Charlotte
Kinder é uma mulher bem-sucedida, inteligente, rica, mãe de dois filhos, calma
e comum, que se divorciou há pouco tempo, depois que seu marido a traiu e a
deixou e, agora, está prestes a se casar com a amante. Vivendo entre encontros
às escuras desastrosos, ela praticamente desiste de relacionamentos amorosos.
Mas nem tudo está acabado. Eis que, em um fim de semana sem os filhos, ela
decide ler todas as obras de Jane Austen, que lhe despertam as mais variadas
sensações boas: frio na barriga, gargalhadas, palpitações, etc.
Nossa
protagonista percebe que Austen tem uma grande habilidade de fazer com que sinta, o que acaba se revelando algo
novo e esperançoso para ela. Então, em um verão quando os filhos ficarão com o
pai, Charlotte decide visitar a Inglaterra, e pensa em seguir roteiros
inspirados na autora que tanto mexeu consigo.
Mas parece
que as coisas serão ainda melhores. Eis que Charlotte acaba descobrindo um
pacote de duas semanas que não traz apenas roteiros relacionados ou inspirados em
Jane Austen, mas, sim, a experiência de viver em um romance da escritora de
verdade!
Pembrook
Park, em Kent, na Inglaterra, convida seus hóspedes a voltar no tempo, vivendo de
acordo com os costumes da época, como na Inglaterra regencial, com roupas e
espartilhos, passeios, comidas, bailes, e, o mais importante: homens que são
perfeitos cavalheiros.
Claro que,
ao mergulhar naquele mundo, nada mais será real, Charlotte terá um novo nome e uma
nova identidade, podendo escolher qual personalidade mais lhe convier, e viverá
um verdadeiro romance como as heroínas criadas por Austen (ou quase, porque, na
verdade, os homens são atores contratados para cortejarem as mulheres e as fazer se
sentirem entretidas e felizes).
Conforme os
dias passam e ela está mais imersa neste mundo, começa a se perguntar o que ali
é realidade e o que não passa de encenação. E, quando um cadáver surge em um
quarto secreto, Charlotte começa a se questionar se está vivendo num mundo imaginário
inspirado em Jane Austen ou se está vivenciando uma realidade estilo livros de
Agatha Christie. Será que tudo não passa de uma brincadeira de mau gosto ou ela
realmente está correndo sérios perigos? E o que seu coração quer dizer com
todos aqueles pulos? Ela realmente está se apaixonando por um dos atores ou
aquele sentimento é só alegria por ganhar algum tipo de atenção?
Shannon Hale
é uma autora com diversos títulos e séries publicados lá fora e aqui no Brasil
também (no país foram seis livros de séries variadas mais contos,). Apesar de
algumas de suas obras estarem presentes na minha estante, esta é a primeira
experiência que tive lendo algo dela, e gostei de sua forma de escrita, leve e
divertida, me deixando com bastante vontade de conhecer outros de seus livros.
Achei a
trama desenvolvida pela autora bem criativa e curti muito acompanhar esta
mistura de realidade do nosso tempo com um “teatro real” do século XVIII. Era
divertido ver os pensamentos e ações de hoje em dia misturados com situações
antigas. Fiquei imaginando como seria viver esta experiência também, e cheguei
à conclusão de que seria incrível se existisse mesmo uma Austenlândia (sem a
parte macabra) e a gente pudesse visitá-la em uma viagem de férias.
A narrativa
intercala momentos no presente de Charlotte em sua estadia em Austenlândia, com
momentos de seu passado, apresentados em pequenos trechos. Achei desnecessário
este vai e vem, levando em consideração que as coisas do passado não tinham
tanta relevância ao que ocorre em seu presente, que não poderiam ter sido
citadas no texto normal, até porque vários dos relatos não precisavam nem mesmo
existir.
A escrita da
autora é bem envolvente e instigante. Junto com a protagonista, criamos várias
teorias e expectativas para saber se tudo o que ela viu ou acredita ter visto é
mesmo real, fruto de sua imaginação ou faz parte do “faz de conta”. Só acho
que, mais da metade para o fim, a autora repete muitas vezes as palavras “depois
da meia-noite”, acredito que tenha ficado meio forçado e desnecessário dizer
isso tantas vezes.
Apesar de a
narrativa ter sido escrita em terceira pessoa, o foco principal era a
protagonista Charlotte e seus sentimentos, pensamentos e ações, o que acabou
sendo ruim porque não pudemos conhecer tão bem assim os personagens
secundários.
O romance é
fofo, mas demorou a acontecer porque a autora quis aumentar bastante o
suspense. Ou seja, a gente fica um bom tempo tentando descobrir qual dos dois
que mais se aproximam de nossa protagonista é o cara por quem ela vai se
apaixonar, e quem poderia ser o verdadeiro assassino, responsável pela morte
real – ou não – que aconteceu naquela casa.
Um ponto que
pode incomodar é que Charlotte, apesar de estar beirando os quarenta anos de
idade, tem algumas atitudes e pensamentos bem joviais, como se fosse muito mais
nova do que é na verdade. Isso não me incomodou tanto assim, porque não acho
que todas as pessoas precisam ser tão sérias só porque já são mais do que
adultas e podem, sim, ter medos “bobos”, mas sei que alguns leitores não vão
gostar nada disto.
Quando
descobrimos uma verdade quase no fim do livro, a autora pecou bastante na
reação das pessoas em relação a isso. Afinal, uma coisa terrível havia
acontecido e todos ficaram calmos e tranquilos, permanecendo no local e
demorando a chamar autoridades que deveriam estar lá desde o primeiro momento
para investigar com vontade. Esta foi, com certeza, a parte mais negativa de
toda a história.
Este livro
na verdade é o segundo e último volume de uma série, cujos ambos os títulos já
foram lançados no Brasil. Até onde eu sei, esta não é realmente uma continuação
de “Austenlândia”, primeiro volume da série homônima, o único ponto de comum é
o cenário, já que ambas as histórias ocorrem neste ambiente que remonta os
romances de Jane Austen. Tem apenas um momento que um personagem cita um
acontecimento anterior neste mesmo local, que eu acredito que seja uma
referência direta a este primeiro volume (não tenho certeza absoluta porque não
o li).
Eu acho esta
capa legal, mas ela não me chama tanta atenção assim, apesar de remeter ao
conteúdo, tanto na parte da frente, com este clima de Jane Austen, quanto na
contracapa, com elementos que lembram Agatha Christie. E é bem interessante que
as capas dos dois volumes sigam um padrão, fazendo com que a gente reconheça
facilmente que pertencem a uma mesma série.
A versão
impressa traz capa com textura soft touch (aveludada), verniz localizado em
alguns detalhes gráficos, e folhas amarelas. A diagramação interna está bem
feita apesar de simples, com fonte e espaçamento em tamanhos que facilitem a
leitura sem cansar a vista.
Recomendo “Meia-Noite
na Austenlândia” para todos que buscam uma leitura para entreter, enquanto
viajam numa aventura recheada de referências a Jane Austen, mistérios e romance,
com uma trama gostosa, leve e divertida.
Avaliação
Não li o primeiro, mas vi o filme que saiu e achei bem legal. Gostaria de ler os dois, entretanto é só por curiosidade mesmo. Os livros não me chamaram muita atenção, acho que ler resenhas é o máximo que faço por eles Até achei esse mais legal, só que tem muita enrolação pelo que entendi, vai e vem de passado e presente e narrativa com um ponto de vista só peca em alguns livros...
ResponderExcluirÉ mais pra quem quer passar o tempo com uma leitura levinha.