O Olho do Mundo - A Roda do Tempo #01- Robert Jordan

Acho que todo mundo que acompanha o blog sabe que eu sou a garota Tolkien né? O Senhor dos Anéis é minha referência de livro perfeito, e tudo mais vem depois. Então quando qualquer coisa soa parecida, lembre e até queira ser parecida eu quero ler. É must read automático. O Olho do Mundo se enquadra nessa categoria, depois de ler resenhas e a sinopse eu achei que soaria tolkieniana =P E de fato foi =D!

Em O Olho do Mundo, primeiro volume da série A Roda do Tempo, do autor Robert Jordan e publicado pela Intrínseca, conhecemos Rand al'Thor, um jovem de uma distante vila na região de Dois Rios. O inverno estava demorando a passar, e a comida a faltar, e entre os festejos de final de Inverno uma estranha chega a vila, mas nada disso fez com que ele fosse prevenido do que viria a seguir: um grupo de Trollocs invade a sua casa e sua vila, revirando tudo de cabeça para baixo.

A estranha não só ajuda Rand como também seus amigos. E revela uma triste verdade, os Trollocs procuravam por ele e seus amigos, e eles precisam fugir para longe, não só para defender suas vidas mas para compreender quem são, e porque são importantes. Uma jornada perigosa e fantástica se inicia pelo mundo, o que será que Rand e seus amigos farão quando descobrirem a verdade?

Ahhhh alta fantasia, não há prazer maior na literatura. Jordan fez a lição de casa de Tolkien diretitinho: temos um mundo criado com povos diferentes, seres diferentes, línguas próprias e a dualidade do bem e do mal. A jornada do herói é o fio condutor da trama que segue no ritmo que a história pede, detalhando cada passo do grupo e apresentando pedaços do que vai se tornando um quadro bem aos poucos.

A narrativa não é rápida, pois trata-se de um livro mais denso. Talvez soe cansativo para quem não está acostumado ao estilo, eu particularmente amo a forma como foi conduzido, mas não é para todos. Ela é feita e, terceira pessoa, focando em boa parte do tempo a visão de Rand. A capa é simples e objetiva, mas transmite bem o que o livro trabalha. A diagramação é simples, com fonte reduzida.

Não encontrei referência a vida de Jordan quanto sua relação com Tolkien, mas o paralelos das histórias são muitos. Primeiro ambos autores são frutos de guerras, isso é explicito em suas obras. Depois assim como em Sda um grupo de forma com um objetivo maior, e a estrutura do grupo de ambos os livros é parecida- os humanos de Dois Rios lembram muito os hobbits; a Moraine é a figura mágica e poderosa como é Gandalf (embora Gandalf seja uma figura mais próxima de um deus pois é um dos responsáveis pela Terra Média); Lan- o guardião assim como Passolargo- Aragorn tem um passado não 'assumido' e um comportamento taciturno. Os paralelos não param por ai, mas como a resenha não é uma comparação fico por aqui nas comparações.

A grande pergunta talvez seja se ele soa tão parecido com Tolkien não soa como uma cópia? Não! Ele foi muito criativo na criação de sua mitologia. Ela é poética e definida a partir da ideia de um mundo que gira como uma roda, é um tempo cíclico e tece seus padrões como uma teia. Essa teia mistura passado, presente e futuro. Podemos escolher dentro do que a teia nos permite, mas nunca fugir do que é tecido ao nosso redor.

Rand é um jovem pastor que nunca imaginou viver uma aventura tão profunda. Quando o perigo se apresenta ele não discute com a vida, toma as rédeas de seus problemas e os enfrenta com determinação. O que tem que ser feito será nem que custe sua vida. É a figura do herói, mas que compartilha suas dúvidas e fraquezas.

Mat é seu melhor amigo, tem um comportamento arteiro em sua vila, logo nunca foi levado a sério. É um pouco língua solta, não só com as palavras como com seus atos. Para ser sincera não gosto muito dele =P! Perrin é amigos de ambos,  e é mais novo, mais tímido, esse auxiliar de ferreiro cresce ao longo da trama de menino para homem.

Egwene é a garota da turma, determinada não aceita ser deixada para trás. Não faz o tipo de garota, tem poderes que desconhece mas está disposta a conhecer. Moraine é o conhecimento do grupo, tem poderes que desenvolveu através do contato com o poder único, embora firme também se mostra sensível e solidária. Lan, seu guardião é um enigma por boa parte do tempo, frio e distante é um exímio defensor, mas não gosta de mostrar seus sentimentos. Por fim temos o menestrel Thom Merrilin que entrou de gaiato no grupo, mas que é fundamental para a sobrevivência dos garotos em alguns momentos. Mais tarde uma nova integrante se junta a eles, mas para não estragar vou me ausentar revelá-la.

Os seres fantásticos surgem ao longo da história de forma discreta, primeiro os do lado trevoso (alguém não lembrou dos Nazgûl quando leu sobre os Mydraal? ) que ficam no encalço do grupo, depois a figuras egoístas que não estão de lado algum apenas os seus próprios e depois os 'bonzinhos como o Ogier (Ent? desculpe rs!). Adorei cada detalhe, abordagem e narrativa dos mesmos.

O Olho do Mundo é um livro enorme repleto de detalhes que nos envolve como uma neblina no fim da tarde, aos poucos e quando você se dá conta já tarde demais para sair! É um universo delicioso e único que se estende em uma série que conta com 14 livros publicados, o segundo e o terceiro volumes já foram lançados por aqui pela editora Intrínseca.

A roda começa a gira, o padrão se tecer, o que será que agora vai acontecer? 

Avaliação