Ligeiramente Seduzidos - Os Bedwyns #04 - Mary Balogh

Você já sentiu aquela sensação que viveu ou fez parte de outra época? Pois é assim que me sinto quando leio romances de época. Adoro! E a Editora Arqueiro não nos deixa por menos, só nos apresenta o que tem de melhor no mercado. “Ligeiramente Seduzidos” conta a história de lady Morgan Bedwyn, a irmã mais nova desta família. Sendo criada nos princípios da sociedade inglesa do século XIX, tem uma personalidade marcante, assim como seus irmãos e irmãs, e não é uma pessoa mimada, mas, sim, muito forte e determinada, além de conseguir ser gentil e solidária. Em plena guerra ela tenta fugir dos padrões os quais eu havia citado anteriormente.
Ela morava na Inglaterra, mas estava hospedada na casa de amigos em Bruxelas, pois foi lá à passeio. Havia uma guerra em andamento nas redondezas, e seus anfitriões planejavam ir embora antes que a guerra se aproximasse demais. Só que as tropas de Napoleão tentaram tomar a cidade, com isso, tiveram muitos feridos que voltavam do campo de batalha.
Como muitas famílias saíram do local, poucas ficaram. E a com quem ela estava não pôde seguir viagem, pois sua amiga, Rosamond, filha da dona da casa, passou muito mal com enxaqueca e não conseguiu ir. Além do mais, seu irmão, Alleyne Bedwyn, que havia estado há pouco no local, e tinha uma idade próxima a dela, tinha sido mandado para Antuérpia para resolver negócios da embaixada no campo de batalha, mas ainda não havia retornado.
Quando tentariam sair da cidade novamente, mesmo sem seu irmão e contra a sua vontade, suas carruagens foram solicitadas para levar suprimentos a quem necessitava, impedindo-os de sair. Depois, quando eles finalmente conseguiram ir embora, ela decidiu não ir com eles para esperar Alleyne. Com isso, Morgan se hospeda na residência da esposa de um oficial para continuar ajudando os feridos de guerra, como já tinha começado a fazer antes da família de sua amiga ir embora. Pois, como havia dito, as pessoas estavam escassas no local. E ela, sem um pingo de medo, foi ajudar. O que a torna, pelo menos aos meus olhos, uma moça muito especial.
De todos da série “Os Bedwyns” que li até agora (os demais foram “Ligeiramente Maliciosos” e “Ligeiramente Escandalosos” – clique nos títulos para conferir as respectivas resenhas), este foi o que menos gostei. Não que tenha sido ruim, pelo contrário, foi ótimo também, porém senti mais emoção e conexão com os anteriores do que com este. E o começo de “Ligeiramente Seduzidos” foi meio cansativo, com uma narrativa lenta. O que só melhorou mais ou menos no meio do exemplar, e aí só foi alegria, porque me senti mais interessada na trama e nos acontecimentos que a permeavam.
Esse volume contém um pouco de mistério, já que o mocinho, Gervase Ashford, não gosta do duque Wulfric, irmão da protagonista, Morgan, devido a um fato ocorrido nove anos atrás, que tinha uma ligação com ele, que fez com que Gervase passasse todos esses anos longe da Inglaterra. Claro que não vamos saber de cara o que aconteceu, o que nos deixa bem curiosos com o desenrolar da história. E nesse período ele acabou nutrindo um sentimento de vingança. Porém, foi justamente por conta deste caso que ele acabou se aproximando de Morgan, que era muito mais jovem do que ele, com seus apenas dezoito anos, enquanto Gervase gostava de mulheres com uma idade próxima da sua, trinta. Sua intenção era fazer com que ela se apaixonasse por ele, e, consequentemente, ele se vingaria de Wulfric.
Então, Gervase começa a fazer um jogo de sedução com Morgan, que apesar de um pouco inocente, é independente e teimosa. Por isso, as coisas não foram tão fáceis como ele pensou que seriam. Mas a guerra estava rondando o local onde os dois estavam, o que acabou fazendo com que se aproximassem ainda mais. E ela começou a vê-lo como amigo e, depois, como algo a mais. Porém, não posso dizer que este romance tenha me feito suspirar ou ficar torcendo para que eles ficassem juntos o quanto antes (ou pelo menos não no começo), inclusive porque achei tudo muito morno e, por diversas vezes, sem graça. O casal demorou a engatar alguma coisa mais significativa, mas até que acabei gostando quando de fato tudo se resolveu. E quando a verdadeira história da relação entre Gervase e Wulfric veio à tona, Morgan e ele já estavam envolvidos, então apesar de abalar um pouco as estruturas, nada de muito importante aconteceu.   
No começo não gostei nada de Gervase, já que ele quis usar uma menina de apenas dezoito anos como principal meio de uma vingança velha, sendo que ela não tinha nada a ver com a história, além de ser uma boa pessoa e não ter culpa de ser irmã do homem com quem ele tinha um problema. Mas, como não podemos julgar uma pessoa apenas por uma decisão que ela tomou na vida, com o decorrer das páginas, podemos ver que ele é homem de caráter, que ajuda o próximo, além de ser fofo, então acabei adorando o personagem no final.
Guerras são sempre insuportavelmente tristes, e ler sobre elas é sempre um pouco difícil. Só que também é bastante interessante, porque fizeram parte da verdadeira história mundial. Então ver que Mary Balogh introduziu bem este assunto num romance de época, foi muito bacana, visto que não li vários que retratassem guerras ou guerrilhas, mesmo que elas fossem mais frequentes naquela época. Por isso, acho que o pano de fundo deste volume foi muito importante, e a autora soube usá-lo para enriquecer sua trama.
Mas o que chamou a minha atenção foi que Morgan, uma moça tão jovem e que vivia longe de coisas semelhantes, ajudou aos próximos sem arrogância ou superioridade devido a sua posição social, arregaçando as mangas e “colocando a mão na massa”, fazendo, inclusive trabalhos como se fosse enfermeira, cuidando de pessoas em diferentes graus de ferimento, ou conversando com outras para ajudar a manter a calma e a sanidade.
Outro ponto interessante é que nesta obra a homossexualidade foi abordada, mesmo que discretamente. Acredito que tenha sido a primeira vez que isso aconteceu em algum dos romances de época que já li. E, mais importante, é que essa personagem não passou por negatividades ou algo muito ruim por conta de sua sexualidade, e eu achei isso realmente muito bom.
Para finalizar, recomendo este livro para quem gosta de uma história que envolva guerra, amor, paixão e traição, com um toque de sensualidade e vingança, vivenciado no século XIX. Mary Balogh é uma ótima escritora e eu adoro todas as suas obras.
Avaliação



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