Nick e Dara
são duas irmãs com personalidades opostas, mas que se amam e se admiram
mutuamente. Ou pelo menos era assim na infância delas, porém, de um tempo para
cá, tudo mudou. A relação passa a ser permeada de ciúmes e críticas e, quando
Dara começa a ter uma relação romântica com o melhor amigo de Nick, Parker,
tudo vai por água abaixo.
Depois de
saírem de carro juntas, as irmãs sofrem um acidente que deixam sequelas
profundas nas duas: em Dara, físicas, em Nick, psicológicas. Nick vai viver com
seu pai por um tempo, mas, depois de um incidente, precisa voltar para a cidade
para passar o verão.
E é neste
momento que ela decide que vai fazer de tudo para voltar a se aproximar da irmã
mais nova, mas parece que Dara tem outros planos e não quer falar com ela. E,
pior, desaparece no próprio aniversário. Nick acha que não passa de uma
brincadeira de mal gosto, mas depois percebe que Dara pode estar em apuros,
principalmente porque uma menina de nove anos, Madeline Snow, também
desapareceu, e ela tem cada vez mais certeza de que os dois acontecimentos
podem estar interligados. Saindo numa jornada desesperada atrás da irmã, Nick
vai acabar encontrando a verdade, uma que ela nem imaginou que estaria no fim
do túnel.
A narrativa
é em primeira pessoa e conhecemos de perto tanto Dara quanto Nick através de
capítulos com datas, indicando o Antes e o Depois, páginas do diário de Dara, e
postagens em blogs com comentários, estes narrados por outras pessoas, claro.
Cada um destes pontos de vista, com atenção aos detalhes, contém pistas que
serão de suma importância para desvendarmos o final do livro.
Confesso que
não adorei nenhuma das duas protagonistas, mas se eu tivesse mesmo que escolher
uma que preferi um pouco mais, essa foi a Dara. Eu sei que a menina é meu total
oposto e faz diversas coisas para chamar a atenção e age sem pensar nas
consequências, mas não foi por nenhuma destas características que eu a achei
menos pior. Toda a sua forma de ser e agir tem propósitos, e um deles é que ela
se sentia inferior à irmã.
O que tornou
tudo isso mais compreensível para mim é que tinha fundamento. Nick sempre se
achou superior, sempre agiu assim, falando mal da irmã e de seu comportamento
inúmeras vezes. Como se ela mesma fosse perfeita e não errasse (o que se
mostrou ser bem errado). A garota, inclusive, falou mal da mãe, num trecho que
me irritou muito, já que insinuou que seu pai tinha se separado dela porque a
mesma não cuidava mais de sua aparência como antes. Um casamento não deveria ser
construído só com base na aparência física, e não é porque uma pessoa não se
cuida mais da mesma forma de antes que deveria ficar sem seu companheiro. E
aquele pensamento foi realmente a gota d’água para mim, admito. Claro que Nick
também tinha ciúme da sua irmã, sua capacidade de fazer determinadas coisas e
sua personalidade, mas, ainda assim, achei que ela se sentia muito superior.
A narrativa
da autora é, sim, envolvente, interessante e desperta curiosidade. Confidencio
aqui, porém, que esta última parte se deu mais por conta da sinopse do que do
que estava lendo até chegar mais ou menos na página duzentos, porque antes
disso nada de tão interessante acontecia, só íamos acompanhando ambas as irmãs
levando uma vida normal no presente e alguns flashbacks do passado. Até este
momento, considero a narrativa bem lenta, eu não tinha muito interesse em saber
o que vinha a seguir porque era mais do mesmo. Até que o desaparecimento
descrito na sinopse ocorre, e, junto com Nick, acabamos ficando aflitas para
entender tudo logo. Os acontecimentos a partir desta situação acabaram ganhando
mais ritmo e teorias da personagem, nos envolvendo com cada detalhe do que ia
sendo desvendado, o que fez com que a narrativa ficasse mais ágil e fluida até,
finalmente, descobrirmos ou termos ainda mais certeza cada um dos
mistérios que rondaram todas aquelas páginas anteriores.
Confesso que
o final não me surpreendeu porque eu já desconfiava que aquilo tinha
acontecido. Não tinha certeza, é claro, mas minha esperança de que eu estivesse
enganada estava enraizada porque eu sabia que não iria gostar nada se minha
previsão estivesse certa. E ela estava. Estes acontecimentos podem surpreender
algumas pessoas – e provavelmente vão –, só que eu não fui uma delas, se a
autora tivesse seguido pelo caminho contrário é que eu teria ficado surpresa e
com certeza teria até adorado o desfecho.
Eu até
entendo o atrativo deste tipo de leitura para muitas pessoas, mas,
infelizmente, não funciona para mim e eu terminei o livro com bastante raiva.
Só que isso é um gosto pessoal meu, eu não consigo gostar deste tipo de
acontecimentos nos livros que leio e ponto. Não tem explicação, são sentimentos,
e o que sentimos grande parte das vezes não pode nem mesmo ser entendido.
Esse livro é
do gênero jovem adulto e está classificado como um thriller, mas não sei se o
considero assim, pelo menos não até passar da metade do livro. Então, no geral,
acho que o chamaria mais de drama, porque a história tem toda uma carga
emocional, de brigas entre irmãs, sentimentos aflorados com relação a ciúmes e
comportamentos alheios, e repleto de lamentações sobre o passado e sobre o amor
que sentiam uma pela outra e toda a cumplicidade que tinham quando mais novas,
até um garoto mudar tudo entre elas e a relação sofrer graves consequências por
causa dele mais do que de todo o
resto. O suspense fica mais para o final, e não acho que se sobrepõe ao drama.
Há outras
questões fortes permeando a trama principal, como, por exemplo, abuso de
menores e sequestro, mas Lauren Oliver soube dosar de forma a não ficar nada
muito pesado, mesmo sendo importantes e reflexivas.
Este é o
quinto livro da autora publicado no Brasil e eu já li três deles, que fizeram
parte da trilogia “Delírio” (clique no título para conferir as três resenhas), uma
das minhas distopias favoritas do gênero jovem adulto. O outro, “Antes que eu
Vá”, é uma obra contemporânea sem continuações e já foi resenhado aqui no blog também.
“Panic”, outro de seus títulos, também foi comprado pela Verus, só não há
previsão de lançamento ainda. Já percebi que em suas histórias contemporâneas a
autora gosta de construir uma trama bem dramática, o que não faz muito o estilo
de livro que curto ler, mas aos que adoram, é um prato cheio.
Se você
gosta de livros de suspense com um forte teor dramático, relações problemáticas
com altos e baixos bem definidos e apresentados, questões psicológicas bem
trabalhadas, que a narrativa apresente vários detalhes de fácil percepção para
desvendarmos o mistério, e com um desfecho arrebatador e triste, provavelmente
vai apreciar “Desaparecidas” mais do que eu.
Avaliação
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