Jake Titus
tem uma aparência estonteante, mas o que tem de beleza sobra de arrogância, e é
rico, bem sucedido e mulherengo. Desde novinho já tinha um comportamento
bastante petulante e Char o conhecia desde então, e sempre teve uma quedinha
por ele, apesar dos pesares. Uma noite, eles finalmente ficaram juntos e Char
pôde conhecer um pouco da felicidade, até a manhã chegar e ela vê-lo novamente
colocando as asinhas de fora e largando-a lá, sem mais nem menos. Mas agora a garota
já está calejada e não vai mais cair nesta perdição.
Só que Char
terá que encontrar e conviver alguns dias com seu pesadelo, afinal ela vai ser
a madrinha de sua melhor amiga, Kacey, em seu casamento, e Jake é o irmão do
noivo, Travis, e, portanto, o padrinho. A moça não o suporta e não quer nem
ficar perto deste galinha mimado, enquanto ele a acha uma louca. Mas os planos
de vovó Nadine são outros, e a senhora sabe ser ardilosa quando quer alguma
coisa.
Em meio a
situações inusitadas, muitos desentendimentos, provocações, constrangimentos e
cumplicidade, a faísca que estava meio apagada resolve acender com força total
e a situação é tão crítica que pode até mesmo atingir os corações destes dois.
Mas, antes que algo de verdade aconteça, Jake precisa deixar boa parte de seu
comportamento desprezível para trás para começar a agir como o homem que uma
mulher como Char poderia amar e ter um relacionamento duradouro. Porém, não é
só isso que impede os dois, ele também tem que mostrar para ela que tudo aquilo
é de verdade e ela precisa acreditar nisso.
Li o
primeiro volume desta trilogia no ano passado e ele me conquistou com sua história
divertida, leve e romântica de um dos meus gêneros favoritos, new adult, e uma
narrativa ágil e repleta de comédia. Foi uma deliciosa surpresa depois de ter
me decepcionado com outras obras do gênero que li nesta mesma época.
Então é
claro que comecei com boas expectativas esta continuação, a qual adorei também,
apesar de ter gostado um pouco menos do que de “A Aposta”, mas esse fato se
deve única e exclusivamente a um dos protagonistas, Jake Titus, um personagem
que não me agradou tanto assim por boa parte do tempo.
Isso já
havia acontecido no volume antecessor, Jake é arrogante, mulherengo e teve
diversas atitudes mais do que péssimas em seu passado, magoando muitas pessoas,
inclusive alguém que era tão próxima a ele, Kacey, de uma forma abominável bem
quando ela mais precisava de seu apoio. Também machucou emocionalmente Char,
mais de uma vez, e eu só ficava irritada com estas situações.
Mas enfim,
as coisas mudam, algumas pessoas conseguem evoluir como ser humano (mais em
livros, claro! Hahaha) e Jake foi melhorando com o passar das páginas. Só fui
gostar um pouco mais dele lá para o finalzinho do livro, quando ele passa a
encarar a vida com outros olhos e começa a se transformar em alguém bacana e
até mesmo romântico (!).
“– Eu sentiria a sua falta, mesmo que nunca a tivesse conhecido.
Sentiria a sua falta, porque saberia que uma parte de mim nunca estaria aqui.
[...]
– Mesmo
agora, sinto sua falta. – Os lábios dele roçaram sua orelha. – Porque, cada vez
que toco sua pele, parece que você não está perto o bastante. Meu corpo dói,
pedindo que a gente se aproxime mais. Mas, mesmo quando não tem nada além de
pele a nos separar, meu desespero não diminui. Nunca vai diminuir. Porque o que
eu desejo é a sua própria essência.”
Por conta
disso, já que o protagonista é uma parte muito importante numa leitura, eu
teria dado três casinhas e meia na minha avaliação final, mas como aqui só
colocamos notas inteiras, preferi arredondar para quatro porque gostei bastante
da leitura, das cenas de Travis, Kacey e vovó Nadine, e muito do resultado
final, que acabou sendo um desfecho fofo.
Narrado em
terceira pessoa, e acompanhando ora Jake, ora Char, temos uma visão bem ampla
dos acontecimentos ao mesmo tempo em que sabemos o que eles estão sentindo, já
que a autora se aproxima bastante dos protagonistas. Gosto muito da escrita de
Rachel, que é uma delícia, bem leve, descontraída, cheia de trechos hilários
que nos fazem gargalhar o tempo todo, além de ser fluida.
Minha
personagem preferida desta trilogia é, sem dúvidas, a vovó Nadine. Ela é
hilária e manipuladora e eu adoraria poder conhecer uma senhora tão alto
astral, de bem com a vida e divertida como ela. O mais bacana é que Rachel se
inspirou na própria avó para escrever a personagem, ou seja, ela existe na vida
real! Hahaha Espero que a autora não estrague tudo e arrume um final trágico
para ela no desfecho da série, já que os escritores tem este costume, mas não
quero que isso ocorra de forma nenhuma, pois com certeza seria a pior coisa no
mundo.
“Ele abriu a boa para explicar ‘Essa
é minha avó’. Porém, antes que tivesse tempo de falar, a avó lhe deu um
grande beijo na bochecha e beliscou seu traseiro.
– Ah, queridinha! Você nem
imagina do que esse aqui gosta! – E deu uma piscadela.”
O título tem
tudo a ver com uma coisa que ocorre no enredo, o que acabou sendo uma tirada
bem inteligente já que combina com o do primeiro, sendo semelhante e diferente
ao mesmo tempo. E eu achei espetacular porque a vovó Titus tem seus próprios
planos de manipulação e esquemas para conseguir o que deseja (sorte que são a
favor da felicidade alheia), e vai passar por cima da dignidade e da decência –
dos outros, claro! – para conseguir o resultado esperado. E se as pessoas
envolvidas tiverem que passar vergonha, humilhação ou constrangimentos pelo
caminho, que seja. O mais divertido é ver a sagacidade desta senhorinha ao
longo das páginas.
Para quem,
assim como eu, adorou os protagonistas de “A Aposta”, Kacey e Travis, está com
saudades e torcendo pela participação deles neste volume, posso dar uma notícia
feliz. Além de participarem bastante e até mesmo ativamente, com direito até a
alguns capítulos acompanhando somente os dois personagens, como se fossem os
protagonistas deste, e de serem citados por Jake e Char, há cenas tão lindas e
fofas do casal que fazem a gente se emocionar e ficar com um sorriso de
felicidade no rosto.
“O
amor brilha bem forte. É como uma estrela no céu: é impossível não notar. É
como o sol: é impossível não sentir. É como respirar, o que não se pode deixar
de fazer.”
Apesar de
ser uma obra do gênero New Adult e a maioria dos títulos deste estilo ter cenas
mais quentes e de sexo explícito, isso não ocorre neste exemplar. Há algumas
insinuações de momentos mais íntimos, mas eles não são tão explorados assim,
permitindo que a leitura seja agradável para todos que se sentem incomodados
quando há cenas muito descritivas.
O último
livro da trilogia, “O Risco”, foi publicado há pouquíssimo tempo pela Suma de
Letras e já está na minha pilha de leituras. Quando estava lendo o primeiro,
sabia quem seria o protagonista do segundo por ele ser o irmão do mocinho
daquele exemplar, mas em “O Desafio” eu só descobri quem seriam os próximos
quando a leitura já estava bem avançada (eu gosto de tentar adivinhar antes de
conferir na sinopse hahaha), que foi quando o personagem Jace surgiu e fiquei
desejando um livro narrado por ele. O engraçado é que estava na dúvida se seria
ele ou a irmã de Char, Beth, o grande destaque do desfecho, por conta de ela
ser da família da protagonista deste segundo volume, mas não tinha participado
muito até então. E fiquei feliz de notar que serão justamente os dois, os quais
conhecemos bem superficialmente até agora, então não vejo a hora de poder
conferir o romance deles.
A capa segue
o mesmo estilo das demais da série, mas eu não sou muito fã desta não. Prefiro
a do primeiro de longe, e a do terceiro eu ainda acho melhor do que esta. A
diagramação também segue o mesmo padrão e a fonte e os espaçamentos são bem
confortáveis para uma leitura agradável.
A Suma de
Letras também pretende publicar outra série da autora aqui no Brasil, começando
em 2016. “Ruin”, cujo primeiro exemplar tem título homônimo, tem quatro
volumes, sendo três romances mais um conto. Estou bastante curiosa para lê-los
também, se seguir o mesmo estilo desta trilogia, tenho certeza de que vou
adorá-los.
Para aqueles
que adoram uma deliciosa comédia romântica bem divertida, com personagens
espirituosos, planos mirabolantes e muitas gargalhadas, “O Desafio” é uma boa
aposta!
“– Amor não é algo que vem sem
esforço: ele machuca. Quando olho para você, parece que meu peito vai explodir.
Quando você me toca, sinto em todos os lugares do corpo. Quando você inspira,
seguro o ar até você expirar. O amor é um inferno. É uma tortura. Pode deixar a
gente maluco, é a coisa mais assustadora que já senti. Parece que acabei de
entrar em um prédio em chamas... Mas você é a minha água, Char. Só preciso
saber de uma coisa.
– O quê? – sussurrou ela.
– Você vai me salvar?”
Avaliação
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