Leah odeia
muitas coisas: clichês, diversão, demonstrações públicas de afeto, muitas
pessoas, entre elas o namorado bondoso da mãe, que a faz feliz, pessoas
felizes, etc. E fala tudo o que vem na sua cabeça, doa a quem doer. E se você
disser algo que a incomoda, ela vai fazer uma cena e deixar você saber disso.
Em seu
último ano do colégio, Leah sabe que sua vida como sempre conheceu está prestes
a mudar completamente, afinal tudo como é vai terminar. Para completar, sua
mente anda muito ocupada pensando o tempo todo (e de uma maneira incontrolável)
numa certa pessoa que mexe com seus sentimentos, sem espaço para qualquer outro
tipo de pensamento.
Agora ela
precisa enfrentar toda a pressão desse momento de sua vida enquanto tenta lidar
com essa paixão secreta. E também decide vivenciar algumas experiências que não
acreditava que viveria, como o baile de formatura. Resta saber se Leah
conseguirá passar por tudo isso e se tornar mais madura, enquanto enfrenta seus
anseios e vai em busca de seu final feliz.
Confesso que
já não curtia tanto assim a Leah desde que a conheci em “Com Amor, Simon”,
primeiro volume dessa série. A considero uma personagem chata e acho que
reclama demais. Ainda assim, resolvi dar uma chance a esse livro que seria
protagonizado por ela para ver se conseguiria despertar mais minha empatia,
pois isso já aconteceu antes com outros personagens que não gostava tanto e
depois passei a adorar. Porém, isso infelizmente não aconteceu. Leah só estava
ainda mais chata e reclamava de cada vez mais coisas, fora que ela é bem grossa
em diversos momentos. Sorte dela que consegue ter tantos ótimos amigos assim,
porque sinceramente ela é bem difícil.
A parte
positiva dessa obra é a escrita da autora. Becky sabe como escrever para o
público jovem, com uma narrativa leve, envolvente, direta e fluida, e com uma
linguagem simples. E ainda aborda temas pertinentes da idade, fazendo com que o
público alvo consiga se identificar com alguns personagens ou situações que
eles estão vivenciando ou já vivenciaram. E isso é sempre interessante de se
ver em livros jovens adultos.
Outro ponto
que eu gostei muito foi rever alguns personagens queridos que já tinham
aparecido no volume anterior. Suas participações foram grandes e de fundamental
importância para o desenrolar desta trama e amei isso. Admito que estava com
muitas saudades de Simon e sua turma, então amei acompanhá-los vivendo o depois
daquele final.
Algo que
realmente adoro em Albertalli é que ela traz personagens bem gente como a
gente, e também muita representatividade, e os que infelizmente muitas vezes
são considerados “diferentes” por pessoas mais conservadoras ou simplesmente
ridículas, e trata todos como devem ser tratados: de forma normal. Claro que na
vida real muita gente enfrenta problemas com esse tipo de indivíduo que não
aceita que todos somos mesmo diferentes, mas de um jeito normal, e temos os
mesmos direitos e devemos ser tratados da mesma forma. Mas vê-la abordando esses
assuntos dessa forma dá esperança e um conforto no coração. E também inspira
pessoas a serem melhores, com certeza.
Há um clima
de despedida e saudosismo nessa leitura, já que os personagens estão se
formando no ensino médio e se preparando para se mudar para a faculdade em
outras cidades/estados. Então vemos como está sendo essa preparação para eles,
seus sentimentos e como estão lidando com essa etapa de suma importância da
vida.
Mesmo com
pontos positivos, não posso dizer que gostei muito desse livro, na verdade o
considero mediano. Primeiro por causa da protagonista, que não é alguém com
quem eu teria um relacionamento de amizade na vida real, já que não consigo me
identificar com seu jeito de agir. Segundo porque acho que quando a obra estava
se aproximando do desfecho, Becky deixou pontos que eram importantes meio que em
aberto, dando uma finalização rápida ou nem comentando nada (e ainda forçou
casais secundários). E terceiro porque achei o romance muito, muito, MUITO
morno, sem graça e sem emoção. Daquele tipo que eu não ficava torcendo pelo
casal ou esperando cenas delas juntas, etc.
Na verdade,
até achei bem forçado para entregar uma ideia que a autora teve e quis
desenvolvê-la aqui. As relações que foram surgindo e também se deteriorando
conforme a leitura ia seguindo seu ritmo pareceram muito roteirizadas para caber
no enredo, não soou natural ou interessante ao meu ponto de vista.
Gostava
muito mais da outra ponta do triângulo amoroso, que inclusive era alguém com
quem rolava um clima no volume anterior, e acho que no final a autora
simplesmente deixou esse triângulo para lá e não lhe deu uma finalização digna.
E se eu tivesse que escolher outra ponta do triângulo, em vez da que foi (com
quem ela de fato ficou no fim), colocaria a Taylor no lugar. Acho que ficaria
muito mais intrigante porque Leah e Taylor são bem diferentes, ia ser bem
bacana vê-las sentindo algo uma pela outra e se relacionando, na minha opinião.
De qualquer
forma, essa é uma leitura válida para os fãs de Becky Albertalli, para quem
deseja conhecer seu trabalho, e também para quem nunca leu nada dela, mas busca
uma obra jovem adulto leve, envolvente, com uma pitada divertida, personagens
secundários adoráveis e um pano de fundo bem trabalhado e desenvolvido.
Avaliação
Leah fora de sintonia (Creekwood - Livro 02)
ResponderExcluirNão li Simon vs. a agenda homo sapiens ainda!! Pelo que pude ler aqui, Leah está passando por grandes mudanças e a forma como ela agem em relação a cada uma é que torna o livro interessante!! Ela parece saber o quer!!