Imagine que nosso mundo caminhe
para um acidente nuclear, e que depois que ele acontece 90% da população morre
deixando apenas indivíduos que são afetados por este acidente, tornando-se
criaturas como elfos, anões, gnomos, e etc. A magia deixa de ser lenda, e passa
ser vigente, e mesmo depois do que aconteceu o mundo ainda caminha pela via da
destruição. Conseguiu imaginar? Esse é o mundo em A Espada de Shannara, primeiro
volume da trilogia espada de Shannara, escrito pelo autor Terry Brooks, e
publicado atualmente pela editora Arqueiro.
Nesse futuro distante Shea
Ohmsford vive no Vale Sombrio com sua família, ele não espera sair da
hospedaria do pai onde trabalha com o irmão. Mas um visitante inesperado
Allanon o desperta para uma missão: o Lorde Feiticeiro, que todos julgavam
morto, planeja voltar com força total e destruir o mundo. A única arma capaz de
impedi-lo é a Espada de Shannara, mas esta só pode ser empunhada por seu
herdeiro, Shea. Sua jornada até a espada e pela sobrevivência do mundo começa!
Quando soube da ideia por de trás
dessa série eu fiquei louca para ler o livro, já que estou cansada das
propostas distópicas dos livros atuais sobre o assunto. Um futuro onde o que um
livro de rpg tinha como fantasia se transforma em realidade após um desastre
terrestre! Genial! Brooks em sua narrativa em terceira pessoa, soube muito bem
explorar sua ideia, não só do ponto de vista de uma alta fantasia repleta de
detalhes, descrições e ritmo mais lento, como também do ponto de vista humano
onde explora a natureza humana que persiste nos erros que um dia quase
erradicaram sua raça do planeta. Ele por vezes cria diversos pontos narrativos
que depois se juntam, por conta desta característica podemos acompanhar
diversas frentes da estória ao mesmo tempo, logo não falta informação e
explicação para tudo que acontece.
A estrutura do livro é muito
similar ao O Senhor dos Anéis, mas o autor já parte desta ideia, fã de Tolkien
ele queria explorar um grupo em uma busca neste universo mágico. Não foram
poucas as similaridades que surgem, tanto de características de personagens
quanto de cenas que estes passam. E talvez você esteja se perguntando se isso é
bom ou ruim, eu diria que é neutro, depende da relação que você tem com
Tolkien. Para mim, fã confessa, é um pouco chato, e é a única coisa que
desabona o livro das cinco estrelas.
Shea é um meio elfo, e como todo
herói que parte em uma jornada no susto não está muito certo do poder que
possui. Ele é muito humano, embora tenha sangue elfo têm comportamentos
depressivos e não se vê como alguém capaz de cumprir sua missão. Seu irmão
Flick é seu defensor incondicional e apoio fundamental para que ele persista
mesmo quando tudo dá errado. Aqui temos uma dupla muito parecida com as
características de Frodo e Sam.
A figura de Allanon, historiador
e druida é bastante dúbia, não fica claro até que o livro esteja quase no seu fim
porque ele guarda tantos segredos daqueles que pretende ajudar. É dono de muito
conhecimento sobre o que aconteceu com o mundo e de todas as raças que
surgiram, além de ter poder para enfrentar quase todas as ameaças do lorde
feiticeiro. Suas indas e vindas, e o comportamento peculiar é claro lembraram
Gandalf, mas este último é muito mais sábio e bondoso comparado a Allanon-
prometo vou parar com as comparações rs!
Temos ainda no grupo que se forma com dois primos elfos muito simpáticos e menos féericos do que costumam ser este tipo de criaturas; um anão bastante mal-humorado, com um potencial bélico de colocar qualquer um para correr; um velho amigo montanhês de Shea e por fim um herdeiro de trono humano de caráter sem igual.
Foi um pouco estranho ver gnomos
como vilões, mas ao mesmo tempo interessante. As demais criaturas do mal eram
exploradas voltadas para os aspectos psicológicos e de suas sombras. Mais tarde
até um troll ganhou minha simpatia.
O desfecho da estória é ótimo!!
Não é surpreendente no sentido de acontecer algo inesperado, mas sim pela
astúcia e inteligência que o autor usou para que a missão chegasse a algum
ponto. Eu sou fã de quem foge dos clichês, e usa o simples mas possível para
resolver as questões. Não é necessário batalhas de dias para convencer, e
Brooks foi assim.
Essa trilogia já tem seu segundo
volume publicado, As Pedras Élficas de Shannara, e conta outra estória neste
universo. E é a partir dele que foi criado o seriado Shannara Chronicles. O
terceiro volume, The Wishsong of Shannara ainda não foi publicado, e espero que
a Arqueiro o faça seguindo o padrão lindo que a Saída de Emergência deixou
nesse livro que ficou lindo!.
A Espada de Shannara é um dos
grandes nomes da fantasia moderna pós-Tolkien, e merece muitas de suas glórias,
não supera o mestre, mas é muito honesto em seu trabalho. Se você busca uma
jornada mágica por mais do que glória e vitória eis o seu livro! Mas espere
esse universo não se encerra nesta trilogia, ele têm diversas séries, chegando
a quase 30 volumes, será que todos irão aparecer por aqui?!
Avaliação
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