A Geografia de Nós Dois - Jennifer E. Smith

Lucy está vivendo uma fase bem solitária de sua vida, afinal seus pais nunca param em casa e estão sempre viajando pelo mundo afora, o que está acontecendo novamente neste momento, seus irmãos gêmeos mais velhos acabaram de se mudar para frequentar a faculdade, e ela não tem amigos, nem familiares por perto. Em suas viagens, os pais lhe mandam cartões postais, e é por conta de um deles que nossa pequena protagonista desce até a portaria para verificar a caixa postal.
Mas é na subida de elevador de volta para seu apartamento luxuoso que tudo vai mudar, pois a luz da cidade inteira acaba, assim como de alguns locais vizinhos, fazendo com que ela fique presa naquele pequeno espaço com apenas mais uma pessoa: Owen.
Owen nem mesmo deveria estar naquele elevador, afinal mora no subsolo com seu pai, que é o novo administrador do prédio chique onde Lucy vive, mas estava subindo para o topo do mesmo, para um local especial para o garoto, que se mudou há pouco tempo para a cidade.
Eles logo são libertados do elevador, mas percebem que a cidade inteira está vivendo um blecaute e decidem explorar o local e fazer companhia um para o outro neste meio tempo. E, em meio a situações diferentes do que estão acostumados, eles acabam afetando a vida um do outro, mesmo sem perceber. E é esse sentimento que permanece em seus corações e em suas mentes mesmo quando os caminhos dos dois se distanciam ainda mais.
Lucy se muda para Edimburgo e depois vai para outros países pelo mundo, e Owen parte em uma viagem de carro pelos EUA com o pai, sem um rumo exato. Em suas memórias, apenas as lembranças daqueles rápidos momentos e longas horas que tiveram juntos. Até que decidem trocar correspondências: cartões postais e e-mails são enviados, com revelações e conversas, vez ou outra silenciosas, que fazem com que tudo mude ainda mais dentro deles dois.
Mas, quanto mais o caminho deles parece divergir e distanciar, mais próximos eles acabam ficando, mesmo que às vezes pareça o contrário. E percebem que o destino não pode ser mudado, mesmo quando tudo a sua volta pareça contribuir para isso.
Este é o terceiro livro de Jennifer E. Smith publicado no Brasil e o terceiro que leio. Gostei bastante dos outros dois, “A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista” e “Ser Feliz é Assim” (clique nos títulos para conferir as resenhas), mas achei este mediano. Não sei se isso aconteceu porque eu não estava no clima desta obra, mas não curti tanto assim o desenvolvimento da trama no meio, o que acabou fazendo com que minha leitura fosse bastante arrastada.
A autora é uma boa dica para quem curte obras do gênero jovem adulto contemporâneo, ou seja, com personagens adolescentes vivendo suas vidas normalmente, com seus altos e baixos, sentimentos aflorados, relações familiares, de amizade e amor, e os dramas da idade. Sua construção dos protagonistas é sempre maravilhosa, fazendo com que o leitor que está vivendo esta fase consiga se identificar com a situação ou com algumas questões vivenciadas nesta época, mesmo que não viva algo completamente igual em sua vida, e também faz com que leitores mais velhos possam relembrar estes tempos.
A narrativa está em terceira pessoa e acompanha ambos os protagonistas em suas jornadas individuais, ora mostrando o que um está vivendo, ora o outro, dando-nos a possibilidade de conhecer o presente e o passado de cada um, e nos fazendo embarcar por diversos lugares do mundo, mesmo que rapidamente.
Dos dois, gostei imensamente mais de Lucy, inclusive porque não curti tanto assim a personalidade de Owen. Mas adorei acompanhar ambos juntos (foram meus momentos preferidos da leitura), assim como as relações com os pais: ela com a mãe, que melhorou com o tempo, e ele com o pai, que sempre foi bonita, mas ficou ainda melhor. E, apesar de ter gostado mais da menina, foi a relação de Owen com o pai que mais me conquistou.
Mas eu queria uma maior exploração dos personagens vivendo suas vidas separadamente, ver um crescimento maior de ambas as partes. E também queria que Jennifer tivesse desenvolvido melhor os secundários, ou pelo menos algum que fizesse diferença na vida dos dois, o que não aconteceu. A história acabou tendo um clima mais melancólico e solitário, e eu desejei algo mais divertido ou pelo menos diferente do que foi.
Gostei bastante da construção do romance, pois os personagens se conheceram aos pouquinhos, trocando experiências, confissões e passeios, conversaram bastante e sempre pensavam um no outro, mesmo à distância ou quando não trocavam mais e-mails ou cartões postais. Eles foram se interessando gradativamente, sem achar que eram um o amor da vida do outro logo de cara, resultando num relacionamento fofo, daquele tipo que mexe com a gente de um jeitinho especial.
Mais uma vez Smith trabalha com a possibilidade de mudanças na vida. Um segundo, uma ação, uma coisa diferente que acontece no nosso dia saindo da rotina de maneira inesperada, pode mudar tudo. Aqui foi o blecaute na cidade, que fez com que os protagonistas parassem para conversar, coisa que provavelmente não teriam feito se isso não tivesse acontecido, mas acabou transformando seus pensamentos e ações no futuro. Eles começaram a fazer mais parte da vida um do outro do que poderiam prever, e isso foi fofo. Gosto muito desta questão, ver que coisas que não esperamos podem ser surpreendentemente melhores, transformando nossa vida sem que tivéssemos previsto isso.
Dos três títulos da autora publicados no Brasil, este foi o primeiro em que a capa original foi mantida, e eu fico muito feliz com isso, pois a acho linda, e ainda tem ter tudo a ver com o conteúdo. A diagramação interna é simples e confortável para uma leitura fácil, além de contar com páginas amarelas.
Todas as obras da escritora são standalone, então não se preocupem porque uma não depende da outra. Apesar de Jennifer ter escrito uma continuação em formato de conto com menos de cem páginas, para “Ser Feliz é Assim”, “Happy Again”, que eu espero que a Galera Record decida trazer para o Brasil. Aliás, estou torcendo para a editora publicar todos os demais títulos dela por aqui, que além destes tem mais quatro livros, além de dois contos em coletâneas.
Para os leitores que curtem obras do gênero jovem adulto contemporâneo, com uma pitada de drama, melancolia e diversão, onde podemos conhecer mais a fundo os protagonistas e todos os seus sentimentos, assim como as questões e ações pertinentes da idade, “A Geografia de Nós Dois”, de Jennifer E. Smith, é uma boa indicação, apesar de eu ter esperado um pouco mais da leitura.

Avaliação



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3 comentários:

  1. Olá, tudo bem?

    Vim conhecer o seu blog porque também o meu também selecionado como parceiro da Editora Rocco É incrível, não? Adorei o post, fiquei curiosa para ler o livro =]

    Cintia,
    www.elefantevoador.com

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  2. Como ainda não li nenhum livro da autora, não conheço muito sobre sua escrita, no entanto desde que vi esse livro na lista de lançamento da editora, que confesso que me interessei pela leitura desse livro. A história dos personagens me pareceu ser muito bonita e cativante, a forma como a autora desenvolve a trama me pareceu envolvente, principalmente porque ela coloca diversão e um pouco de drama na medida certa.

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  3. A história parece ser bem gostosa de se ler!! Estes encontro e desencontros parecem na verdade aproximar os personagens!! Muito legal a forma como Lucy e Owen se conhecem, como eles passam a ver que eles têm muita coisa em comum!! A distância para os dois é um mero acaso!! Já quero ler!!

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