Sequestrados - Robert Crais

Nita Morales contrata o detetive Elvis Cole para encontrar sua filha sequestrada. Ela soube deste terrível fato através de um telefonema, mas não está convencida de que isto seja verdade. Pelo contrário, Nita acredita que Krista fugiu com o namorado porque eles estavam precisando de grana e inventou tudo aquilo.
Só que o sequestro foi mesmo verdade e Cole e seu amigo, Joe Pike, descobrem que eles foram pegos por bajadores, que são bandidos que roubam de outros bandidos e que são chamados de profissionais da fronteira. Eles roubam armas, drogas e pessoas, compram e vendem suas presas, chantageando a família e quando veem que o negócio não está dando mais lucro, eliminam as pessoas, mesmo que já tenham extorquido muito dinheiro dos familiares. Funciona deste jeito: algumas facções trazem imigrantes ilegais para os EUA para serem escravos em fábricas clandestinas. Neste interim, os bajadores roubam estes ilegais, sequestrando-os e mantendo-os em cativeiro.
Quando Elvis Cole se disfarça, tentando se passar por um comprador e busca negociar com o chefe dos bajadores, também é sequestrado e lá vê os jovens Krista e Jack, que, juntos, bolam um plano. Isto tudo ocorre na fronteira da Califórnia com o México. Enquanto isso, Joe Pike refaz os passos de Cole com a intenção de encontrar e resgatar seu amigo. Resta saber se será tarde demais para algum deles.
Nunca havia lido nada deste autor e gostei muito de ter tido “Sequestrados” como minha primeira experiência com ele, porque a história não somente acompanha diversas pessoas e seus pontos de vista, mas também é informativa. Tomei conhecimento de fatos que até então desconhecia o procedimento, tão rudimentar, e que me fizeram refletir sobre até que ponto o ser humano chegou para cometer tantas barbáries. Não vejo muita evolução do ser humano, ou melhor, a evolução é à longo prazo, pois a maldade ainda tem diversas formas. Quando acho que já não tem mais o que inventarem, descubro esta de sequestros por bajadores, que já expliquei anteriormente.
Voltando à história, achei os personagens excelentes, muito bem construídos, e a trama toda muita dinâmica. Tem uma mistura de romance e drama, mas estes não são o foco do livro, o que prevalece mesmo é o sequestro e a forma como é conduzido e resolvido.  
A narrativa é intercala em primeira pessoa nos capítulos narrados por Elvis Cole, que é o protagonista da obra, e terceira pessoa nos demais capítulos, onde acompanhamos os outros personagens principais, Krista, Jack e Joe Pike, e também em capítulos que seguimos outros personagens que tiveram bastante importância no desenrolar dos fatos.
Elvis Cole é um detetive sagaz, do qual eu gostei bastante, suas atitudes e sua força de vontade de procurar o certo e desvendar na íntegra o que realmente aconteceu são bem admiráveis. Ele leva muito a sério as coisas que faz e se empenha para chegar aos resultados esperados, mesmo que tenha que enfrentar ele mesmo algumas situações bem perigosas.
Joe Pike é amigo do Elvis Cole e o ajudou muito na investigação, inclusive e principalmente quando os dois se separaram por um motivo que não posso comentar muito, pois seria spoiler. Mas com certeza ele foi uma das peças chave para a resolução do crime.
Krista é uma jovem latina editora do jornal de alunos, ganhou uma bolsa de estudos da National Honor Society no colégio e da Phi Beta Kappa na faculdade. Ela é muito inteligente, vai se formar em dois meses com honras pela Loyola Marymount University e depois vai trabalhar em Washington D.C., como assessora parlamentar. No começo do livro, mesmo com toda sua inteligência, ela é muito imprudente e atrevida, o que acabou gerando seu sequestro, já que eles poderiam ter escapado se ela tivesse escutado seu namorado e ido embora no momento certo, ao invés de ficar querendo sanar sua curiosidade com uma situação muito suspeita num local ainda mais suspeito. Depois ela começou a usar mais o cérebro de maneira esperta para poder ajudar os demais presos a criar planos para fugir.
Jack Berman mora em Palm Springs e é um rapaz bacana, que sempre defendeu a namorada para que nada lhe acontecesse, mesmo que isso fizesse com que ele mesmo sofresse graves consequências. Eu gostei bastante deste personagem também.
A forma de escrita de Crais é muito gostosa e fluida, principalmente porque ele utiliza bastante diálogos e seu texto é fácil, direto e bem explicativo, deu para perceber que o autor pesquisou com afinco o tema e os detalhes, o que me fez admirá-lo ainda mais. A forma como ele conduz a trama é tão maravilhosa que passa a sensação de que realmente estamos lendo fatos reais, como se o narrador é que estivesse enfrentando aquelas coisas ali de verdade e nos contando. Além disso, ele sabe prender a nossa atenção tão bem, que a gente lê, lê e lê sem parar, querendo saber mais logo. Tanto é que nem vi o tempo passar e acabei de ler no mesmo dia.
A história deste volume é realmente muito boa e, por diversas vezes, densa, pois foca muito no sequestro e nas consequências horríveis que eles enfrentaram no seu dia a dia presos em um cativeiro.
Para dizer a verdade, li este livro muito rápido, em apenas algumas horas, mesmo tendo mais de trezentas páginas e meu dia sendo corrido. Isto é praticamente inédito para mim! Li em um dia de tão bom que ele é, de quão dinâmico o texto do escritor é, e o quanto ele nos deixa curiosos a cada página virada.
Já que a capa apresenta o nome do autor bem grande, vou a falar um pouco sobre ele. Robert Crais é um consagrado escritor de romances policiais e vários deles são bestsellers do New York Times. Seus títulos já foram publicados em mais de sessenta países. “Sequestrados” é o décimo terceiro livro da série “Elvis Cole” e o quarto da “Joe Pike”, publicado originalmente em 2012 lá fora e em 2015 aqui no Brasil.
Ele já entrou para a minha lista de escritores favoritos rapidinho, mesmo que já esteja no mercado há muitos anos e este tenha sido apenas o primeiro livro que li dele. Porém, já quero muito mais. No Brasil, pela Companhia Editora Nacional, este é o segundo volume publicado e não vejo a hora de conferir o outro, “Suspeitos”, lançado em território nacional em 2014.
A capa original foi mantida e adaptada e eu gostei bastante dela porque só de a olharmos já sabemos que se trata de um romance policial. A diagramação interna está realmente muito confortável para a leitura, com o tamanho da fonte do texto grande e um bom espaçamento. As folhas são amarelas, o que também facilita na hora da leitura.
Recomendo muito esta obra para todos aqueles que curtem thrillers policiais intensos que nos fazem grudar nas páginas para saber como será o desfecho, torcendo para que algo de positivo aconteça e temendo que dê tudo errado. Agora entendo a fama de Robert Crais, pois também já virei admiradora de seu trabalho e não vejo a hora de ler outros de seus livros.
Avaliação



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