Nesta
distopia criada por Anna Carey, conhecemos a protagonista Eva, uma garota que
viveu por muitos anos na escola, onde estava aprendendo várias qualidades e
atividades que seriam úteis em seu futuro no desenvolvimento do país. Ela
sempre foi uma das melhores alunas e estava contente e animada com o que
aconteceria com sua vida depois da formatura. Até que descobre a verdade por
trás de toda aquela ilusão e resolve fugir.
Em sua fuga,
se depara com algumas outras pessoas e descobre ainda mais revelações que mudam
totalmente o modo como ela enxerga tudo de seu passado e várias pessoas que
estão envolvidas naquele terror. Mas não é só isso, ela está sendo procurada e
o Rei não vai poupar recursos para recuperá-la, custe o que custar.
Depois de
momentos de tensão, outros de alívio por um breve instante, e muitos
acontecimentos, Eva vai parar dentro da Cidade de Areia, onde acaba descobrindo
um segredo, o qual ela nunca em sua vida poderia ter previsto, e que vai mudar
completamente as coisas como elas são. Mas agora ela parece estar com as mãos
ainda mais atadas, já que é vigiada 24 horas, então vai precisar se desdobrar para
conseguir bolar algum plano para modificar o rumo que tudo está tomando. Mas
talvez o risco que ela e aqueles com quem se importa passam a correr seja
grande demais.
Enquanto no
volume anterior aprendemos sobre como o mundo está atualmente para as pessoas
que vivem fora da Cidade de Areia, capital da Nova América, e que são pobres
e/ou sem família, e também acompanhamos a jornada de Eva desde o momento em que
ela descobre estas verdades e foge da escola até encontrar um refúgio, neste
livro conhecemos o outro lado da situação e vamos acompanhar o que acontece
dentro dos muros da cidade, como funciona a hierarquia por lá, o sistema de
forma geral, e o que o Rei pretende com o que está fazendo. A ambientação deste
também acaba sendo muito diferente de seu antecessor, porque podemos ver como
estão as coisas dentro da cidade e comparar com o território selvagem.
Não lembro
exatamente de tudo o que ocorreu no livro anterior, "Eva" com detalhes, inclusive
porque o li no final de 2013 – mais de um ano antes deste segundo!), mas neste
daqui posso afirmar que a narrativa se mantém com um ritmo mais calmo, com
poucas cenas de ação ou aventura, apesar de ter alguns ápices mais agitados.
Entendo o motivo de ser assim por conta do novo cenário em que Eva está vivendo
e das descobertas que está fazendo, o que acaba nos preparando para o terceiro
livro, que imagino que será mais agitado novamente.
Considero
que esta sequência não caiu na tão conhecida ‘maldição do segundo volume’, pois,
apesar de não apresentar um ritmo tão eletrizante, acabamos conhecendo o outro
lado do mundo distópico criado por Anna Carey e, assim, não ficamos com aquela
sensação de falta de informações, pelo contrário, percebemos que a autora soube
construir bem sua trama. Além disso, tem várias reviravoltas, não ficou
cansativo ou repetitivo e nem deu aquela sensação de que este livro não
precisava existir para a história como um todo fazer sentido. Ainda conseguiu
me surpreender em um ponto, pois há traição de uma pessoa que eu não
desconfiei.
Outro ponto
que achei interessante é que ocorre uma inversão de papéis em termos de cenário
e dificuldades, já que, em grande parte das distopias que li até hoje, primeiro
somos apresentados ao lado em melhores condições para, depois, sabermos como é
viver fugindo e enfrentando problemas e adversidades, e aqui só somos
introduzidos na área de ótimas condições depois de conhecermos o lado ruim (só
me lembro da distopia “A Seleção”, que também mostra um lado melhor depois, só
que é bem diferente deste daqui).
A escritora dá
a entender que o rei realmente acredita no que ele faz, como se as suas
atitudes fossem justificáveis, porque ele está na parte boa, então acha que os
sacrifícios valem para o bem do todo de forma geral. É um pensamento muito
comum, e isso trouxe bastante realismo à trama escrita por Carey, porque ela
sustenta a questão de que não existe certo ou errado, mas, sim, pontos de vista
opostos. Como eu me importo com as pessoas, estou do lado de Eva e o acho
errado, mas sei que alguns outros indivíduos pensariam como ele.
O romance
acaba ficando mais para segundo plano aqui, já que, por conta dos
acontecimentos do livro anterior e de como as coisas ficaram neste, não dá para
haver muita interação entre Eva e Caleb, mas os sentimentos estão mais fortes e
isso é transmitido muito bem ao leitor. O lado bom é que não há triângulo
amoroso, apesar de parecer que a autora poderia seguir por este caminho, isto
não ocorre de fato, o que é ótimo porque eu não aguento mais triângulos.
Gosto da
Eva, mas no começo ela teve uma atitude meio decepcionante, que eu não consigo
aceitar muito bem porque estava na cara que coisa boa não viria de uma
informação que ela teve – que tinha mais jeito de ser falsa, não com tanta
facilidade e, mesmo assim, ela acabou acreditando e prejudicando não apenas
ela, mas outras pessoas junto.
De morte
confirmada, teve uma que eu simplesmente odiei com todos os ossos do meu corpo,
porque era um animal de estimação e eu não consigo não ficar imensamente triste
quando os autores matam animais. Eu preferia que ela nunca tivesse existido a
ter que vê-la morrer algumas páginas depois de sua primeira aparição.
Uma coisa
terrível e impactante ocorre mais para o final do livro, que eu desejo (e
espero!) com todas as minhas forças que não passe de uma mentira, o que só
vamos saber com certeza no próximo. Porque, caso esta informação se confirme
verdadeira, é ridícula e muito mal desenvolvida, levando em consideração como
as coisas ficaram aqui, corridas e sem aprofundamento neste sentido e era algo
importantíssimo. E, claro, eu iria odiar mais do que tudo, mas não consigo
acreditar que isto seja verdade.
Esta obra é
finalizada no meio de uma cena bem importante e estou bem ansiosa para saber o que
vai ocorrer em seguida e como o desfecho desta trilogia será desenrolado. Estou
curiosa para saber o que a autora preparou para nós, leitores, então não vejo a
hora de a Galera Record publicar “Rise”, último livro, lançado lá fora em 2013,
mas que ainda não tem data de publicação nacional, e é provável que chegue em terras
brasileiras em 2016.
Gosto muito
das capas desta trilogia que, além de muito bonitas, têm semelhanças com os
demais volumes, ou seja, você simplesmente sabe que cada um dos livros faz
parte da mesma história só de olhá-los. A diagramação interna é simples com
fonte e espaçamento em tamanhos razoáveis para uma leitura bem confortável e as
folhas são amarelas.
Com capítulos
relativamente curtos e uma narrativa em primeira pessoa, a trama de Carey é
envolvente e interessante. Esta trilogia pode não estar entre as minhas
distopias favoritas, mas ainda acho que vale bastante a leitura, então é claro
que recomendo. E já estou contando os dias para finalmente ler o desfecho.
Avaliação
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