Nem sempre eu sei como começar
uma resenha, algumas vezes eu receio pegar pesado demais, outras vezes de não
conseguir transmitir a dimensão do que é trabalhado, enfim em todos estes anos
já aconteceu de tudo um pouco nas leituras e resenhas de livros. Com Cores de
Outono, primeiro volume da Trilogia Cores, da autora Keila Gon, publicado pela
Mundo Uno, eu me encontro incomodada em como o livro foi realizado.
Após a morte da mãe e do padrasto
a jovem Melissa se muda com a irmã de cinco anos para o interior paulista para
casa do avô. É um novo recomeço, e ela se sente responsável pela vida da irmã.
O que ela não esperava é que um homem misterioso, Vincent, fosse cruzar seu
caminho e mudar o seu destino radicalmente. De repente seu mundo real muda, seu
coração se apaixona e sua irmã não é quem ela achava, mas Melissa está
determinada em cumprir sua promessa e cuidar de sua irmã mesmo que para isso
tenha que enfrentar as sombras.
Acho que todos leitores já leram
ou esbarram com a saga Crepúsculo não é mesmo? Então se você se lembrar bem da
estrutura da estória vai conseguir perceber o quanto Cores de Outono é muito,
eu digo muito parecido com o primeiro livro desta saga. Se foi proposital,
inconsciente, ou sequer foi pensado eu não sei, mas que é tudo igual, ah isso
é! Então vamos aos paralelos, primeiro temos uma personagem desastrada, tanto
Melissa quanto Bella seguem a linha sou capaz de me matar sozinha com
facilidade, depois temos o vampiro Edward versus nosso protagonista Vicent que
não é um vampiro, mas também é um criatura das trevas que não se acha digna do
amor da mocinha.
Ah você se lembra que o casal de
crepúsculo passa páginas infinita brigando, fazendo as pazes e voltando a
arrumar pelo em ovo. Então Melissa e Vincent é assim. Mas Gon bateu um recorde,
ela levou mais de 230 para revelar quem era Vincent, e eu já estava desistindo
de saber, cansada de esperar! O mistério se alongou além do necessário, e fez
com que a parte interessante da estória ficasse espremida em menos da metade do
livro.
Voltando aos paralelos temos o
avô que não aceita o casal. Temos uma família misteriosa que não é bem família,
não são vampiros, mas são estranhos e não socializam com a comunidade. Temos
também um vilão que surge do nada, como foi o casal de vampiros em twilight. E
temos até o mocinho salvando a mocinha inúmeras vezes. Até um Jacob temos nesta
trama, no caso um menino comum chamado Arthur que conseguiu despertar minha
antipatia como o lobisomem! Talvez tenham mais coisas iguais que eu tenha me
esquecido, mas acho que já deixei claro quantas são não? Tudo isto junto ao
fato da autora não explorar o local onde se passa, deixou a sensação de que a
trama era em outro país, eu me esqueci completamente que era no Brasil e em São
Paulo.
Então eu pergunto como gostar de
um livro que tem a estrutura quase idêntica com a de outro? Eu me senti muito
incomodada, devo dizer que Keila escreve bem, mas deveria ter criado as coisas
ao seu modo, e jamais copiar os defeitos como essa eterna tensão do casal que
faz apenas um efeito: a vontade gigante de bater a cabeça dos dois na parede! A
narrativa é feita em primeira pessoa, e Melissa é uma mocinha um tanto non
sense, já que diante do óbvio ainda fica hesitante.
O diferencial do livro é que aqui
o que é trabalhado é um universo com magos e criaturas mágicas, no caso apenas
apareceu os elfos, mas ela deixou claro que existem outras criaturas. E a
protagonista tem uma irmã criança que aparece com frequência e é uma coisa
fofa! Mas o sistema mágico não é muito explorado, menos ainda o mundo mágico.
Não parece que seja o foco, o foco é o casal.
Vincent o mocinho não é a figura
boazinha, passa boa parte do livro tentando ser arrogante e antipático, e
depois de Melissa passa a tentar ser bom. Entretanto ele passa mais tempo
estragando a relação do que tentando fazer algo de útil. E não vou estranhar em
nada se no segundo volume ele tente dar um tempo na relação, já que ele tem um
excesso de zelo pela amada! Twilight feelings...
Vou ser honesta mesmo com tantos
problemas eu me envolvi no livro e torci pelo casal, mas foi um esforço
tremendo porque eles não se ajudavam! E a parte que eu mais gosto que são os
elementos fantásticos não teve muito enfoque. Talvez os fãs de crepúsculo
gostem da vibe que lembre a saga twilight, eu como tive uma relação de amor e
ódio com ela não tive o mesmo carinho.
As Cores do Outono falhou em
criar sua personalidade, mas entretém mesmo assim. Se você busca uma estória de
amor com toques sobrenaturais pode vir a gostar da trama. As continuações da
trilogia, Sombras da Primavera e Luz de Inverno já foram publicadas pela
editora.
Avaliação
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