24 º Bienal do Livro de São Paulo - 2016



Se eu pudesse resumir a Bienal deste ano que está acontecendo aqui em São Paulo eu cantaria a música Metamorfose Ambulante, porque é exatamente o que está se tornando este evento que acontece a cada dois anos aqui na cidade no Pavilhão Exposições do Anhembi. Compareci em dois dias do evento, no dia de abertura na sexta feira e na última quarta feira.

Começo fazendo a pergunta: afinal qual é o objetivo da bienal? Segundo o site do evento o objetivo é ser um palco de encontro das principais editoras, livrarias e distribuidoras do país que pretendem apresentar seus principais lançamentos. Bem devo dizer que se era esta a proposta, como eu sempre pensei que seria, este ano mais do que nunca ele não foi alcançado!

Estive presente nas última três bienais, e posso relatar o declínio do evento. Primeiro porque algumas das principais editoras não foram quase presença, Darkside, Novo Conceito, JBC, Casa dos Espíritos entre outras não compareceram, e salvo a Darkside que é nova no mercado as demais eram presença constante no evento. Grande parte dos estandes era de vendas de livros, assim o que tínhamos era uma grande feira de venda de livros, e devo dizer com ótimos preços. Mas com isso a ideia de divulgar lançamentos ficou muito perdida e vaga.

E porque digo isso? Acompanhem comigo, se eu quero divulgar um produto eu faço propaganda sobre ele certo? E no caso de livros como eu faço essa divulgação? Através de material de distribuição, ou seja, marcadores, panfletos e etc, e o que as grandes editoras fizeram? Ou simplesmente não disponibilizaram tais materiais, ou estes eram escassos. O farto material ficou por conta das pequenas editoras, como a Mundo Uno, Empíreo, Young, Faro e etc.

Agora porque editoras como a Rocco que fez o estande mais bonito da feira, repleto de referências da série Harry Potter não disponibilizou também os marcadores do mesmo? Consegui eles no estande da Comix! Ou ainda como uma editora do porte da Cia das Letras não tinha um marcador sequer de qualquer de seus livros? Alguns podem dizer que é a crise, mas se é a crise como editoras menores, que têm poucos livros conseguiram ter marcadores? A Lendari é um exemplo, a editora está começando agora, tinha um espaço bem pequeno por lá mas contava com seus marcadores a vontade para o público. Eu não consigo entender este fenômeno, ele começou na última bienal e piorou muito nesta edição!

Em nenhum local tinha degustação dos livros, opção obrigatória para que o público tenha contato com a narrativa dos livros. Eu já escolhi livros através deles. Mas eles se tornaram algo muito raro! Os eventos que aconteceram, salvo em espaços específicos como um local focado em culinária, estande do Secs e afins, foram massivamente focados nos lançamentos de autores da moda, ou seja, youtubers e atrizes adolescentes.

Sabe quanto é desconcertante ver crianças gritando como desesperadas por uma atriz como Maisa? Quanto isso é reflexo de uma sociedade cuja base é mais rasa do que uma poça? Onde estavam os autores importantes que tem o nome marcado por décadas de bons livros? Onde está a parte Internacional que o nome do evento prega? Só vi o estande da Alemanha! Nos países de fora existem estandes de diversos locais do mundo, por isso do nome internacional, aqui não foi o que aconteceu. Imaginem como seria rico se outros países viessem até aqui compartilhar seus livros e cultura? Isso sim seria um evento cultural!

Não vou ser hipócrita dizer que não me diverti por lá vendo tantos livros juntos, e por preços acessíveis (que fique claro massivamente nos estandes de outlet por assim dizer, as editoras colocaram poucos livros com desconto, e muitas repetiram os mesmos livros de edições anteriores!). Mas mais do que trazer livros para casa eu queria sentir o clima de estar em uma biblioteca, estar rodeada por pessoas que amam livros como eu.

E foi assim que a Bienal foi para mim, trouxe novos filhotes para estante, mas fiquei com dó do que não foi, do que poderia ter sido! Sei que o evento é um ponto de encontro para muitas pessoas, mas senti falta da profundidade e da densidade que um dia conheci quando fui pela primeira vez quando pequena e cheguei em casa carregada de livros de folclore. Senti falta das editoras valorizando seus autores de qualidade, não só suas marcas e senti falta de incentivo para os pequenos que apesar de todos os contras estavam lá e fizeram bonito, muito mais bonito que as grandes!

Vale a pena comparecer a Bienal? Sim! Mas tendo em mente essas mudanças, que continuam a acontecer ano a após anos, como uma metamorfose ambulante, mas que invés de transformar a lagarta em borboleta, está tirando as asas da borboleta e a transformando em um bicho sem forma! Mas continuo sonhando que as borboletas voltem a voar, quem sabe na próxima?!







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5 comentários:

  1. Ah eu já imaginava que seria assim na Bienal desse ano desde o dia que anunciaram as atrações bem meia boca sendo sincera. Deixei de ir nas últimas duas bienais por conta dessas mudanças que sinceramente, eu não estou curtindo nem um pouco. Se fosse só para comprar livros mais em conta, eu compro no conforto da minha casa mesmo sem muvuca por conta de adolescentes fãs de youtubers e atrizes.

    É uma pena que o evento esteja no declínio e apelando para atrações de qualidade duvidosa somente para atrair público =/

    Abraços

    Mundo Silencioso | http://www.mundosilenciosoblog.com.br/

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  2. Eu sempre quis ir na Bienal, principalmente na de São Paulo, justamente por querer explorar os lançamentos, as estantes e tirar bom proveito de tudo isso. Eu não sabia que o evento havia decaído tanto porque a última vez que estive presente foi em 2014 na de BH.
    Por mais que eu goste de youtubers, eu acho que algumas editoras aproveitam deles para atrair o público e com isso, o alto lucro.
    Fico com receio de ir nas próximas bienais... Mas claro, tem o lado bom que é o preço acessíveis dos livros.

    http://makingcolorfilm.blogspot.com.br/

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  3. Oi Bru!!
    Achei realmente ridículo toda a loucura em volta de youtubers.
    Senti falta da presença de mais autores internacionais importantes, como costumava ter nas edições passadas da bienal.
    Tbm acho que deveria ter stands de outros países!!!!!
    eu iria amar se tivesse stands da Rússia, Polonia, por exemplo, e tbm dos Estados Unidos, Canadá e Australia. Iria amar poder comprar livros desses lugares e conhecer mais da cultura.

    E senti falta das amostras de primeiros capítulos de livros, só tinha alguns na Rocco, mas não teve mais nenhuma editora que realmente investiu nisso e em marcadores, uma pena. Lembro que comprei livros por causa disso, pois é uma forma de ficar conhecendo livros diferentes.
    Fico na esperança que na próxima edição seja melhor!!

    http://www.lostgirlygirl.com/

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  4. É triste. Mas é um reflexo de várias coisas né?

    Depois que o vi hoje que a Anita vai cantar com o Andrea Bocelli em um show, dá para entender como as referencias culturais andam :/

    Uma pena pq a necessidade faz a adaptacão e a qualidade cair ladeira baixo

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  5. É triste. Mas é um reflexo de várias coisas né?

    Depois que o vi hoje que a Anita vai cantar com o Andrea Bocelli em um show, dá para entender como as referencias culturais andam :/

    Uma pena pq a necessidade faz a adaptacão e a qualidade cair ladeira baixo

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