Quando
fiquei sabendo da existência deste livro por conta de uma das minhas amigas ter
lido, amado e me indicado, eu não sabia o tamanho do sucesso que o mesmo teve,
uma vez que ele foi traduzido para vinte e nove países e se tornou um dos
títulos mais bem-sucedidos na Inglaterra desde “O código da Vinci”, o que não é
pouca coisa. Sendo assim, comecei minha leitura com a maior expectativa e agora
venho contar para vocês o que achei.
Neste volume
conhecemos Grace Bradley, uma senhora de noventa e oito anos, que atualmente
vive em uma casa de repouso, onde ela acaba lembrando muito do seu passado a
medida que a sua mente lhe permite. Quando era jovem, ela trabalhou como criada
da Mansão Riverton por muito tempo, e, em suas memórias, guarda o que realmente
aconteceu naquele local no verão de 1924, na noite de uma grande festa.
Desde que recebeu
a visita de uma jovem cineasta que está fazendo um filme sobre essa época, quando
um poeta ainda bem jovem se suicidou, suas memórias parecem mais vivas do que
nunca, ainda mais agora que ela foi convidada a retornar a essa imponente
mansão que desperta várias sensações já esquecidas.
Quando era
mais nova, nossa protagonista vivia no primeiro andar da mansão junto com os
outros empregados, local em que os donos jamais pisavam, e a medida que ela
passa a ganhar mais tarefas que envolvem seu contato com as pessoas do andar de
cima, passa a conhecer os irmãos Hartford, três jovens moradores do local. Foi
por conta desse contato que Grace acabou criando um laço especial com Hannah,
uma jovem com ideias libertárias, que era aventureira e não se encaixava
naquela sociedade. Ela tinha sonhos, queria viajar e não se via no papel de mãe
ou esposa. Ela foi obrigada a se tornar uma dona de casa casada e isso a tornou
muito infeliz. Seus desejos reprimidos levaram à tragédia da noite do verão de 1924.
Vemos como que
o carinho que Grace tinha por Hannah fez com que ela sempre encobrisse as
desventuras da patroa, quase como um desejo inexplicável de se tornar próxima a
ela. Mesmo ambas sendo bem diferentes entre si, uma vez que Grace era pobre e
recatada, ela sempre fez de tudo para ajudá-la.
A autora
conseguiu alternar com maestria cenas do passado e do presente sem deixar a
leitura cansativa ou até mesmo confusa, nos dando um maior entendimento sobre a
história. Gostei bastante da construção dos personagens, já que todos foram
muito bem descritos e desenvolvidos. A única coisa que me incomodou um pouco
foi o fato de eu já saber o destino de todos eles sem ao menos conhecê-los
direito, ou seja, por conta do futuro que já conhecemos, sabemos quem vai se
matar, quem vai morrer na guerra e coisas do tipo. Então, quando a história
volta ao passado, não encontramos certas surpresas.
Esse é um
romance mais lento e descritivo. Por conta disso, nem todas as pessoas vão
gostar de acompanhá-lo. Mas, para quem curte tramas que se desenvolvem mais
vagarosamente, a narrativa consegue nos conquistar com sua história que volta
para o século 20 em um período onde a aristocracia estava ruindo e a nova
sociedade se formando. Gostei bastante de ver como a autora pesquisou bastante
sobre a época e nos trouxe um enredo incrível e bem detalhado.
A imagem da capa é bem bonita, porém não
gostei da tipografia escolhida para o título. A edição impressa conta com nome
da autora em rosa metálico, páginas brancas e texto do miolo com uma
diagramação confortável.
“A Casa das
Lembranças Perdidas” é para todo mundo que gostar de um livro cheio de
mistérios, que narra uma trama há muito tempo guardada, envolvendo uma mansão
cheia de tragédias, com personagens incríveis e muito bem descritos. Gostei
bastante de como a autora conseguiu desenvolver este enredo nos deixando com um
gostinho de quero mais em todo o romance. Apesar de ser uma narrativa mais
lenta, Kate Morton consegue nos conquistar com a história de uma família
Inglesa que tenta sobreviver às fortes transformações do início do século XX.
Avaliação
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