Para Sir Phillip, Com Amor - Os Bridgertons #05 - Julia Quinn

Eloise Bridgerton é a quinta filha de Violet e Edmund, sendo a segunda mulher, e é dona de uma personalidade extrovertida e direta, gosta de dizer o que pensa, e sempre tem muito a falar. Mas uma das coisas de que mais gosta é, definitivamente, escrever cartas. Quando soube que uma de suas primas distantes, que conheceu quando era criança, veio a falecer, decide enviar uma pequena carta de pêsames ao viúvo, que para sua surpresa, acaba respondendo de maneira simpática.
Depois de um ano trocando cartas, eis que Sir Phillip decide propô-la em casamento, afinal gostaria de encontrar uma mãe para seus filhos, com quem ele não sabe lidar, e também para ajudá-lo a colocar ordem e organizar tudo em sua casa, afinal ele não leva jeito para nada disso, preferindo sempre a companhia de suas plantas, já que é um grande estudioso do assunto.
Ele já havia decidido encontrar uma nova esposa desde que a primeira, Marina, havia morrido. Mas as coisas estavam difíceis porque seus filhos são conhecidos como pestinhas e afugentam qualquer pretendente aceitável. E depois de conhecer a personalidade de Eloise, ele acredita que ela provavelmente será uma ótima opção, então decide convidá-la a fazer uma visita em sua casa no campo, para ver se ambos se dão bem o suficiente para isso.
Porém, a dúvida que fica é: o que motivaria a destemida e difícil (no sentido de não aceitar qualquer pretendente) Eloise a aceitar se encontrar com alguém que nunca nem mesmo viu ao vivo, com uma proposta de casamento, mesmo depois de ter rejeitado inúmeras ao longo dos anos em que frequenta a sociedade londrina?
O que acontece é que nossa jovem sempre acreditou que precisava encontrar o amor e um homem decente e inteligente no mesmo pacote, o que não havia acontecido até então. E ela nem mesmo se preocupava com isso, afinal era solteirona junto com sua melhor amiga desde sempre, Penelope Featherington, quem Eloise sempre acreditou que não teria sua condição de solteira mudada nunca. Exceto que, recentemente, seu irmão, Colin, olhou para a moça com outros olhos e eles acabaram, finalmente, ficando juntos. Deixando nossa Eloise muito feliz, mas também com uma pontada de aperto no peito, afinal não gostaria de ficar solteirona e solitária o resto da vida, então precisava também encontrar a felicidade.
Só que ao vivo as coisas não são exatamente como o esperado: Phillip é rude e grosseiro, enquanto Eloise é uma tagarela. Ambos estão meio chateados com a situação, mas decidem tentar se entender mesmo assim. Será que as motivações que eles criaram para este enlace serão suficientes para driblarem o que sentem em relação a personalidade um do outro? Ou tudo isso pode ser mais do que aguentariam? Mas como algumas decisões foram tomadas, agora pode ser tarde demais para voltar atrás. Será que Eloise fez a escolha certa? Ou se arrependerá pelo resto de sua vida?
De todos os volumes da série “Os Bridgertons” que li até agora (ainda faltam três), este foi, infelizmente, o que menos gostei. O que não torna a leitura ruim, pelo contrário, continua sendo linda e deliciosa, mas o personagem masculino, Sir Phillip, não me agradou muito – apesar de ter compensado no final –, o que acabou afetando os meus sentimentos com a obra de maneira geral.
O que aconteceu é que o achei muito frustrante, e também não gostei da forma como ele tratou Eloise a maior parte do tempo, com direito a deixá-la sozinha quando estava chateada ou quando só queria conversar, e até mesmo reclamar de sua forma de ser, entre outros detalhes que podem parecer pequenos para algumas pessoas, mas são coisas que me incomodam muito, e eu não gostaria de ser tratada desta forma. Em um dado momento Eloise chegou até a pedir desculpas para ele por ser como é, depois que ele a ofendeu por isso. E este ponto foi completamente decepcionante para mim. Sério!!
Com o passar das páginas, Phillip vai se tornando um pouco melhor, mas só foi melhorar de verdade mesmo quando a obra já estava se encaminhando para o fim. Porque, Julia Quinn, sendo Julia Quinn, não poderia deixar de fazer um momento completamente fofo, daquele tipo que faz derreter o coração dos leitores, e o final foi surpreendente um dos melhores em relação ao romantismo.
E eu confesso que estava esperando um pouquinho mais de Eloise também em determinadas ocasiões, porque ela sempre me pareceu um tipo de pessoa e, mesmo assim, acabou se desculpando ou aceitando coisas que eu não esperava dela, pelo menos não com tanta facilidade. Também pensei que, por esperar tanto para encontrar o amor, ela não aceitaria menos do que o máximo, e que viveria algo maravilhoso, o que não aconteceu desta maneira – pelo menos não na maior parte do tempo. Ou seja, ela aceitava demais, sem lutar pelo que queria, e, poxa, se não tinha aceitado casar com nenhum pretendente até agora, por que com Phillip? Eu sei que tivemos algumas explicações quanto a isso, mas elas não me convenceram completamente, o que acabou me decepcionando um pouco.
Esta é uma história divertida e leve, mas este volume também possui uma pegada mais dramática, que, pelo que me recordo, é o que esta carga está mais pesada de todos da série até o momento, não de um jeito que vá nos fazer chorar sem parar, mas com certeza de uma forma que nos faz sentir.
E, de maneira geral, esta foi a obra menos romântica e fofa da série até então, pois o relacionamento entre Eloise e Phillip começou por motivos práticos ou “desesperados”, e faltou bastante de sentimento ali, além de a situação ter sido meio forçada por eles para alcançar propósitos. Também acabei demorando a nutrir um carinho pelos dois juntos e não ficava torcendo para algo acontecer entre os dois logo, como sempre faço com romances. E depois, parece que a força do amor apareceu com muita pressa. Como se em um minuto estivesse longe de acontecer e no outro já fosse o mais importante.
A escrita de Julia Quinn é, como sempre, sensacional, e nos prende com facilidade, de um jeito que fica difícil largar o livro de lado ou deixar de pensar na história mesmo depois de fechar a última página.
“Ria. Ria alto, e sempre. E quando as circunstâncias pedirem silêncio, transforme sua gargalhada em um sorriso. Não se acomode. Saiba o que quer e corra atrás. Se não souber o que quer, seja paciente. As respostas chegarão no tempo devido, e pode ser que você venha a descobrir que o que seu coração deseja estava bem debaixo do seu nariz o tempo todo.”
E a parte que mais gostei de todas foi a carta escrita no epílogo por Eloise, que foi completamente graciosa e me deixou com os olhos cheios d’água e um sorriso no rosto, e também uma pequena grande homenagem a sua melhor amiga Penelope, que foi super fofo de sua parte.
Sei que nesta resenha estou comentando algumas coisas diferentes dos outros volumes, mas acho que vale citar mais uma característica, já que é o primeiro da série que todos os demais personagens apareceram bem menos, com exceção de pouquíssimas cenas com os irmãos de Eloise, Anthony, Benedict, Colin e Gregory, que foram responsáveis pelas partes mais engraçadas, Sophie, e uma cena com sua mãe. Mas suas irmãs, amigos e sociedade londrina, ficaram todos “de fora”.
E também tivemos um cenário totalmente diferente, já que a obra se passa quase inteiramente nas cidades do campo, longe de Londres e toda a sociedade. Foi bacana, mas ao mesmo tempo senti com esta distância e fiquei com saudades dos meus personagens queridos.
Além do mais, senti falta da revelação do segredo que foi feita no final de “Os Segredos de Colin Bridgerton”, principalmente porque tinha relação com a melhor amiga de Eloise, Penelope, protagonista feminina deste quarto livro. Entendo que a autora fez isso para preservar quem não leu os exemplares anteriores, visto que é uma série independente e pode ser lida em qualquer ordem. Mas acho que algum comentário que não fosse muito revelador deveria ter sido feito, porque foi algo de extrema importância, que mexeu com a vida de muita gente e, principalmente, de sua melhor amiga, e Eloise não se dignou a nem mesmo pensar sobre o assunto, logo ela que pensa e, claro, fala bastante sobre tudo.
Amei as cenas com os filhos do Sir Phillip, Amanda e Oliver, e ficava sorrindo toda vez que eles apareciam, principalmente quando pai e filhos começaram a se entender. Mas confesso que senti falta de mais dos dois, e acho que a autora poderia ter trabalho um pouquinho mais de cenas com eles, inclusive porque queria ver mais a afeição que eles começaram a nutrir por Eloise, pois acho que foi meio que rápida demais, visto que em um momento estavam pregando peças nela e no outro já estavam lhe abraçando.
A capa segue o padrão dos demais volumes da série, e eu gosto bastante desta, que é uma de minhas preferidas. A diagramação é confortável para a leitura com uma fonte em bom tamanho e texto bem espaçado, e as páginas são amarelas.
Tem resenha dos quatro primeiros volumes de “Os Bridgertons” aqui no blog, e vocês podem conferir clicando no título da série. O próximo livro, “O Conde Enfeitiçado”, já está na minha meta de leituras, e estou bem empolgada porque a Francesca, que será a protagonista da vez, é a personagem que eu menos conheço, visto que foi pouco citada nos demais exemplares. Depois ainda vão faltar duas obras, "Um Beijo Inesquecível" e "A Caminho do Altar", que também já foram publicadas aqui no Brasil pela Editora Arqueiro, e “The Bridgertons: Happily Ever After”, que é um volume de contos e reúne os segundos epílogos de todas as histórias, e mais um sobre a matriarca da família, Violet, e chegará ao país no final deste ano.
Mesmo que “Para Sir Phillip, Com Amor” não tenha sido a obra de Julia Quinn que mais gostei, nem a minha preferida da série, ainda assim é fantástica, encantadora e meu encheu de alegria e bons sentimentos. Amo seus personagens, sua escrita e suas histórias, e não vejo a hora de ter mais Bridgertons em minhas mãos.
Avaliação



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