Um casal, Carlão e Laerte todos
os anos promove jantares em sua mansão, procurando sempre proporcionar uma
noite inesquecível e banhada a muita riqueza. Para o jantar desta edição eles
resolvem comprar um novo conjuntos de cadeiras russas. Quando estas cadeiras
chegam descobrem que em uma delas um pequeno tesouro em joias foi escondido.
Para promover ação e surpresa eles resolvem que quem sentar nesta cadeira leva o
achado como prêmio.
Mas o que parece algo simples
acaba sendo uma sucessão de encontros e desencontros quando um convidado não
comparece ao jantar e os demais resolvem agir por conta própria. Será que até o
fim da noite alguém vai sair com o prêmio em mãos? Ou apenas com histórias para
contar? Esta é a premissa de Festim das 12 Cadeiras, novo lançamento da editora
Schoba, escrito pelo autor Elvis Delbagno.
O livro é narrado em terceira
pessoa em boa parte da trama, apenas o capítulo 16 é escrito por um personagem
em primeira pessoa. A narrativa de Delbagno é cinematográfica, ou seja, não é
estruturada para um livro, é mais como um roteiro de cinema, o que pode soar um
pouco estranho especialmente nas transições de cenas que se dão de forma um
pouco seca. Além disto é feita de forma escrachada e debochada quando ele fala
dos 'podres' dos personagens, o que muito me lembrou a linguagem usada no
cinema brasileiro. A crítica também é ferramenta de Elvis, o que eu
particularmente gosto muito em qualquer manifestação artística. As referências
ao universo cultura das telas é presente, citando filmes e seriados.
Um traço marcante e forte da
história é que todos os personagens que surgem tem um forte apelo sexual, o que
faz com que eles tenham uma certa unidade. Sejam eles novos, velhos, homens ou
mulheres qualquer coisa quase os remete a sexo, e como gostam este pessoal! Não
existe cenas de sexo, mas muitas referências a ele, a libido é combustível em
suas vidas.
O casal protagonista tem o
estereótipo do casal gay afetado, o que eu particularmente não gostei, não por
eles serem assim, mas pela forma que eles foram descritos, não gosto de
descrições que soem preconceituosas. Acho que eles poderiam ter sido melhor
explorados e de forma menos escrachada, já que existe potencial para eles.
Embora eles sejam o ponto de junção da trama eles são os personagens que menos
foram explorados, e gostaria de saber mais da história deles.
Já os convidados do jantar tem ao
longo do livro suas histórias de vida brevemente exploradas, na verdade o livro
trabalha mais com suas histórias do que com o jantar em si. Três irmãs já mais
velhas e sedentas de sexo são amadas e odiadas pelo protagonista Laerte. Um
casal jovem e bonito começa a entrar no jogo os poucos, mas esconde em suas
personalidades peculiaridades.
Temos ainda um detetive com uma
boa capacidade de observação, um padre que pode até largar sua batina, uma
família de vizinhos que onde chega causa confusão, dois irmãos que são velhos
conhecidos e por fim um último convidado inesperado para quem lê!
Quando li a sinopse achei a ideia
muito boa, e consegui na leitura visualizar o descrito em forma de filme, mas
como livro não foi aprofundado o suficiente, senti falta de maiores dados
especialmente sobre a razão dos jantares e da importância deste para os
personagens. Gostei de conhecer cada personagem mas não gostei como cada uma de
suas histórias terminava em sexo. Não é uma questão de ruim ou bom, mas de um
gosto pessoal meu.
Festim das 12 cadeiras é um livro
peculiar que sai do lugar comum quando nos chama para um jantar de
excentricidades, e pode ser divertido para quem gosta de um pouco de loucura e
sexualidade. Como diz o autor, puxe uma cadeira e aproveite o jantar!
Oi, Bruu. Parabéns pela resenha! Gostei da atenção que deu aos personagens, descrevendo particulares deles! Miquilis!
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