O Conde Enfeitiçado - Os Bridgertons #06 - Julia Quinn

“Em toda vida ocorre um momento decisivo. Um instante tão extraordinário, tão claro e tão nítido que temos a sensação de havermos sido golpeados no peito, deixados sem fôlego, sabendo, sabendo, sem a menor sombra de dúvida, que nossa vida jamais será a mesma. Para Michael Stirling, esse momento aconteceu ao pôr os olhos em Francesca Bridgerton.”
Só tinha um problema: isso aconteceu logo quando ela estava noiva. De ninguém menos do que John, seu primo querido, a quem ele considerava como um irmão, de tão próximo que era, e por quem nutria tanto carinho. Então, mesmo sendo um libertino que não se apaixonava e nem se prendia a  nenhuma mulher, Michael finalmente estava pronto para entregar seu coração, mas não podia, e nem faria isso de maneira nenhuma, afinal nunca poderia cometer tamanho ato de traição a John.
Viveu à margem daquele relacionamento deste então, mantendo uma amizade próxima com seu primo e com a agora esposa dele, Frannie, como é carinhosamente chamada. Os três passaram a ser um trio inseparável, grandes e melhores amigos. E até mesmo confidentes. Michael sempre a divertia contando sobre suas conquistas e aventuras.
Até que tudo muda. Um dia, sem mais nem menos, John está com uma dor de cabeça e decide se deitar, porém o pior acontece e ele nunca mais acorda. A tristeza agora paira sobre essa família, e Michael não consegue suportar viver naquele ambiente e sai para uma longa viagem, deixando de assumir o seu posto como novo conde de Kilmartin durante esse período, e é Francesca quem tem que assumir as coisas por enquanto, por ser a condessa de Kilmartin.
Quatro anos se passam sem que se vejam, mas o amor que Michael sempre sentiu por Frannie ainda está ali, dentro dele, apenas adormecido. E a culpa por esse sentimento lhe consome, afinal ele desejara a esposa de John e agora ela estava ali, livre, enquanto o primo não se encontrava mais no mundo dos vivos.
Até que um encontro inesperado acontece, algumas situações se desenvolvem, Francesca toma uma decisão que vai mudar tudo, e depois acaba se envolvendo com Michael. Mas ela ainda está relutante com tudo isso e não vai conseguir se entregar a essa paixão, portanto, caberá a ele provar que nenhum outro homem vivo poderia fazê-la mais feliz do que ele. Resta saber se Frannie entenderá que a felicidade pode sem encontrada duas vezes ou se irá preferir manter-se afastada para preservar a ideia de que só existe uma pessoa para cada um de nós.
Este era um dos volumes que eu estava mais curiosa para ler, visto que Francesca é a filha mais distante da família, então foi a que menos conhecemos com o passar dos exemplares. Se eu não me engano, não teve muita participação em nenhum outro livro (em alguns ela ainda era bem jovem, nos outros já morava em outro país), então é como se fosse alguém por fora. Além do mais, ela já foi casada, como soubemos em obras anteriores, só que não tínhamos conhecido seu marido, a história entre eles, o romance, como se conheceram, etc. E ela tinha ido morar com a família dele na Escócia, então eu realmente queria conhecer tudo isso. Apesar de o passado não ter sido tããão apresentado assim, deu para ter uma noção do que aconteceu, e também do que ela sentia por John, seu marido.
Frannie sempre foi mais “na dela”, mais quieta, independente, teimosa e afastada dos demais irmãos e familiares, porém ainda assim apresenta características semelhantes aos outros Bridgertons, como o bom humor permeando seus pensamentos e ações, seus diálogos afiados, e sua determinação. Gosto muito da personagem, mas ela não é uma das minhas personagens femininas preferidas da série, e algumas vezes suas atitudes me incomodavam um pouco.
Já o Michael é maravilhoso! Ele definitivamente entrou para o meu hall de mocinhos preferidos de romances de época. Um fofo, romântico, determinado, paciente, leal, divertido, e ainda tem muitas outras características marcantes e apaixonantes, que o fazem ser especial e encantador. Terminei a leitura desejando um Michael para mim! Hahaha

Essa obra consegue fazer com que a gente sinta os mais diversos sentimentos enquanto vamos lendo, alguns bons, como alegria e esperança, outros não tanto, como raiva e tristeza. Mas Quinn sabe fazer com que todo este misto de emoções cheias de dualidade nos façam entender melhor o que os protagonistas vivenciam, e até mesmo faz algumas pessoas refletirem sobre o que fariam se estivessem no lugar de um dos dois: agiriam igual ou de maneira completamente oposta? E essa forma de nos fazer pensar e sentir é realmente muito prazerosa.
O livro também retrata bastante o sofrimento, a forma como cada um encara o luto, a culpa em mais de uma situação, igualmente intensas, o medo, e o poder das segundas chances, tanto para o próximo, quanto para si mesmo, entre outros.
Inclusive, gostei muito de como a autora trabalhou a questão da culpa, e depois a mesma sendo dissolvida com o passar do tempo, e a forma como os protagonistas perceberam que a felicidade nem sempre é o que as demais pessoas chamariam de ideal, mas que nem por isso deveríamos deixar de vivê-la, afinal a vida de cada um e suas ações dizem respeito apenas a si mesmo, então se algo te faz bem e feliz, você deve aproveitar isso, independente de quantas outras pessoas vão julgá-lo ou não.
A escrita de Quinn, mais uma vez, é incrível! Ela consegue sugar o leitor para dentro das páginas, fazendo com que a gente se sinta naquele cenário, como se nós mesmos estivéssemos vivendo dias de bailes e visitas programadas, com regras de etiqueta e tudo mais, na Inglaterra do século XIX. É uma delícia sem igual!
Além do mais, Julia nos apresenta fatos do presente e do passado dos personagens, fazendo com que entendamos tudo o que aconteceu com eles, e também o que pensam e sentem, mesmo que a narrativa seja em terceira pessoa. Isso faz com que a gente se aproxime do enredo, ao mesmo tempo em que temos uma visão mais ampla dos acontecimentos.
Os acontecimentos deste volume não são totalmente independentes dos demais em relação a ordem cronológica, com um período de tempo entre o anterior e o próximo volume; na verdade ele ocorre paralelamente ao quarto e o quinto livros, com cenas ocorrendo ao mesmo tempo de partes das histórias de Colin e Eloise.
Amo todos os personagens de Quinn, então é sempre maravilhoso poder revê-los ou ouvir mais sobre algum deles, mesmo que por pouco tempo como aconteceu neste volume, já que, por Francesca morar longe da família e não ser tão próxima a eles quanto os demais filhos são, não há muitas cenas envolvendo/citando outros Bridgertons. Apesar disso, Colin foi essencial para a trama, e adorei sua participação do fundo do meu coração.
Estou triste porque a série já está chegando ao fim. No Brasil os oito volumes já foram publicados, agora só falta o extra, que possui os segundos epílogos e mais a história dos pais, Violet e Edmund (que eu simplesmente PRECISO ler!), que chegará por aqui em novembro e eu já estou contando os dias. Destes, li até o sétimo (a resenha dele sai em breve), e o oitavo já está na minha pilha de próximas leituras.
Amo esta capa, que é a minha preferida da série junto com a do quarto volume, “Os Segredos de Colin Bridgerton”. A diagramação foi bastante confortável para uma leitura agradável de minha parte, mas a fonte do texto não é muito grande, o que pode incomodar algumas pessoas, e as páginas são amarelas.

Mais uma vez, recomendo muito a série “Os Bridgertons” para todos os leitores que curtem obras do gênero romance de época. “O Conde Enfeitiçado” é um livro maravilhoso, com pitadas de drama e diversão, personagens incríveis, uma trama bem construída e uma das famílias mais adoradas da literatura. Julia Quinn é uma das minhas autoras preferidas e esta obra só veio para consolidar ainda mais essa sua posição no meu coração.
Avaliação



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