Você já
sentiu aquela sensação que viveu ou fez parte de outra época? Pois é assim que
me sinto quando leio romances de época. Adoro! E a Editora Arqueiro não nos
deixa por menos, só nos apresenta o que tem de melhor no mercado. “Ligeiramente
Seduzidos” conta a história de lady Morgan Bedwyn, a irmã mais nova desta
família. Sendo criada nos princípios da sociedade inglesa do século XIX, tem
uma personalidade marcante, assim como seus irmãos e irmãs, e não é uma pessoa
mimada, mas, sim, muito forte e determinada, além de conseguir ser gentil e
solidária. Em plena guerra ela tenta fugir dos padrões os quais eu havia citado
anteriormente.
Ela morava
na Inglaterra, mas estava hospedada na casa de amigos em Bruxelas, pois foi lá
à passeio. Havia uma guerra em andamento nas redondezas, e seus anfitriões planejavam
ir embora antes que a guerra se aproximasse demais. Só que as tropas de
Napoleão tentaram tomar a cidade, com isso, tiveram muitos feridos que voltavam
do campo de batalha.
Como muitas
famílias saíram do local, poucas ficaram. E a com quem ela estava não pôde
seguir viagem, pois sua amiga, Rosamond, filha da dona da casa, passou muito
mal com enxaqueca e não conseguiu ir. Além do mais, seu irmão, Alleyne Bedwyn, que
havia estado há pouco no local, e tinha uma idade próxima a dela, tinha sido
mandado para Antuérpia para resolver negócios da embaixada no campo de batalha,
mas ainda não havia retornado.
Quando
tentariam sair da cidade novamente, mesmo sem seu irmão e contra a sua vontade,
suas carruagens foram solicitadas para levar suprimentos a quem necessitava,
impedindo-os de sair. Depois, quando eles finalmente conseguiram ir embora, ela
decidiu não ir com eles para esperar Alleyne. Com isso, Morgan se hospeda na
residência da esposa de um oficial para continuar ajudando os feridos de guerra,
como já tinha começado a fazer antes da família de sua amiga ir embora. Pois,
como havia dito, as pessoas estavam escassas no local. E ela, sem um pingo de
medo, foi ajudar. O que a torna, pelo menos aos meus olhos, uma moça muito
especial.
De todos da
série “Os Bedwyns” que li até agora (os demais foram “Ligeiramente Maliciosos”
e “Ligeiramente Escandalosos” – clique nos títulos para conferir as respectivas
resenhas), este foi o que menos gostei. Não que tenha sido ruim, pelo
contrário, foi ótimo também, porém senti mais emoção e conexão com os
anteriores do que com este. E o começo de “Ligeiramente Seduzidos” foi meio cansativo,
com uma narrativa lenta. O que só melhorou mais ou menos no meio do exemplar, e
aí só foi alegria, porque me senti mais interessada na trama e nos acontecimentos
que a permeavam.
Esse volume
contém um pouco de mistério, já que o mocinho, Gervase Ashford, não gosta do duque
Wulfric, irmão da protagonista, Morgan, devido a um fato ocorrido nove anos
atrás, que tinha uma ligação com ele, que fez com que Gervase passasse todos
esses anos longe da Inglaterra. Claro que não vamos saber de cara o que
aconteceu, o que nos deixa bem curiosos com o desenrolar da história. E nesse
período ele acabou nutrindo um sentimento de vingança. Porém, foi justamente
por conta deste caso que ele acabou se aproximando de Morgan, que era muito
mais jovem do que ele, com seus apenas dezoito anos, enquanto Gervase gostava
de mulheres com uma idade próxima da sua, trinta. Sua intenção era fazer com
que ela se apaixonasse por ele, e, consequentemente, ele se vingaria de
Wulfric.
Então, Gervase
começa a fazer um jogo de sedução com Morgan, que apesar de um pouco inocente,
é independente e teimosa. Por isso, as coisas não foram tão fáceis como ele
pensou que seriam. Mas a guerra estava rondando o local onde os dois estavam, o
que acabou fazendo com que se aproximassem ainda mais. E ela começou a vê-lo
como amigo e, depois, como algo a mais. Porém, não posso dizer que este romance
tenha me feito suspirar ou ficar torcendo para que eles ficassem juntos o
quanto antes (ou pelo menos não no começo), inclusive porque achei tudo muito
morno e, por diversas vezes, sem graça. O casal demorou a engatar alguma coisa
mais significativa, mas até que acabei gostando quando de fato tudo se
resolveu. E quando a verdadeira história da relação entre Gervase e Wulfric
veio à tona, Morgan e ele já estavam envolvidos, então apesar de abalar um
pouco as estruturas, nada de muito importante aconteceu.
No começo não
gostei nada de Gervase, já que ele quis usar uma menina de apenas dezoito anos
como principal meio de uma vingança velha, sendo que ela não tinha nada a ver
com a história, além de ser uma boa pessoa e não ter culpa de ser irmã do homem
com quem ele tinha um problema. Mas, como não podemos julgar uma pessoa apenas
por uma decisão que ela tomou na vida, com o decorrer das páginas, podemos ver
que ele é homem de caráter, que ajuda o próximo, além de ser fofo, então acabei
adorando o personagem no final.
Guerras são
sempre insuportavelmente tristes, e ler sobre elas é sempre um pouco difícil.
Só que também é bastante interessante, porque fizeram parte da verdadeira história
mundial. Então ver que Mary Balogh introduziu bem este assunto num romance de
época, foi muito bacana, visto que não li vários que retratassem guerras ou
guerrilhas, mesmo que elas fossem mais frequentes naquela época. Por isso, acho
que o pano de fundo deste volume foi muito importante, e a autora soube usá-lo
para enriquecer sua trama.
Mas o que
chamou a minha atenção foi que Morgan, uma moça tão jovem e que vivia longe de
coisas semelhantes, ajudou aos próximos sem arrogância ou superioridade devido
a sua posição social, arregaçando as mangas e “colocando a mão na massa”,
fazendo, inclusive trabalhos como se fosse enfermeira, cuidando de pessoas em
diferentes graus de ferimento, ou conversando com outras para ajudar a manter a
calma e a sanidade.
Outro ponto
interessante é que nesta obra a homossexualidade foi abordada, mesmo que
discretamente. Acredito que tenha sido a primeira vez que isso aconteceu em
algum dos romances de época que já li. E, mais importante, é que essa
personagem não passou por negatividades ou algo muito ruim por conta de sua
sexualidade, e eu achei isso realmente muito bom.
Para
finalizar, recomendo este livro para quem gosta de uma história que envolva
guerra, amor, paixão e traição, com um toque de sensualidade e vingança,
vivenciado no século XIX. Mary Balogh é uma ótima escritora e eu adoro todas as
suas obras.
Avaliação
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