Lua de Larvas – Sally Gardner

Standish Treadwell vive em uma sociedade terrível e opressora, rodeado de tristeza e desigualdade, mais precisamente na Zona Sete, onde tudo é ainda pior, sozinho com seu avô, já que seus pais foram levados embora para nunca mais voltar.
Sua vida era normal, apesar das grandes dificuldades, e ele sempre sofria nas mãos dos garotos valentões do colégio, até que um menino se muda com os pais para a casa ao lado e tudo se modifica, afinal agora Standish encontrou o destemido Hector, que o trata super bem, mesmo que ele tenha dificuldades de ensino porque é disléxico (o que fazia muitas outras pessoas o julgarem como burro, coisa que ele está bem longe de ser), e logo eles se tornam melhores amigos, até o dia em que o garoto também é levado de sua vida.
Apesar de viver em um mundo com bastante imaginação e parecer meio distraído, Standish acaba descobrindo uma grande conspiração do governo para vencer a corrida espacial, e percebe que não pode deixar que aquilo vá para frente, enganando toda a população. É nessa hora que nosso protagonista entende que precisa enfrentar o totalitarismo da Terra Mãe antes que seja tarde demais.

“Lua de Larvas” é uma distopia diferente de todas que já li, não apenas pela história ser vivida no passado (anos 1950) e não no futuro (as outras que li aconteciam anos à frente), mas porque o protagonista, Standish Treadwell, é um garoto exemplar, cativante e muito fofo, e conquista o leitor logo no começo do livro, fazendo com que nossa admiração só cresça a cada página virada devido a seu jeito de ser com seus pensamentos magníficos.

A narrativa, que é em primeira pessoa, não segue uma linearidade, Standish vira e mexe muda o tempo em que está contando as situações em que vivenciava, ora relembrando o passado, ora nos introduzindo no presente, mas de uma forma muito bem feita, não deixando que a gente fique confuso ou algo do tipo quando muda o período de seus relatos.

Apesar de ainda existirem várias conspirações pelo mundo sobre o fato do homem pisar na lua ser verdade ou mentira, não acho que a autora realmente tenha colocado aqui sua opinião formada sobre esse assunto no nosso mundo real, acho que a forma como ela introduziu esse tópico na verdade deixou o livro com um ar de realidade paralela, como se esse mundo criado por ela fosse algo que realmente existiu em outra linha do tempo, por exemplo. Mas, ao mesmo tempo, podemos notar como ela usa bastante críticas contra o governo e nossa sociedade, só que não de forma direta, mas sim com uma linguagem mais metafórica.

Amei a relação de Standish com seu avô, que sempre o apoiou e esteve ali do seu lado, e também com Hector, seu melhor amigo, que foi quem ajudou nosso garoto a ser mais forte, psicologicamente falando, o que é mais do que necessário nesse mundo em que vivem.
Também conhecemos alguns outros personagens, uns muito legais, como a senhorita Phillips e os pais de Hector, o Sr. e a Sra. Lush, e outros totalmente odiáveis, como o professor Gunnell, o garoto Hans Fielder, e o homem do casaco de couro.

Mesmo que eu tenha gostado muito desse livro, sei que não é uma indicação para todas as idades, porque, apesar da capa insinuar algo mais leve e descontraído, não é isso que encontramos aqui, e os mais novos podem acabar não entendendo algumas das insinuações da autora, ou então podem acabar se incomodando com a narrativa, que tem como característica principal ser bem poética, que a deixa, consequentemente, bem mais lenta.
Algumas cenas deste livro são bem fortes, e várias são infinitamente tristes, mas mesmo nelas (ou talvez principalmente nelas) você consegue ver como Standish é um menino maravilhoso, e eu senti esperança mesmo quando tudo parecia perdido. O final, apesar de ser belo por um lado, é total e completamente de cortar o coração, e eu não consegui não ficar triste com ele.

O livro é bem pequeno, tanto no formato quanto em número de páginas (13cm x 20cm e 292 páginas), e a leitura, apesar de ser mais densa, triste e poética, acabou fluindo maravilhosamente bem para mim, que terminei de ler muito rápido, mas isso também se deve ao fato dos capítulos serem bem curtos, dando um ritmo legal à narrativa.
A diagramação está muito bem feita, com fonte e espaçamento grandes e confortáveis para a leitura, além de contar páginas amarelas, e diversas ilustrações que até tem ligação com a história e são bem feitas, mas eu confesso que não curti muito a presença delas ali porque umas são nojentas. A capa também está uma graça e tem tudo a ver com o conteúdo, tanto na questão do título, quanto na ilustração do menino com um olho de cada cor.

Esta é uma história bem bonita, mas também muito, muito, muito triste sobre a amizade, o amor e, acima de tudo, a coragem de um garoto que queria mudar o terrível mundo em que vivia. Não é à toa que esse livro recebeu diversos prêmios e foi o mais premiado do ano na Inglaterra. Super recomendado!
Avaliação



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18 comentários:

  1. Bem, confesso que a capa é meia esquisita mesmo.... mas gostei muito da resenha!
    Adro distopias, mas nunca li nada que seria distópico no passado. Mais um na minha listinha de desejados!

    bjo bjo^^

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  2. Que legal! Nunca tinha ouvido falar desse livro, e adorei a sua resenha, realmente as distopias normalmente são sobre o futuro, e não o passado, então instiga mais ainda a curiosidade. Já ta na minha lista pra ler!

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

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  3. Gosto muito de distopia e esse livro parece ser ótimo, fiquei bastante interessada em ler!

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  4. Curto distopias, não tanto ultimamente, mas curto. Vi o título no Skoob e me pareceu bem interessante.
    A capa me trouxe à mente Laranja Mecânica (e não me pergunte porquê rs), mas me parece ser bem mais cativante, pois (não me matem por isso) embora seja um livro ótimo, tem uma leitura um pouco cansativa. E pela sua resenha, me deu um pouco de receio de ter uma leitura também cansativa, mas me pareceu que ela é do tipo que flui, mesmo sendo poética (coisa que eu gosto) rs.

    Ahhh e que capa fofa, vontade de ler só de olhar para ela kkkk

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  5. Que tudo!! Uma distopia com um protagonista disléxico!! A leitura parece ser maravilhosa, esse envolvimento que leva o leitor a se revoltar com as cenas fortes, é o melhor exemplo de uma narrativa bem feita. Primeira vez que leio algo sobre esse livro, e com certeza irá para minha lista de futuras leituras.

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  6. Gostei muito esse livro parece ser ótimo, vou ler .

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  7. Gosto muito de distopia e esse livro para ser muito bom. Alias, que ilustrações são essas? Amei! Na verdade amo qualquer livro que tenha uma ilustração no começo dos capítulos.

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  8. Não esperava gostar tanto assim deste livro. você conseguiu me deixar curiosa com seus relatos na resenha. Muito bom. Vou experimentar ler e ver se realmente é assim tão emocionante como aparece. Beijos.

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  9. Pela capa eu diria que é um livro infantil, mas lendo a sua resenha dá para perceber que não é. Eu amo histórias tristes, acho que são as melhores. Livro com ilustração é um prazer a a mais, parabéns à Editora por um trabalho tão bem feito.

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  10. Nunca li distopias. Mas parece que essa me chamou a atenção... Primeiro pela capa , como é meiga..meio infantil.. Segundo pela resenha..que amor... E as ilustrações no meio do livro...não tem como não se apaixonar..

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Acho que nunca imaginei um livro assim, me parece muito muito bom! Amei a capa e acho que ele promete bastante. Mal posso esperar para ler

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  13. Que livro lindo *-* Sou apaixonada por ilustrações a linha nos livros, molduras, essas coisinhas assim kk Ansiosa pra conhecer essa autora! ^^

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  14. Gosto de distopias, não conhecia essa, mas depois que li a resenha, fiquei louca de vontade de ler. Parece ser muito boa mesmo *-*

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  15. Adorei a resenha e fiquei bastante interessada no livro! :)

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  16. Amei a resenha! Quero muito ler esse livro, adoro distopia é o meu estilo favorito!
    Beijos

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  17. Sua resenha ficou perfeita, nos mostra o que esperar do livro e nos instiga a devorar cada pagina.Adoro livros distópicos...Fiquei louca pra ler.
    Valeu pela dica.
    bjs

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