O Mirante - Harry Bosch #13 - Michael Connelly

Harry Bosch, um experiente detetive que recentemente passou a trabalhar na Delegacia Especial de Homicídios em Los Angeles, não estava tendo nenhum caso para resolver. Até que surge um cadáver no Mirante Mulholland Drive, e ele deverá ir em busca dos culpados por esse assassinato. Com sua perspicácia e inteligência, começa a juntar tudo o que vê com bastante determinação. Só que a investigação primeiro fica girando em torno de uma ameaça nacional, que tem relação com o caso. E então Harry tem que trabalhar em parceria com o FBI, que lhe dará suporte neste crime, porém estando mais focado no roubo de grande quantidade de Césio 137.
Não sei o que aconteceu anteriormente para Harry ser transferido para essa unidade, pois não li o livro anterior desta série, “Echo Park” (foi resenhado por outra pessoa aqui no blog. Se quiser conferir a resenha, basta clicar no título), e muitas vezes me faz ficar com uma pulga atrás da orelha, me perguntando o que houve com ele. Sendo bom naquilo que faz e se dedicando, é incompreensível, só que, mesmo assim, sendo esse seu primeiro caso neste novo departamento, ele consegue resolver com maestria. No desenrolar da trama, vão sendo deixadas pegadas que só um detetive como Bosch consegue desvendar, e nós, como leitores aguçamos nossa curiosidade a cada passo.
Sob meu ponto de vista, ele é perfeito nesta profissão, sensato e muito inteligente, vai encaixando os fatos e por fim consegue resolver o que antes ninguém conseguiu. Porém, ele acaba tendo dificuldades de se relacionar com a equipe de investigação designada pelo FBI e também pelo Departamento de Segurança Interna, que acreditam que um simples detetive local não tem condições de se intrometer num caso tão grande.
Isso porque a vítima era um físico, que tinha acesso a material radioativo que ajudava na cura de diversas doenças, mas também era muito perigoso em larga escala e no caso foi roubado do laboratório. Até então, se sabia que o físico havia pego e não se sabia para quem entregou. E, nas mãos erradas, poderia causar uma grande catástrofe.
A história foi muito bem desenvolvida, as pistas iam surgindo aos pouquinhos, mas de uma forma não muito reveladora. Então a gente tinha que prestar atenção para não perder nenhuma informação. Até porque esta foi uma investigação em ritmo acelerado, que se passa em cerca de 12 horas. O caso foi bem construído e gostei do rumo da investigação e do desfecho da mesma.
Como já mencionei em resenhas anteriores de obras autor, as ruas e trajetórias por onde o detetive Bosch passa são bem descritas o tempo todo, fazendo com que a gente consiga se localizar facilmente na cidade, principalmente para aqueles que já visitaram o local. E, mesmo para os que não estiveram lá, como eu, a gente consegue ter uma noção do espaço, já que ele tem uma habilidade de escrita bem visual.
Vemos, porém, que a narrativa foi um pouco lenta, apesar de as coisas acontecerem de maneira rápida, e no final ganhou maior agilidade quando estava próximo da resolução do caso. Os personagens tiveram suas importâncias reveladas, porém não tiveram tanto aprofundamento, já que a obra é curta, a mais curta do autor que eu já li até agora – tem menos de duzentas páginas (geralmente tem mais de trezentas).
Isso aconteceu porque originalmente essa história havia sido desenvolvida para ser publicada de forma serial na Sunday Magazine do The New York Times, ou seja, um capítulo por vez ia sendo revelado em cada semana. Então, o autor teve que se preocupar em construir algo interessante e ágil, com ganchos no final de cada parte para manter os leitores ávidos pela leitura no domingo seguinte. A versão finalizada que foi publicada pela Suma de Letras traz cenas inéditas, que ele reescreveu ou adicionou à trama original.
Gostei muito de ler “O Mirante”, como já esperava, e espero ler cada vez mais e mais obras que Michael Connelly escreve, pois admiro muito sua habilidade de escrita e o desenvolvimento de seus personagens e enredos. Ele trabalhou por mais de dez anos como repórter policial e depois conseguiu criar personagens e tramas tão bem feitos que parecem verídicos (alguns podem até ser).
“O importante é continuar lutando, disse Bosch para si mesmo. Lutar até o fim. Lutar contra a escuridão.”
Avaliação




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