Redenção de um Cafajeste – Redenção #01 - Nana Pauvolih

De um lado conhecemos a humilde, romântica, recatada e moralista Maiana, que sabe que é linda e que faz sucesso com todos os homens que colocam os olhos sobre ela, mas não gosta do assédio. Vive uma existência tranquila, esforçada e batalhadora, já que nada vem fácil e ela precisa trabalhar seu intelecto e estudar bastante para ser alguém na vida, pois não pode contar com o resto de sua família para nada.
Do outro há Arthur, bonito, muito rico, poderoso e um conquistador que usa e abusa das mulheres sem nunca querer nada mais do que sexo de cada uma delas, que saem felizes da “relação” com ele, mesmo que dure pouco porque não saem de mãos abanando, afinal ele as presenteia com joias, roupas, coisas caras, e muitas ainda conseguem fama em alguma das revistas das quais ele é dono.
Arthur é o rei no seu próprio mundo, tanto é que ganhou o apelido de reizinho da avó ainda pequeno, que ainda o chama assim, e passa por cima de tudo para conseguir o que quer, sem nunca perder o controle. Por isso, quando a bela Maiana surge em seu caminho por conta de um incidente e mexe com suas sensações como nenhuma outra, ele sabe que precisará conquistá-la, mesmo que ela seja sua “vítima“ mais difícil.
É aí que começa um grande jogo de sedução com Arthur lidando com Maiana de uma forma como ela gostaria de ser tratada, sem forçar a barra, mas com foco no prêmio final. Só que as coisas nunca saem como o planejado e sentimentos podem acabar surgindo no meio do processo. Mas amor e raiva andam próximos e ele precisa tomar cuidado com suas atitudes, ou tudo pode resultar em dor, uma tão forte como ele nunca pôde sentir na vida e que poderá mudar tudo o que ele sempre foi.
Já li diversos livros com uma pegada mais erótica, apesar de não ser o que podemos chamar de uma grande fã ardorosa (hehehe) deste tipo de leitura, o que eu gosto mesmo é da parte do romance, então muitas vezes a parte do sexo explícito acompanha a trama. Ou seja, não é algo que eu busque em uma leitura, mas também não é algo que me afasta da mesma.
Pelo que andei lendo por aí, imaginei que teria muito mais cenas de sexo, mas até que achei o número razoável, deu para ter muito mais história acontecendo e a parte hot ficou mesmo como um pano de fundo e não como assunto principal, apesar de ganhar bastante destaque.
O que eu mais gostei de todo livro foi a forma como a autora criou uma história incrivelmente real. Não houve um momento sequer que eu tenha achado algo fantasioso ou ruim, pelo contrário, tudo tinha um toque tão realista que chegava a ser palpável. Parecia que eu conhecia os personagens como se eles fossem pessoas comuns de carne e osso e não palavras presas em papel.
A narrativa de Nana é muito fluida, agradável e envolvente, ela sabe escrever de uma forma que nos prende na leitura e as folhas são rapidamente avançadas, fazendo com que a gente chegue ao final muito antes do esperado para um exemplar de quase seiscentas páginas.
De tantos livros com homens canalhas, mau caráter, bad boys, etc., que não podem ver uma mulher sem ter vontade de ficar com ela e partir rapidamente para os finalmentes, com certeza a melhor construção de personalidade, desenvolvimento e redenção do personagem foi esta criada por Nana. É impressionante as habilidades que a autora tem com as palavras, a forma como consegue moldar o jeito de ser de Arthur para nos fazer acreditar em sua canalhice e depois sua mudança sutil para alguém melhor, fiel e, por que não, apaixonante? Tudo isto de um jeito que nos faz acreditar que tudo aquilo está realmente acontecendo gradativamente e não que ele mudou de um dia para o outro, pelo contrário, vemos estas mudanças ocorrendo devagarzinho, um passo de cada vez, o que também nos leva a confiar muito mais em seus sentimentos reais por Maiana.
Acredito que a outra parte que mais gostei foi justamente esta: o desenvolvimento e crescimento dos protagonistas. Você acompanha-os sendo de um jeito e os vê amadurecendo, principalmente com relação ao relacionamento amoroso, mas também com relação a suas próprias características pessoais. Eles não mudam de personalidade, suas essências ainda estão ali presentes, mas eles aprendem a lidar com as coisas de forma mais madura.
Confesso que não amei nenhum dos dois protagonistas, mas também não senti ódio por nenhum, por mais que algumas das atitudes de Arthur tenham sido ridículas – e elas realmente foram! Talvez isso se deva ao fato de que a autora soube construir um pano de fundo tão realista e plausível para o personagem que a gente acaba entendendo seu comportamento (o que de forma nenhuma está perto de dizer que aceito sua forma de agir).
Além disso, toda a interação, relacionamento, sentimentos, etc., aconteceram de uma maneira bem natural. Não foi forçado, não foi mal desenvolvido e nem aconteceu correndo. Cada coisa foi sendo trabalhada no tempo certo para nos envolver, nos prender, e não nos deixar cansados. Principalmente o amor de Arthur por Maiana, acho que nunca vi algo ser tão bem trabalhado assim, a gente entende que ele está sentindo coisas mais fortes, intensas, mas não as entende, nem as aceita. Mas estes sentimentos estão ali, presentes, forçando um espaço dentro dele que, por mais que o “Reizinho” tentasse empurrar para longe, eles mostraram que não iam a lugar nenhum, arrebatando-o e fazendo com que ele compreendesse a força e a veracidade do seu amor.
A narrativa é em primeira pessoa e intercalada por Maiana e Arthur em capítulos alternados. Este é meu jeito preferido de ler uma história, porque podemos acompanhar de perto os pensamentos e motivações dos dois protagonistas, para entender tudo o que estão sentindo e o que os leva a se comportarem da forma como agem, então temos duas perspectivas com algo em comum.
Curti o fato dos dois serem de mundos completamente diferentes, porque Pauvolih soube trabalhar com esta diferença de ambientes muito bem, e inseriu ambos os personagens na realidade do outro de uma forma super bem feita.
Gostei que Maiana não é daquele tipo de mulher submissa ao homem (não estou falando na cama, mas sim no dia a dia com atitudes da vida) e não deixa Arthur sacaneá-la, aceitando tudo o que ele manda, sem retrucar, como muitas outras fariam, atitude que me irrita profundamente. E esta sua personalidade forte foi o que mais me fez gostar dela, mesmo que ela tenha sido muito boazinha e sonhadora no começo. O que mais me incomodou nela foi que em momentos se sente superior aos outros, e também porque repete milhares de vezes o quanto é bonita e como sua beleza faz sucesso entre todas as pessoas (ela fala tanto isso que parece que não existe ser humano mais lindo no mundo inteirinho!).
Além dos protagonistas, os personagens mais explorados foram a mãe e a irmã de Maiana, que são terríveis e me irritaram completamente em todos os momentos, sua melhor amiga, Virgínia e o noivo, Rodrigo; um dos melhores amigos de Arthur, Matheus, e a avó do protagonista, Dantela, que é aquela típica senhora rica e sem escrúpulos, mas que mudou quando o livro estava se aproximando do fim. Só não tenho certeza absoluta se esta mudança repentina me convenceu.
As cenas de sexo são quentes e bastante descritivas. Além disso, a autora não poupa vocabulário bem variado e nem os personagens tem qualquer pudor, fazendo tudo de tudo o tempo todo. Maiana era virgem antes de se relacionar com Arthur (o que já era de se esperar, pois a maioria destes livros são assim), mas ela não é tímida e não tem problema nenhum em experimentar e testar coisas novas na cama, desde sua primeira vez. Além de já ter virado uma quase “profissional” logo no primeiro momento. E talvez esta tenha sido a única parte mais forçada de toda a história, afinal Arthur já tinha feito de tudo e mais um pouco (ele é bastante fã de orgias, inclusive), mas mesmo assim achou ela perfeita e ótima no que fazia desde o começo.
Também não sou nenhuma santinha e já começo uma leitura deste estilo esperando uma coisa mais quente, mesmo que tenha que usar palavras mais vulgares, inclusive porque não são muitos os adjetivos comportados para descrever estas coisas. Estou dizendo isto porque a autora não tem pudor nenhum e utiliza quais e quantos termos menos recatados tiver que usar, independente de o leitor gostar ou não disso, mas vejo que algumas pessoas se assustam e acabam se incomodando com a leitura. Então eu acho que precisava vir aqui também para dar um conselho de que comecem livros eróticos esperando palavras mais “baixas”, mesmo que você não goste delas, pois assim não corre o risco de se decepcionar ou se assustar (eu realmente vi pessoas que reagiram desta forma). Conselho que, obviamente, não serve para quem não se importa com esta linguagem, cuja única dica que eu poderia dar a estas pessoas é: vai fundo! Hahaha
Mas, apesar de eu não ter problemas em ler cenas eróticas, confesso que muitas delas acabam me enjoando, então eu pulo vários trechos, às vezes sem nem pensar. Alguns dos quais eu nem quis/consegui ler foram as cenas de Arthur com outras mulheres e, mais ainda, com várias outras pessoas juntas. Não sou fã deste tipo de coisa, então não sinto vontade de lê-las exploradas nas páginas. Quem curte, com certeza vai aprovar o que a autora fez.
A maioria da narrativa seguiu um ritmo normal de acontecimentos, ágil, porém com cada momento ocorrendo no tempo certo, mas, quando a obra vai se aproximando do fim, acho que Pauvolih correu demais com as informações e muitos anos foram passados em poucas linhas. Não sei se por conta de o exemplar já estar muito extenso ou se ela preferiu não se aprofundar muito em nada daquilo, mas admito que esperava um ritmo mais calmo, como no resto do livro, mesmo que ela tivesse que escrever mais páginas ou cortar algumas cenas anteriores.
A escritora Nana Pauvolih é uma autora nacional que escreve há muitos anos, mas só em 2012 resolveu compartilhar suas histórias na internet, onde fez bastante sucesso e conquistou uma grande legião de fãs. Esta obra faz parte da Coleção Violeta (e é a estreia de autores brasileiros na coleção), do Selo Fábrica 231 da Editora Rocco, que é voltada para o feminismo e tem uma proposta bem bacana e vocês podem saber mais sobre ela clicando aqui.
O próximo volume da trilogia está sendo lançado também pelo selo Fábrica 231, da Rocco, este mês, e se chama “Redenção e Submissão”. Ainda não sei se vou ler, mas não porque não tenha gostado deste primeiro livro (como vocês podem averiguar pela resenha inteira e pela nota final, eu gostei, sim, bastante!), mas porque ele será protagonizado por Matheus, que é um personagem que eu curti e gostaria de conhecer, mas não sou fã de sadomasoquismo e ele é, então sei que sua história vai ser repleta deste tipo de cena e não estou convencida de que vou gostar.
A capa é muito bonita e o modelo escolhido representa muito bem o Arthur, então gostei da escolha. Só não curti a montagem que fizeram com a personagem representando a Maiana na quarta capa, porque ficou meio mal feito, e a blusa da modelo está muito amarrotada, o que me incomoda. Hahaha  A edição impressa está bem bonita com borda das folhas na cor violeta (amei!), assim como na folha que representa o início de uma nova parte (os capítulos não tem números dentro de cada parte) e o nome do personagem que vai narrar aquela parte da história, que seria como o início de um novo capítulo. A fonte e o espaçamento, assim como as páginas amarelas, facilitam o processo de leitura.
Se você gosta de romances quentes, bem construídos e com personagens interessantes e muito realistas, com certeza “Redenção de um Cafajeste” é uma leitura que vai te encantar desde o primeiro instante e ainda te deixar querendo mais no final.
Avaliação



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Um comentário:

  1. Eu não sei porque, mas nunca me senti atraída por esse livro, apesar de achar a capa divina. Então sempre passei reto pela sinopse, nunca dei atenção, sabe? Mas agora lendo sua resenha, não é que me interessei?!
    Gostei do fato dos personagens terem trejeitos brasileiros, não aguento mais livro nacional com o personagem completamente "americanizado" hahaha
    Fiquei curiosa à respeito do livro, mas essa coisa de "reizinho" vai ser um sério problema na leitura, sou vascaína e "reizinho" para mim é o Juninho Pernambucano, sos hahahaha
    Curti a resenha e me rendo ao livro, vou procurar para ler! xD

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