A Guardiã - Melissa Marr

Os fantasmas embora clichês em filmes não são tão clichês em livros sobrenaturais que eu esbarro, sabe-se lá porque, já que são muito fáceis de trabalhar. Então quando me deparo com algum livro com estes seres eu fico muito curiosa para conhecer a abordagem usada. A Guardiã, da autora Melissa Marr, publicado pela Rocco foi um destes livros.

Claysville é uma pequena cidade americana, parece como todas as outras, mas algum mistério se esconde na sua aparente normalidade. As pessoas que lá nascem não saem, quando morrem podem voltar, e  apenas a guardiã pode garantir para que eles não voltem a caminhar!

É nessa atmosfera que Rebbekah Barrow, volta a pequena cidade para o funeral de sua avó Maylene Barrow. O fato de ter que lidar com a morte repentina da avó é apenas o começo de sua saga na cidade. Seu caso mal resolvido Byron atravessa seus sentimentos, algumas mortes estranhas começando a acontecer e parece que sua avó deixou mais do que uma casa para a neta de herança, será que Rebbekah vai conseguir ficar e criar raízes? Qual o mistério desta cidade?

A narrativa da obra é feita é terceira pessoa sob o ponto de vista dos protagonistas Bekka e Byron. A trama demora a desenrolar, e demoramos a ser introduzidos a sua proposta de mortos que voltam a andar. Isso acaba tornando o livro em certa altura cansativo. Mas uma vez que o mistério é aberto a ação começa a caminhar e se resolver de forma satisfatória. Um detalhe na narrativa são os diálogos acontecidos no passado que são destacados.

A ideia por trás dos mortos da cidade é inusitada e original, não li nada parecido em parte alguma, e com certeza esse é um diferencial que faz com que a leitura valha a pena. Ainda sim senti necessidade de mais detalhes sobre o pacto e o porque dos mortos se alimentarem de humanos. Parece que Charlie não quis dividir os detalhes com Byron e Beka, e assim com os leitores também.

A morte é o fio condutor da obra, seja através do luto dos personagens, seja ela mesma falando por si. Isso faz com que o clima seja mórbido e as vezes denso. Não é uma leitura refrescante, ao contrário, coloca a sua frente todo tempo sua relação com a morte. Afinal será que todos nós flertamos todo tempo com a morte?

Rebbekah Barrow, é neta de consideração de Maylene, sua morte abala a vida de Beka de forma única. Ela não sabe como conduzir as orientações da avó, uma vez que a filha de Maylene questiona seus direitos, e ela mesma não quer permanecer na cidade. Byron é um caso mal resolvido, e quando digo mal resolvido não é apenas uma relação de amor que não deu certo, mas um trauma que nasceu a partir da morte da irmã.

O caso amoroso da dupla é cansativo, já que Byron insiste para que ela se abra todo tempo, e em boa parte da obra ela insiste em comportamentos e ligações erradas. Ela demora a compreender a verdade, e a finalmente consegue elaborar a morte da irmã. Existe mais por de trás desta, mas ela exagera em seus sentimentos quanto a isso. É uma pessoa muito reprimida, e que só encontra seu lugar quando o outro lado se abre para ela.

Byron é ao mesmo tempo um homem que procura liberdade e que não consegue se ver longe da cidade em que nasceu. Sua dualidade é marcante, mas quando Beka é o tema, ele não tem dúvida do que sente e deve fazer. É determinado a protegê-la, seja contra o que for.

Com um mistério que nos prende do começo ao fim, A Guardiã é uma história lenta mas que nos brinda com um novo olhar para o momento em que todos devemos enfrentar: a morte. Será que quando esse dia chegar você irá ou ficará?! Até onde pesquisei a autora lançou o conto Guns For the Dead que pode ser encontrado no livro Naked City ou em forma de ebook, e vai lançar em breve Stay Where I Put You, continuação de A Guardiã.


Avaliação






Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário