora Anne Bishop pela Saída de Emergência, não
fez feio quando o quesito foi inteligência e criatividade e estou até agora
viajando pelas minhas joias rs!
Depois da violação no altar,
Jaenelle Angelline está perdida, seu corpo se recupera mas seu espírito nunca
mais será o mesmo. Daemon está perdido no Reino distorcido acreditando que é o
responsável pela morte de sua rainha, assim como seu irmão Lucivar que fica
devastado com a ideia de nunca mais ver sua bela feiticeira.
Saetan tem que trazer sua filha
de volta, ao mesmo tempo em que deve compreender as teias silenciosas que suas
inimigas Dorothea e Hekatah usam repletas de artifícios para prejudica-lo e
obter poder. Depois de adotar Jaenelle, ele deve compreender quem é ela e o que
ela precisa para se refazer. Jaenelle será capaz de ser a rainha que seu povo
precisa?
Aviso agora que essa resenha tem
spoilers desde sua sinopse acima, alias que sinopse difícil de fazer. A
narrativa de Bishop neste volume é tão repleta de sutilezas e detalhes que resumir
o livro em poucas palavras tornou-se um desafio! As tramas políticas cresceram,
agora ganharam aliados que jogam abertamente para prejudicar a família do
Senhor Supremo que só cresce! As camadas de poderes que Jaenelle é capaz de
desenvolver nunca param e colocam a todos em perigo constante. Mas são os temas
como estupro e mortes violentas que deixam tudo mais forte e singular.
No primeiro livro da série eu
tive dificuldade em acompanhar a mitologia da autora que é muito complexa, no
começo deste segundo livro segui com mesmas dificuldades, mas como a estória
afunila para o clã dos Sa Diablo ficou mais fácil de organizar as partes e
compreender tudo como uma estória única que se liga. A quantidade de
informações continua enorme, mas sempre partindo do ponto de Jaenelle, assim ao
final da leitura me senti capaz de compreender bem melhor as características da
narrativa do que no livro anterior.
Jaenelle é um espírito antigo
encarnado em uma criança, que com o passar do livro torna-se adolescente. Ela
passa boa parte do livro marcada pela violação que ocorreu no livro anterior e
não consegue se perdoar pois acha que é a culpada. É dona de um coração de ouro
que é capaz de dar sua vida para salvar vidas, seja de humanos ou animais. Ela
estabelece uma relação muito bonita com os parentes- que são animais sangue, ou
seja, animais capazes de manipular a magia.
Saetan, embora inspire temor no
seu reino a mim só despertou carinho. Sua devoção a filha é fofa e o torna uma
manteiga derretida. Mas não se engane ele é capaz de matar de formas bastante
violentas, embora isso o marque por muito tempo. É um personagem cativante e
singular, que desperta empatia.
Lucivar, filho de Saetan que
estava escravo nas minas de sal é personagem bastante marcante nesta trama. Foi
um alívio ver novos rumos para este personagem que assim como o pai tem um lado
doce, mas um pouco mais sacana. É tão devotado quanto o Senhor Supremo pela sua
senhora.
Daemon está no reino distorcido,
e embora deva arrancar suspiros das mulheres só me arrancou raiva, simplesmente
porque ele acredita nos que dizem a respeito de Jaenelle sem buscar pelas pessoas envolvidas para saber a verdade. Seus
trechos na narrativa são breves e angustiantes.
São diversos os personagens novos
que surgem, desde lobos, cachorros e gatos, até centauros, dragões e
unicórnios. A inserção de todos é feita de forma bastante engenhosa, e não soa
forçada. Também temos muitas novas feiticeiras e senhores de guerra que são
amigos de Jaenelle, e que tornaram
alguns trechos da estória mais leve.
A Passagem do tempo é acelerada em
algumas partes, a feiticeira começa o livro com 14 anos e ao final já está com
20 anos, mas isso não prejudicou a narrativa, ao contrário achei que deu certo
ritmo aos fatos. Ainda sobre o ritmo da trama trata-se de um livro que demanda
do leitor certa paciência até que a estória se desenvolva, eu demorei certo
tempo para leitura do livro, mas de sua metade até o fim tudo passa muito
rápido!
A Herdeira das Sombras supera seu
antecessor, e consegue nos fazer mais aprofundados em seu universo de sombras,
sangue e política. Nos presenteia com as sutilezas das relações de sangue, do
amor pelas relações sinceras e pela amizade verdadeira. Sem deixar de nos
alertar que a cada esquina um novo inimigo pode surgir com golpes baixos e sem
escrúpulos para vencer. É um livro para os fortes, uma fantasia sombria para quem
tem esperança! Sua sequência Rainha das Trevas ainda não saiu por aqui, mas
espero que não demore!
Avaliação
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