De um lado
conhecemos a humilde, romântica, recatada e moralista Maiana, que sabe que é
linda e que faz sucesso com todos os homens que colocam os olhos sobre ela, mas
não gosta do assédio. Vive uma existência tranquila, esforçada e batalhadora,
já que nada vem fácil e ela precisa trabalhar seu intelecto e estudar bastante para
ser alguém na vida, pois não pode contar com o resto de sua família para nada.
Do outro há
Arthur, bonito, muito rico, poderoso e um conquistador que usa e abusa das
mulheres sem nunca querer nada mais do que sexo de cada uma delas, que saem
felizes da “relação” com ele, mesmo que dure pouco porque não saem de mãos
abanando, afinal ele as presenteia com joias, roupas, coisas caras, e muitas
ainda conseguem fama em alguma das revistas das quais ele é dono.
Arthur é o
rei no seu próprio mundo, tanto é que ganhou o apelido de reizinho da avó ainda
pequeno, que ainda o chama assim, e passa por cima de tudo para conseguir o que
quer, sem nunca perder o controle. Por isso, quando a bela Maiana surge em seu
caminho por conta de um incidente e mexe com suas sensações como nenhuma outra,
ele sabe que precisará conquistá-la, mesmo que ela seja sua “vítima“ mais
difícil.
É aí que
começa um grande jogo de sedução com Arthur lidando com Maiana de uma forma
como ela gostaria de ser tratada, sem forçar a barra, mas com foco no prêmio
final. Só que as coisas nunca saem como o planejado e sentimentos podem acabar
surgindo no meio do processo. Mas amor e raiva andam próximos e ele precisa
tomar cuidado com suas atitudes, ou tudo pode resultar em dor, uma tão forte
como ele nunca pôde sentir na vida e que poderá mudar tudo o que ele sempre
foi.
Já li
diversos livros com uma pegada mais erótica, apesar de não ser o que podemos
chamar de uma grande fã ardorosa (hehehe) deste tipo de leitura, o que eu gosto
mesmo é da parte do romance, então muitas vezes a parte do sexo explícito
acompanha a trama. Ou seja, não é algo que eu busque em uma leitura, mas também
não é algo que me afasta da mesma.
Pelo que
andei lendo por aí, imaginei que teria muito mais cenas de sexo, mas até que
achei o número razoável, deu para ter muito mais história acontecendo e a parte
hot ficou mesmo como um pano de fundo e não como assunto principal, apesar de
ganhar bastante destaque.
O que eu
mais gostei de todo livro foi a forma como a autora criou uma história
incrivelmente real. Não houve um momento sequer que eu tenha achado algo
fantasioso ou ruim, pelo contrário, tudo tinha um toque tão realista que
chegava a ser palpável. Parecia que eu conhecia os personagens como se eles
fossem pessoas comuns de carne e osso e não palavras presas em papel.
A narrativa
de Nana é muito fluida, agradável e envolvente, ela sabe escrever de uma forma
que nos prende na leitura e as folhas são rapidamente avançadas, fazendo com
que a gente chegue ao final muito antes do esperado para um exemplar de quase
seiscentas páginas.
De tantos
livros com homens canalhas, mau caráter, bad boys, etc., que não podem ver uma
mulher sem ter vontade de ficar com ela e partir rapidamente para os
finalmentes, com certeza a melhor construção de personalidade, desenvolvimento
e redenção do personagem foi esta criada por Nana. É impressionante as
habilidades que a autora tem com as palavras, a forma como consegue moldar o
jeito de ser de Arthur para nos fazer acreditar em sua canalhice e depois sua
mudança sutil para alguém melhor, fiel e, por que não, apaixonante? Tudo isto
de um jeito que nos faz acreditar que tudo aquilo está realmente acontecendo
gradativamente e não que ele mudou de um dia para o outro, pelo contrário,
vemos estas mudanças ocorrendo devagarzinho, um passo de cada vez, o que também
nos leva a confiar muito mais em seus sentimentos reais por Maiana.
Acredito que
a outra parte que mais gostei foi justamente esta: o desenvolvimento e
crescimento dos protagonistas. Você acompanha-os sendo de um jeito e os vê
amadurecendo, principalmente com relação ao relacionamento amoroso, mas também
com relação a suas próprias características pessoais. Eles não mudam de
personalidade, suas essências ainda estão ali presentes, mas eles aprendem a
lidar com as coisas de forma mais madura.
Confesso que
não amei nenhum dos dois protagonistas, mas também não senti ódio por nenhum,
por mais que algumas das atitudes de Arthur tenham sido ridículas – e elas
realmente foram! Talvez isso se deva ao fato de que a autora soube construir um
pano de fundo tão realista e plausível para o personagem que a gente acaba
entendendo seu comportamento (o que de forma nenhuma está perto de dizer que aceito sua forma de agir).
Além disso,
toda a interação, relacionamento, sentimentos, etc., aconteceram de uma maneira
bem natural. Não foi forçado, não foi mal desenvolvido e nem aconteceu
correndo. Cada coisa foi sendo trabalhada no tempo certo para nos envolver, nos
prender, e não nos deixar cansados. Principalmente o amor de Arthur por Maiana,
acho que nunca vi algo ser tão bem trabalhado assim, a gente entende que ele
está sentindo coisas mais fortes, intensas, mas não as entende, nem as aceita.
Mas estes sentimentos estão ali, presentes, forçando um espaço dentro dele que,
por mais que o “Reizinho” tentasse empurrar para longe, eles mostraram que não
iam a lugar nenhum, arrebatando-o e fazendo com que ele compreendesse a força e
a veracidade do seu amor.
A narrativa
é em primeira pessoa e intercalada por Maiana e Arthur em capítulos alternados.
Este é meu jeito preferido de ler uma história, porque podemos acompanhar de
perto os pensamentos e motivações dos dois protagonistas, para entender tudo o
que estão sentindo e o que os leva a se comportarem da forma como agem, então
temos duas perspectivas com algo em comum.
Curti o fato
dos dois serem de mundos completamente diferentes, porque Pauvolih soube
trabalhar com esta diferença de ambientes muito bem, e inseriu ambos os
personagens na realidade do outro de uma forma super bem feita.
Gostei que
Maiana não é daquele tipo de mulher submissa ao homem (não estou falando na
cama, mas sim no dia a dia com atitudes da vida) e não deixa Arthur sacaneá-la,
aceitando tudo o que ele manda, sem retrucar, como muitas outras fariam, atitude
que me irrita profundamente. E esta sua personalidade forte foi o que mais me
fez gostar dela, mesmo que ela tenha sido muito boazinha e sonhadora no começo.
O que mais me incomodou nela foi que em momentos se sente superior aos outros,
e também porque repete milhares de vezes o quanto é bonita e como sua beleza
faz sucesso entre todas as pessoas (ela fala tanto isso que parece que não
existe ser humano mais lindo no mundo inteirinho!).
Além dos
protagonistas, os personagens mais explorados foram a mãe e a irmã de Maiana,
que são terríveis e me irritaram completamente em todos os momentos, sua melhor
amiga, Virgínia e o noivo, Rodrigo; um dos melhores amigos de Arthur, Matheus,
e a avó do protagonista, Dantela, que é aquela típica senhora rica e sem
escrúpulos, mas que mudou quando o livro estava se aproximando do fim. Só não
tenho certeza absoluta se esta mudança repentina me convenceu.
As cenas de
sexo são quentes e bastante descritivas. Além disso, a autora não poupa
vocabulário bem variado e nem os personagens tem qualquer pudor, fazendo tudo
de tudo o tempo todo. Maiana era virgem antes de se relacionar com Arthur (o
que já era de se esperar, pois a maioria destes livros são assim), mas ela não
é tímida e não tem problema nenhum em experimentar e testar coisas novas na
cama, desde sua primeira vez. Além de já ter virado uma quase “profissional” logo
no primeiro momento. E talvez esta tenha sido a única parte mais forçada de
toda a história, afinal Arthur já tinha feito de tudo e mais um pouco (ele é
bastante fã de orgias, inclusive), mas mesmo assim achou ela perfeita e ótima
no que fazia desde o começo.
Também não
sou nenhuma santinha e já começo uma leitura deste estilo esperando uma coisa
mais quente, mesmo que tenha que usar palavras mais vulgares, inclusive porque
não são muitos os adjetivos comportados para descrever estas coisas. Estou
dizendo isto porque a autora não tem pudor nenhum e utiliza quais e quantos
termos menos recatados tiver que usar, independente de o leitor gostar ou não
disso, mas vejo que algumas pessoas se assustam e acabam se incomodando com a
leitura. Então eu acho que precisava vir aqui também para dar um conselho de
que comecem livros eróticos esperando palavras mais “baixas”, mesmo que você
não goste delas, pois assim não corre o risco de se decepcionar ou se assustar
(eu realmente vi pessoas que reagiram desta forma). Conselho que, obviamente,
não serve para quem não se importa com esta linguagem, cuja única dica que eu
poderia dar a estas pessoas é: vai fundo! Hahaha
Mas, apesar
de eu não ter problemas em ler cenas eróticas, confesso que muitas delas acabam
me enjoando, então eu pulo vários trechos, às vezes sem nem pensar. Alguns dos
quais eu nem quis/consegui ler foram as cenas de Arthur com outras mulheres e,
mais ainda, com várias outras pessoas juntas. Não sou fã deste tipo de coisa,
então não sinto vontade de lê-las exploradas nas páginas. Quem curte, com
certeza vai aprovar o que a autora fez.
A maioria da
narrativa seguiu um ritmo normal de acontecimentos, ágil, porém com cada
momento ocorrendo no tempo certo, mas, quando a obra vai se aproximando do fim,
acho que Pauvolih correu demais com as informações e muitos anos foram passados
em poucas linhas. Não sei se por conta de o exemplar já estar muito extenso ou
se ela preferiu não se aprofundar muito em nada daquilo, mas admito que
esperava um ritmo mais calmo, como no resto do livro, mesmo que ela tivesse que
escrever mais páginas ou cortar algumas cenas anteriores.
A escritora
Nana Pauvolih é uma autora nacional que escreve há muitos anos, mas só em 2012
resolveu compartilhar suas histórias na internet, onde fez bastante sucesso e
conquistou uma grande legião de fãs. Esta obra faz parte da Coleção Violeta (e
é a estreia de autores brasileiros na coleção), do Selo Fábrica 231 da Editora
Rocco, que é voltada para o feminismo e tem uma proposta bem bacana e vocês
podem saber mais sobre ela clicando aqui.
O próximo
volume da trilogia está sendo lançado também pelo selo Fábrica 231, da Rocco,
este mês, e se chama “Redenção e Submissão”. Ainda
não sei se vou ler, mas não porque não tenha gostado deste primeiro livro (como
vocês podem averiguar pela resenha inteira e pela nota final, eu gostei, sim,
bastante!), mas porque ele será protagonizado por Matheus, que é um personagem
que eu curti e gostaria de conhecer, mas não sou fã de sadomasoquismo e ele é,
então sei que sua história vai ser repleta deste tipo de cena e não estou
convencida de que vou gostar.
A capa é
muito bonita e o modelo escolhido representa muito bem o Arthur, então gostei
da escolha. Só não curti a montagem que fizeram com a personagem representando
a Maiana na quarta capa, porque ficou meio mal feito, e a blusa da modelo está
muito amarrotada, o que me incomoda. Hahaha
A edição impressa está bem bonita com borda das folhas na cor violeta
(amei!), assim como na folha que representa o início de uma nova parte (os
capítulos não tem números dentro de cada parte) e o nome do personagem que vai
narrar aquela parte da história, que seria como o início de um novo capítulo. A
fonte e o espaçamento, assim como as páginas amarelas, facilitam o processo de
leitura.
Se você
gosta de romances quentes, bem construídos e com personagens interessantes e muito
realistas, com certeza “Redenção de um Cafajeste” é uma leitura que vai te
encantar desde o primeiro instante e ainda te deixar querendo mais no final.
Avaliação
Eu não sei porque, mas nunca me senti atraída por esse livro, apesar de achar a capa divina. Então sempre passei reto pela sinopse, nunca dei atenção, sabe? Mas agora lendo sua resenha, não é que me interessei?!
ResponderExcluirGostei do fato dos personagens terem trejeitos brasileiros, não aguento mais livro nacional com o personagem completamente "americanizado" hahaha
Fiquei curiosa à respeito do livro, mas essa coisa de "reizinho" vai ser um sério problema na leitura, sou vascaína e "reizinho" para mim é o Juninho Pernambucano, sos hahahaha
Curti a resenha e me rendo ao livro, vou procurar para ler! xD