Na Bienal de São Paulo do ano
passado houveram livros que eu conheci ou folhei que foram para lista: quero
comprar imediatamente!, um deles que eu esbarrei no último dia que fui e
praticamente no último stand. Já conhecia de vista, mas resolvi folhar e
percebi que era algo que gostaria muito de ler. Dias depois estava com A
História Sombria do Oculto - Magia, Loucura e Assassinato, escrito por Paul
Roland e publicado pela Madras em mãos, mas demorei a lê-lo.
O nome talvez assuste a quem se
prender a ele. De fato o livro se propõe a um panorama histórico de fatos,
pessoas, situações e culturas que se ligam a figura do diabo e sua orda, e faz
isso muito bem de forma breve e pontual. Passeando desde as culturas antigas e
suas mitologias povoadas de entidades variadas até a breve biografia de figuras
emblemáticas como Aleister Crowley e William Butler Yeats, o autor levanta uma
boa base de dados sobre alguns dos principais pontos do tema, colocando sempre
em xeque se afinal tudo que é atribuído ao mal é de fato advindo de uma
personificação deste ou apenas um reflexo de uma maldade existente dentro de
cada um.
Esperava maiores informações e
maior profundidade no que foi relatado, logo o que no começo me causou
desconfiança que poderia despertar pesadelos pela densidade do tema, se transformou
em uma gostosa leitura sem nada que de fato assustasse ou incomodasse. Claro
que o trecho que se refere a crimes atribuídos a supostos satanistas não é de
todo agradável, mas permitiu diversas reflexões a cerca da natureza humana. Em
contra partida os trechos focados nas personalidades da música foram muito
interessantes, em especial a época dos anos 80 em que o heavy metal passou
pelos tribunais devido a adolescentes desmiolados que se mataram ouvindo
músicas ditas satânicas.
Dividido em cinco capítulos com
uma diagramação recheada de figuras e fotos em preto e branco, o livro permite
uma boa visão de conjunto e auxilia na percepção de quanto a figura do diabo é
uma criação humana. É triste perceber que só conseguimos conceber coisas e
atribuir atos a pessoas quando de alguma forma temos aquilo dentro de nós, por
isso acusações contra pagãos por exemplo feitas por cristões antes de mais nada
falava de atos que eram cometidos dentro da igreja e não de fato coisas que o
povo antigo fazia.
A breve história da igreja
católica e o diabo foi muito esclarecedora em diversos aspectos, e mais uma vez
reforça quanto a igreja fez escolhas políticas e não religiosas na formação de
sua estrutura de crenças. Um exemplo é o sexo que era praticado de forma livre
pelos pagãos e não como pecado, a igreja viu isso como um desafio a sua
autoridade e passou a decretar que o sexo deveria ser sancionado pelo
casamento.
Satã com o tempo tornou-se para a
Igreja a representação de tudo que se oponha a sua autoridade, e com isso pode-se
dizer sem medo que ela se ocupou por muito tempo com a figura diabólica do que
com os ensinamentos de Deus. A caça as bruxas por exemplo iniciou-se no século
XIV advinda do papa João XXII que suspeitava que seus inimigos conspiravam para
matá-lo.
A História Sombria do Oculto
poderia ter se demorado mais em seus temas, mas nem por isso deixou de ser uma
boa refeição de conhecimento para quem busca referências do tema. Com uma
leitura dinâmica nos permite refletir sobre o diabo, os satanistas e tudo que
foi criado em cima disso. Afinal o diabo está em cada um de nós? Eis a pergunta
que não quer calar!
Ps. Fica a dica de uma ótima leitura para o Halloween, de um livro repleto de temas que inspiram as decorações e tradições!
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