Harry Bosch,
um experiente detetive que recentemente passou a trabalhar na Delegacia
Especial de Homicídios em Los Angeles, não estava tendo nenhum caso para resolver.
Até que surge um cadáver no Mirante Mulholland Drive, e ele deverá ir em busca
dos culpados por esse assassinato. Com sua perspicácia e inteligência, começa a
juntar tudo o que vê com bastante determinação. Só que a investigação primeiro
fica girando em torno de uma ameaça nacional, que tem relação com o caso. E
então Harry tem que trabalhar em parceria com o FBI, que lhe dará suporte neste
crime, porém estando mais focado no roubo de grande quantidade de Césio
137.
Não sei o
que aconteceu anteriormente para Harry ser transferido para essa unidade, pois
não li o livro anterior desta série, “Echo Park” (foi resenhado por outra
pessoa aqui no blog. Se quiser conferir a resenha, basta clicar no título), e
muitas vezes me faz ficar com uma pulga atrás da orelha, me perguntando o que
houve com ele. Sendo bom naquilo que faz e se dedicando, é incompreensível, só
que, mesmo assim, sendo esse seu primeiro caso neste novo departamento, ele
consegue resolver com maestria. No desenrolar da trama, vão sendo deixadas
pegadas que só um detetive como Bosch consegue desvendar, e nós, como leitores
aguçamos nossa curiosidade a cada passo.
Sob meu
ponto de vista, ele é perfeito nesta profissão, sensato e muito inteligente, vai
encaixando os fatos e por fim consegue resolver o que antes ninguém conseguiu. Porém,
ele acaba tendo dificuldades de se relacionar com a equipe de investigação
designada pelo FBI e também pelo Departamento de Segurança Interna, que
acreditam que um simples detetive local não tem condições de se intrometer num
caso tão grande.
Isso porque
a vítima era um físico, que tinha acesso a material radioativo que ajudava na
cura de diversas doenças, mas também era muito perigoso em larga escala e no
caso foi roubado do laboratório. Até então, se sabia que o físico havia pego e
não se sabia para quem entregou. E, nas mãos erradas, poderia causar uma grande
catástrofe.
A história foi
muito bem desenvolvida, as pistas iam surgindo aos pouquinhos, mas de uma forma
não muito reveladora. Então a gente tinha que prestar atenção para não perder
nenhuma informação. Até porque esta foi uma investigação em ritmo acelerado,
que se passa em cerca de 12 horas. O caso foi bem construído e gostei do rumo
da investigação e do desfecho da mesma.
Como já mencionei
em resenhas anteriores de obras autor, as ruas e trajetórias por onde o
detetive Bosch passa são bem descritas o tempo todo, fazendo com que a gente
consiga se localizar facilmente na cidade, principalmente para aqueles que já
visitaram o local. E, mesmo para os que não estiveram lá, como eu, a gente
consegue ter uma noção do espaço, já que ele tem uma habilidade de escrita bem
visual.
Vemos,
porém, que a narrativa foi um pouco lenta, apesar de as coisas acontecerem de
maneira rápida, e no final ganhou maior agilidade quando estava próximo da
resolução do caso. Os personagens tiveram suas importâncias reveladas, porém
não tiveram tanto aprofundamento, já que a obra é curta, a mais curta do autor que
eu já li até agora – tem menos de duzentas páginas (geralmente tem mais de
trezentas).
Isso
aconteceu porque originalmente essa história havia sido desenvolvida para ser publicada
de forma serial na Sunday Magazine do The New York Times, ou seja, um capítulo por
vez ia sendo revelado em cada semana. Então, o autor teve que se preocupar em
construir algo interessante e ágil, com ganchos no final de cada parte para
manter os leitores ávidos pela leitura no domingo seguinte. A versão finalizada
que foi publicada pela Suma de Letras traz cenas inéditas, que ele reescreveu
ou adicionou à trama original.
Gostei muito
de ler “O Mirante”, como já esperava, e espero ler cada vez mais e mais obras
que Michael Connelly escreve, pois admiro muito sua habilidade de escrita e o
desenvolvimento de seus personagens e enredos. Ele trabalhou por mais de dez anos
como repórter policial e depois conseguiu criar personagens e tramas tão bem
feitos que parecem verídicos (alguns podem até ser).
“O
importante é continuar lutando, disse Bosch para si mesmo. Lutar até o fim.
Lutar contra a escuridão.”
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