Cláudia
começa sua nova vida como vampira quando ainda é uma menina, sem entender muito
de seu novo mundo, mas aceitando-o. Louis e Lestat ficam responsáveis por ela,
como se fossem seus pais, e “ganham” a missão de ensiná-la no processo de
amadurecimento, já que ela era muito novinha quando foi transformada e ainda
não tinha vivido muita coisa. O primeiro ficou com o papel de ajudá-la e apoiá-la,
se preocupava com ela e tentava manter seu lado humano, enquanto o segundo era
o responsável por ensiná-la sua própria natureza, com lições de caçar e
seduzir, ele era um mentor perfeito e ajudou-a a auxiliar a assassina que havia
dentro dela.
Com o passar
dos anos, vemos que sua alma envelhece, mas ela continua presa no corpo de
criança e isto acaba sendo angustiante e frustrante, porque ela tem vontades e
anseios com os quais não pode lidar. E quanto mais o tempo passa, mais vazio
fica seu interior, que nem mesmo toda a sua faceta sedutora, manipuladora,
diabólica e perigosa poderia evitar, aumentando cada vez mais seu sofrimento.
“Perguntei a Louis se ele compreendia, mas como poderia?
Mesmo este belo homem a quem amava era incapaz de notar a sensação de
confinamento que eu sentia na minha forma. Já não estava presa em um caixão
infantil?”
Eu nunca li
a obra original de Anne Rice, mas confesso que não sou muito fã de vampiros e
só quis conhecer este livro porque recebo muitas indicações de pessoas que
leram, e tinha vontade de ler algo da autora, mesmo não fazendo meu estilo,
porque curto conhecer coisas novas na literatura sem preconceitos. Além disso,
esta edição publicada pela Rocco está tão linda, que eu fiquei com vontade de
começar o universo da autora por este exemplar, principalmente porque é em
forma de quadrinhos, o que deixa a leitura mais leve e fácil. Desta forma, eu
conheceria a história e, se curtisse bastante, leria o romance completo.
Muitas
pessoas que ainda não leram a obra conhecem a adaptação cinematográfica (do
romance, não desta graphic novel), estrelada por Brad Pitt, Tom Cruise, Antonio
Banderas e Kirsten Dunst (que fez o papel de Cláudia), que obteve muito sucesso
desde sua estreia em 1994. Eu também não assisti ao filme, então não posso
fazer qualquer tipo de comparação.
Como falei
antes não li “Entrevista com o Vampiro”, e confesso que tive um pouco de
dificuldade de entender certos pontos da história, principalmente no começo,
então acredito que esta adaptação seja mais indicada para quem já teve a
oportunidade de ler a obra original completa, já que vai aproveitar muito mais
esta nova visão da história.
Não estou
dizendo que a obra não seja boa, inclusive acredito que os leitores que gostam
de vampiros, sendo ou não fãs de Anne Rice, ou mesmo aqueles que ainda nem
conheceram algum de seus livros, podem gostar desta leitura, mas eu,
infelizmente, não curti muito. E, como comentei anteriormente, a minha não
adoração pelos vampiros pode ter tido uma grande influência nisso.
A parte
gráfica da versão impressa é deslumbrante. Em capa dura e com o título em
dourado, a edição conta ainda com páginas em papel couché (aquele tipo folha de
revista, só que bem mais grosso) no miolo, com ótima impressão e ilustrações
magníficas feita por Ashley Marie Witter com traços de mangá, que na capa é
colorida, mas por dentro segue um padrão de cores neutras e suaves, com um tom
sépia (nuances de preto, bege e marrom), dando um ar mais vintage para a obra,
e com detalhes do sangue na cor vermelho e fogo em amarelo. O texto é moderado
se comparado a edição completa, já que os diálogos são bem curtos e não passam
de poucas frases por página, sendo que algumas não tem nenhum texto.
A série "As
Crônicas Vampirescas", cujo primeiro livro é “Entrevista com o Vampiro”,
tem um total de doze volumes (com dez já publicados lá fora), sendo que no
Brasil foram publicados dez, todos pela Rocco, além de dois volumes dos “Novos
Contos Vampirescos”. Esta versão adaptada e ilustrada pela artista Ashley Marie
Witter só tem este exemplar publicado até o momento, tanto aqui quanto no resto
do mundo.
Através de um
ponto de vista nunca antes abordado, Ashley Marie Witter presenteia os
leitores, fãs ou não da tão adorada Anne Rice, com uma obra interessante, graciosamente
bem ilustrada e brilhantemente representada sobre esta pequena grande vampira,
Cláudia, ora vítima, ora monstro, em sua existência cheia de dualidades e um
grande significado. Recomendado.
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