Nicky
esconde um segredo que a afasta de tudo e todos e, principalmente, dela mesma.
Afinal, por medo de se mostrar verdadeiramente para qualquer pessoa de fora,
ela se fecha e se esconde por trás de muita maquiagem e roupas extravagantes. Sua
nova vida começou quando tinha quinze anos e decidiu deixar para trás sua mãe e
a cidade de Hamburgo, na Alemanha, indo morar em Maidenhead, na Inglaterra. Foi
lá que ela encontrou um refúgio e um lar, e agora é proprietária do Café Ruby
in the Dust, um local acolhedor e cheio de calor humano, onde os clientes se
sentem como amigos.
Também
conhecemos Alex, que é tão doce, carismático e real, que é impossível não
sentir simpatia e nem ficar encantada por ele. Ele está entrando na fase adulta
de sua vida, e está passando por um momento bem difícil, sem algo que o faça se
sentir bem, ou inspirado a cada vez que acorda, sem perspectiva de futuro e com
falta de amor próprio. Alex é dono de um caráter incrível, mas, por conta de
todos os problemas, vive se sabotando e procurando consolo nas bebidas.
Suas vidas
acabam se entrelaçando quando ele senta para tomar um café no Ruby in the Dust,
que está indo de mal a pior por conta de dívidas. Quando um ex-colega de escola
de Alex e senhorio de Nicky ameaça despejá-la, Alex faz uma aposta com ele para
que deixe o local aberto se conseguir transformá-lo em um negócio lucrativo.
Primeiramente Nicky não quer aceitar ajuda deste rapaz metido e idiota, mas,
conforme o conhece melhor, percebe que ele é muito mais do que a aparência
demonstra e eles acabam se aproximando com a intenção de salvar o Café.
Só que
alguns sentimentos parecem ter despertado dentro dos dois protagonistas. Será
que Alex vai conseguir deixar os dias sombrios para trás? E Nicky vai se
permitir lutar contra seus medos mais profundos e se deixar levar pelo que está
sentindo?
A grande
maioria dos livros new adult que existem (pelo menos considerando os que li e
os que tenho conhecimento) apresenta um dos personagens principais – a(o)
protagonista ou seu par romântico – com um grande segredo que só será revelado
depois de embarcarmos em diversas páginas de leitura. Com este título isto não
foi diferente, porém, o segredo era realmente original e eu nunca antes havia
lido um livro do gênero mostrando esta perspectiva e gostei de ver que a autora
conseguiu inovar, mesmo não trazendo algo absurdo e, sim, realista (mesmo que
não existam tantos casos quanto eu pensei que existia).
Gostei
imensamente da construção dos personagens feita por Farrell, pois os
protagonistas são incrivelmente verdadeiros, eles têm muitas qualidades, mas
também várias imperfeições, como qualquer outro ser humano que existe no mundo,
afinal, pessoas perfeitas nunca existiram e nem nunca existirão. Inclusive
porque não há como dizer que alguém é tão sublime assim que não possua nenhum
defeito, já que nem todas as decisões que um indivíduo toma é cem por cento
certa ou errada.
Curti
principalmente poder conhecer cada uma destas agonias e medos de Alex e Nicky,
o que fez com que eu me sentisse muito mais próxima a cada um deles e também
trouxe mais realidade à trama. Eles possuem problemas autênticos que qualquer
um de nós poderia ter ou tem.
Mesmo que a
narrativa tenha sido feita em terceira pessoa e tenha acompanhado tanto Nicky
quanto Alex, acho que ele acabou ganhando um pouco mais destaque do que ela e
eu gostei muito disto, pois ele foi meu personagem preferido e é super
apaixonante, inteligente, divertido e fofo. Nicky é admirável, afinal começou
uma nova vida em um país novo e conseguiu prosperar, além de cuidar do sobrinho
como um filho. Ela é forte, independente e decidida, só acho que às vezes era
muito cabeça dura e teimosa ao extremo, principalmente quando o assunto era
Alex.
Esta leitura
tem um teor bem motivacional, com trechos inspiradores e mensagens positivas,
mas não daquele jeito chato e superficial, mas, sim, de uma forma realmente
legal e que se encaixa com a trama e as histórias de cada personagem.
Então, o
mais interessante e bacana deste livro é que ele nos inspira a gostar de nós
mesmos exatamente do jeito que somos, já que cada um deveria bastar para si,
não precisando depender de outra pessoa para ser feliz, apenas para completar e
dividir a felicidade. Nos mostra, também, que cada indivíduo é diferente do
próximo e deve se aceitar e se orgulhar disto, sem querer ser igual a todo
mundo ou ao “padrão” que a sociedade sempre tenta nos impor. Amar a si próprio
é o verdadeiro significado da felicidade, porque assim nos abrimos para as
outras alegrias.
“Você está
julgando a si mesma por uma pequena parte de você, quando você é um ser humano
complexo. Você é realmente maravilhosa. E linda.”
Mesmo sendo
totalmente fofo e romântico, o romance em si não é o foco do livro, inclusive
não apresenta cenas de relações físicas quase em momento nenhum (digo em
relação aos beijos, porque não há qualquer tipo de cena de sexo, nem perto
disso). Então se você está buscando mais um livro erótico, esta não é uma
opção, mas se quer encontrar algo muito além, cheio de sentimentos e simplicidade,
encontrou.
Só teve uma
cena em toda a obra que realmente me incomodou bastante a ponto de me deixar
com raiva porque a) não fazia sentido e b) acabou sendo meio forçada para outra
coisa dar certo. Vou explicar o motivo de ter achado isso, claro que sem dar
spoiler, mas leiam o livro e me digam se acham o mesmo que eu.
Em certo
ponto da história acontece um evento extremamente importante que pode modificar
a vida de Nicky, já que ela pode perder seu lar, onde vive com o sobrinho, e
também o lugar que serve de sustento para eles. Então, ela vai participar de
uma reunião para tentar mudar a decisão de terceiros e, para isso, precisa
fazer uma apresentação falada, em pé diante de várias pessoas. Nicky não tem
problema nenhum em falar em público e está até calma, levando em consideração a
importância daqueles minutos para sua vida e a de Jamie. Só que, ela se ausenta
porque vai a outro lugar faltando apenas alguns minutos para se apresentar e
acaba encontrando uma pessoa, de quem não gosta, e para quem ela resolve contar
seu maior segredo – aquele que demorou um tempão para falar ao Alex e que só a
família e a melhor amiga sabiam. Com isso, quem fica responsável a fazer a apresentação
em público é justamente Alex, que tem dificuldades para isto.
O que eu não
gostei nesta parte é que não entendi o motivo de Nicky ter confiado e resolvido
se abrir para esta outra pessoa que não tinha nada a ver saber de sua
intimidade, e ela ter escolhido justamente o pior e mais importante momento de
sua vida atual para contá-lo. Soou forçado porque ninguém deixaria algo crucial
de lado para dar atenção a alguém que não merece/não precisa e ainda acho que
isso só aconteceu para dar um pequeno empurrão em Alex, para que ele
enfrentasse seu medo numa situação que não tinha outra solução. Acho que o
motivo do “sumiço” de Nicky poderia ter sido outro, porque só assim iria me
convencer.
Quem busca
livros sem continuações, esta é uma boa pedida, já que é um volume único e
muito bom. Mas confesso que não iria achar nada ruim que a autora escrevesse
mais livros neste universo, porque alguns personagens poderiam ser mais
explorados, inclusive gostaria de saber o futuro de alguns deles, como o sobrinho
Jamie e os melhores amigos dos protagonistas deste, Zach e Leia, e sua história
de amor.
A história
de vida da escritora, Julie Farrell, é linda e inspiradora. Mesmo que eu só
tenha a conhecido por poucas palavras de sua biografia, me senti mais ligada a
ela por compartilhar tão abertamente sobre seus ataques de pânico e “medo do
medo” que sentia, e como foi fugir da realidade para o mundo da ficção antes de
conseguir superar tudo o que vivia para, enfim, viajar. E o fez bem, já que
conseguiu fazer um mochilão em meio ao caos e calor da Índia somente alguns
meses após ter se livrado de seus ataques de pânico. Achei lindo saber disso e
fiquei orgulhosa dela.
Esta capa é
tão fofa que fiquei apaixonada desde o momento em que a vi e imensamente feliz
quando soube que a Editora Charme iria publicar a edição impressa deste livro e
eu poderia tê-la em minha estante. E, depois de estar com o meu exemplar em
mãos, não consegui não olhar para ele o tempo todo e senti coisas boas dentro
de mim todas as vezes, porque ela é simplesmente adorável e linda e passa um
clima bem gostoso.
Também gostei
muito do trabalho com a diagramação deste exemplar, e todo início de capítulo
há um detalhe gráfico com flores e folhas em cinza. A fonte está em um tamanho
bom e os espaçamentos são enormes, o que, junto com as páginas amarelas, facilita
totalmente uma leitura agradável por um período maior de tempo.
“ – É. Eu acho que entendo isso agora. Seja o
que for que você ache que vai fazer você feliz, não é exatamente como se
imagina. Enquanto você está ocupado fantasiando sobre o que poderia fazer você
feliz no futuro, você está perdendo o que pode deixar você feliz agora.”
“Ruby in the
Dust – O Amor numa Xícara de Chá” é
uma história delicada, fofa, doce, recheada de amor puro e verdadeiro, muita generosidade,
personagens cativantes, um clima adorável e mensagens inspiradoras. Convido
você a se juntar aos protagonistas com uma xícara de chá ou café e embarcar
neste delicioso romance.
Avaliação
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